Preço é impeditivo para maioria dos brasileiros apoiar marca pequena

32% estão dispostos a pagar mais por produto local, segundo estudo da NielsenIQ

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São Paulo

Levantamento da consultoria NielsenIQ mostra que o brasileiro está menos propenso a dar suporte a produtos locais ou de pequenas empresas se eles forem mais caros.

No Brasil, 46% dos consumidores preferem comprar produtos feitos localmente por pequenas empresas, praticamente o mesmo percentual da média global (48%).

Apesar de a preferência alcançar quase metade dos entrevistados, há uma restrição a esse suporte, que está na questão dos preços.

Produtos orgânicos da Soma Feira Artesanal
Produtos orgânicos - Divulgação

Entre os brasileiros, 32% acreditam que marcas pequenas são mais caras, mas estão dispostos a pagar um pouco mais. Na média dos países avaliados, 47% topariam gastar mais com esses produtos.

Outra questão é a disponibilidade dessas marcas. Segundo o levantamento, 58% dos entrevistados no Brasil (57% no mundo) tentam apoiar marcas pequenas quando possível, mas afirmam que é difícil encontrá-las nas prateleiras.

"Em países da Europa, por exemplo, existe uma cultura por marca própria, regional, muito mais consolidada do que no Brasil. Estamos um pouco atrás, sim, mas não estamos tão distantes e vamos na mesma direção, de dar espaço para esses produtos", afirma Domenico Filho, diretor da NielsenIQ.

Segundo o executivo, o cenário atual de consumo é favorável a marcas locais, independentes, que não pertencem a grandes fabricantes. Seja pela equação custo/benefício, quando os pequenos produtores conseguem ter preços mais competitivos, seja pela maior confiança nos processos de produção e naquilo que é entregue ao consumidor.

"Há uma valorização de marcas locais não apenas para ajudar o pequeno produtor, mas por questão de segurança, uma percepção de que esse produto chega às mãos por um processo mais confiável."

De acordo com o estudo, 41% dos brasileiros acreditam que as marcas pequenas são mais autênticas e confiáveis ​​do que as grandes. O percentual chega a 51% na média global.

Domenico Filho afirma que a pandemia e a volta da inflação em níveis elevados impulsionam uma tendência que já era vista anteriormente. Ele destaca ainda que muitas dessas marcas menores têm aproveitado nichos de mercado, como no caso de produtos veganos.

"Esse movimento já existia e foi intensificado por um sentimento de segurança das pessoas, por uma maior confiança nos processos dessas marcas e pela inflação. O aumento nos preços leva o consumidor a querer experimentar mais produtos, buscar a diversificação. Quando ele se torna menos leal, começa a visualizar essas marcas menores."

Apesar de o aumento da inflação ser um fenômeno global, a forte alta de preços verificada após o início da pandemia chegou primeiro ao Brasil, que possui uma das taxas mais elevadas atualmente.

Consumidores também sofrem com a queda na renda, apesar da melhora nos dados sobre o mercado de trabalho.

Pesquisa Datafolha mostrou que quase 7 em cada 10 brasileiros estão em busca de produtos de marcas mais baratas, muitas vezes adquirindo alimentos de menor qualidade, perto do vencimento ou fora dos padrões tradicionais, para economizar nas compras.

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