Relator quer incluir motoristas de app e rever estado de emergência em PEC

Se houver mudança, texto tem de voltar ao Senado; na sexta, líder do governo na Câmara disse que intenção era votar sem alterações

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Brasília

O relator da PEC (proposta de emenda à Constituição) que autoriza bilhões para caminhoneiros, taxistas e Auxílio Brasil em ano eleitoral estuda incluir motoristas de aplicativos e rever o estado de emergência em seu parecer sobre o texto.

A expectativa é que o relatório do deputado Danilo Forte (União-CE) seja votado na quarta-feira (6) na comissão especial da Câmara dos Deputados. Se aprovada, a PEC será levada ao plenário, onde precisa do apoio de no mínimo 308 parlamentares em votação em dois turnos.

As alterações estudadas por Forte podem atrasar a promulgação do texto, atrapalhando os planos da Câmara de acelerar a tramitação. Na sexta-feira (1º), o texto foi apensado à PEC de biocombustíveis, que já tinha tido a admissibilidade aprovada pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), justamente para agilizar o processo.

Presidente Jair Bolsonaro
Presidente Jair Bolsonaro em motociata em Salvador: PEC libera benefícios bilionários em ano eleitoral - Arisson Marinho/AFP

Segundo o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), o objetivo era que os dois textos fossem votados sem mudanças em relação ao que foi aprovado no Senado, o que evitaria que retornassem à Casa vizinha.

Nesta segunda (4), Danilo Forte enviou um comunicado no qual indicou que levaria ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e a líderes partidários sugestões referentes à PEC. Citou especificamente a "possibilidade de estendermos o auxílio a motoristas de aplicativo, bem como a necessidade de mantermos, ou não, a instalação do estado de emergência no país no texto".

"Em relação ao estado de emergência, defendo que a própria lei do teto de gastos já autorize o aumento de despesas em casos de crise financeira ou calamidade —exatamente o que temos vivenciado no Brasil desde a pandemia e com a Guerra da Ucrânia", escreveu.

No comunicado, Danilo Forte ressalta que mudanças dependem de um consenso e, posteriormente, seriam submetidas à comissão especial.

Segundo técnicos legislativos, a inclusão de motoristas de aplicativos alteraria o mérito da proposta, o que obrigaria o texto a voltar ao Senado. Da mesma maneira, como a PEC se ancora no conceito do estado de emergência, a retirada da expressão seria uma mudança de mérito.

No entanto, para promulgar a PEC com a celeridade que a Câmara deseja, o relator teria que deixar o texto inalterado em relação ao que veio do Senado ou com emendas de redação que não modificassem o mérito.

Nesta segunda, o presidente da CNM (Confederação Nacional dos Municípios), Paulo Ziulkoski, criticou a proposta. "Tem que ter o dinheiro para pagar. Até quando que vai valer isso? Dezembro? Como fica de janeiro em diante, quem paga essa conta, onde vai bater esse cidadão?"

​A proposta, aprovada pelo Senado na quinta-feira, institui um estado de emergência para permitir que o presidente Jair Bolsonaro (PL) fure o teto de gastos e abra os cofres públicos a três meses das eleições.

A PEC dá aval ao governo para turbinar programas sociais até o fim do ano sem esbarrar em restrições da lei eleitoral, que existem para evitar o uso da máquina pública em favor de algum candidato. Bolsonaro ocupa o segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A PEC traz medidas que terão um custo total de R$ 41,25 bilhões —valor maior que os R$ 38,75 bilhões acertados originalmente, em mais um movimento de aumento da fatura. Quando as medidas para atacar a alta de combustíveis começaram a ser discutidas, o gasto extra era projetado em R$ 29,6 bilhões.

O texto prevê a ampliação temporária do Auxílio Brasil em R$ 200, levando o benefício mínimo a R$ 600 até o fim do ano. O texto também autoriza o governo a zerar a fila do Auxílio Brasil, criar um auxílio para caminhoneiros autônomos e dobrar o valor do Auxílio Gás.

Os senadores também incluíram um benefício de R$ 2 bilhões a taxistas e ampliar em R$ 500 milhões os recursos para o programa Alimenta Brasil, que financia a aquisição de alimentos para doação a famílias de baixa renda.

A proposta foi aprovada em primeiro turno por 72 votos a favor, inclusive da oposição, e apenas 1 contrário, do senador José Serra (PSDB-SP). No segundo turno, foram 67 votos a 1. Eram necessários 49 votos favoráveis nas duas rodadas de apreciação.

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