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Ficamos reféns do populismo, diz Stuhlberger

Austeridade e teto de gastos 'viraram inimigo público número 1', afirma gestor da Verde Asset

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São Paulo

Um dos principais gestores de fundos do mercado brasileiro, Luis Stuhlberger, CEO da Verde Asset, vê tanto notícias boas quanto ruins em relação à evolução do quadro macroeconômico do país durante os últimos meses.

Do lado positivo, estão o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano acima do que os economistas projetavam inicialmente, os crescentes investimentos de longo prazo promovidos pela iniciativa privada e a queda do desemprego.

Já do lado negativo, o que o gestor avalia como populismo da classe política é um dos principais pontos de preocupação.

"O que é mais preocupante do lado ruim é a gente ter ficado refém do populismo", afirmou Stuhlberger, durante participação em evento da Anbima e da B3 nesta terça-feira (20) em São Paulo.

Luis Stuhlberger, CEO da gestora Verde Asset
Luis Stuhlberger, CEO da gestora Verde Asset - Anna Carolina Negri - 3.fev.2016/Agência O Globo

Segundo o gestor, a austeridade fiscal e o teto de gastos "praticamente viraram o inimigo público número 1 do Brasil", em um cenário no qual o presidente Jair Bolsonaro (PL), bem como o Congresso de uma forma mais ampla, aprovaram medidas assistenciais às vésperas do pleito eleitoral.

"Todo mundo no sistema, Executivo, Legislativo, Judiciário, entende que o teto é uma coisa muito ruim. Isso é uma pena", afirmou Stuhlberger.

Ele acrescentou que, na medida em que o governo Bolsonaro aumentou o nível de gastos desde meados do ano passado, tendo obtido como resultado uma melhora do crescimento econômico e uma redução do desemprego, a política de caráter populista ganha respaldo junto à população de um modo geral.

"A gente vai entrar, especialmente no caso do ex-presidente Lula ganhar a eleição, numa sintonia de que gastar mais é melhor para o Brasil", disse o gestor da Verde.

Sinalizações de Lula para educação é repetição de erros que já foram cometidos, diz gestor

Stuhlberger criticou ainda sinalizações recentes do candidato petista de que, em um eventual terceiro mandato, irá priorizar o financiamento estudantil por meio de programas nos moldes dos adotados em gestões anteriores, como o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil).

"A necessidade desesperadora do Brasil é melhorar a qualidade do ensino do chamado K12" [expressão americana que se refere ao ensino primário e secundário nos Estados Unidos]. "Ou seja, a gente já vê que, de cara, se pretende cometer erros que já foram cometidos."

Ele afirmou ainda que o país tem um "rombo contratado para 2023 de 1,5% a 2% do PIB, no primário. Não é pouca coisa." O aumento de impostos é uma possibilidade que deve ser discutida a partir do próximo ano para resolver a situação, assinalou o especialista.

Stuhlberger afirmou também que o Brasil caminha para um gasto com as despesas em 2023 ao redor de 37% do PIB (Produto Interno Bruto), isso sem considerar a hipótese de aumentos do salário mínimo e do funcionalismo público, e com a manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600. Já a arrecadação fiscal prevista está em torno de 36% do PIB.

"A gente está num cenário perigoso, embora eu ache que esse perigo não se materializa nos próximos 12 meses."

O CEO da Verde Asset disse ainda que a reação da Bolsa a uma eventual confirmação da vitória do petista deve ser positiva, "porque não acredito nele sendo radical, nem nada disso. Os programas [a serem adotados pelo governo do PT] virão com o passar do tempo."

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