Descrição de chapéu copom juros Selic

Bolsa cai 1,62% e dólar avança a R$ 5,38 sob pressão eleitoral

Caso Roberto Jefferson ainda gera cautela; big techs e inflação pioram clima

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São Paulo

O mercado de ações do Brasil caiu pela terceira vez seguida nesta quarta-feira (26). No câmbio doméstico, o dólar ganhou força contra o real, apesar da desvalorização da moeda americana no exterior.

Analistas apontam a polarizada disputa entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Lula (PT), que decidem o segundo turno das eleições neste domingo (30), como a principal causa da queda de quase 6% da Bolsa de Valores no acumulado desta semana.

O Ibovespa perdeu 1,62% nesta sessão e recuou aos 112.763 pontos. O dólar comercial à vista subiu 1,10%, cotado a R$ 5,3820.

Notas de dólar dos EUA
Notas de dólar dos EUA - Marcello Casal Jr. - 2.mai.2019/ABr

No cenário doméstico, os ataques do ex-deputado Roberto Jefferson contra policiais federais e o impacto que o evento pode trazer para Bolsonaro ainda geram cautela entre os agentes do mercado.

Há, no entanto, outras preocupações no radar. Entre as quais estão sinais de um rebote da inflação às vésperas da decisão do Copom (comitê de política monetária) do Banco Central do Brasil, que divulgou nesta tarde a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 13,75%.

Após recuar por dois meses, o IPCA-15 (prévia da inflação oficial) voltou a subir em outubro, informou nesta terça-feira (25) o IBGE. A alta foi de 0,16%.

"O número [da inflação] é baixo, mas veio bem acima das expectativas do mercado, que esperava 0,05%", disse Paulo Henrique Duarte, economista da Valor Investimentos.

A preocupação do mercado durante o dia não estava concentrada nos efeitos da aceleração da inflação sobre a decisão deste mês do Banco Central, mas sobre o impacto que ela pode ter no futuro, segundo Felipe Steiman, da B&T Câmbio.

Vinicius Romano, analista de renda fixa da Suno, chamou a atenção para a ponderação feita pelo Banco Central no comunicado divulgado nesta tarde. "O Comitê ressaltou que se manterá vigilante e não hesitará em retomar novas altas na Selic, caso não evolua no processo de desinflação da economia", disse.

Nos Estados Unidos, o índice S&P 500, parâmetro da Bolsa de Nova York, cedeu 0,74%. O indicador Nasdaq tombou 2,04%.

Esse índice concentra empresas de tecnologia com maior potencial de crescimento e, nesta quarta, foi prejudicado pelo pessimismo gerado por resultados negativos de grandes companhias desse segmento, as chamadas "big techs".

Relatórios pessimistas intensificaram preocupações com uma desaceleração econômica global. As vendas de casas recém-construídas nos Estados Unidos despencaram em setembro, enquanto as taxas de hipoteca atingiram seu nível mais alto em mais de duas décadas, reportou a Reuters.

Após o fechamento do mercado, a Meta, controladora do Facebook, reportou nesta quarta que sua receita no terceiro trimestre caiu para 4% em 12 meses, para US$ 27,7 bilhões, enquanto os custos e despesas da empresa aumentaram 19%, para US$ 22,1 bilhões.

"Os resultados operacionais decepcionaram o mercado e a ação apresentou queda de 12% no pós-mercado", comentou Guilherme Zanin, analista da Avenue.

Na terça, a Alphabet, controladora do Google, divulgou uma receita trimestral abaixo das estimativas de Wall Street, uma vez que os anunciantes cortaram gastos diante da desaceleração econômica.

Também na terça, mantendo a toada negativa do dia anterior, a Bolsa do Brasil voltou a descolar do movimento de alta no mercado internacional e fechou em queda, enquanto o dólar subiu a R$ 5,32.

"A terça-feira foi mais um dia de perdas para o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira. Enquanto as eleições se aproximam, trazendo incerteza aos mercados, os investidores seguem de olho nos indicadores econômicos", disse Antonio Sanches, analista de investimentos da Rico.

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