EUA e Europa deveriam se olhar no espelho e corrigir rota econômica, diz Guedes

Ministro da Economia se encontrou com banqueiros e economistas em Washington

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Washington

Os Estados Unidos e a Europa "deveriam se olhar no espelho" e alterar as políticas fiscais e monetárias, defendeu nesta quarta-feira (12) o ministro da Economia, Paulo Guedes, em Washington.

Guedes foi à capital americana participar das reuniões anuais do Banco Mundial e do FMI (Fundo Monetário Internacional). Ele tem defendido que os bancos centrais apertem o cerco contra a inflação, e afirmou no tradicional comunicado ao órgão que o FMI negligenciou a inflação global e deu orientações equivocadas.

Nesta quarta, em conversa com jornalistas, cobrou uma resposta mais forte das economias mais avançadas. "O Brasil está na estrada da prosperidade, está indo bem, saindo dessa bagunça. Com relação aos Estados Unidos e Europa, este é o terceiro ou quarto encontro que temos que alertar que estão muito atrás na curva, estão dormindo no volante", afirmou. O ministro ainda brincou que "é impressionante, porque geralmente os encontros do FMI são usados para alertar os governos das economias emergentes para fazerem a coisa certa."

O ministro da Economia, Paulo Guedes, em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto - Adriano Machado - 06.jun.22/Reuters

"Eu acho que eles deveriam se olhar no espelho, porque não estão fazendo um bom trabalho. Estão muito atrás da curva nas políticas fiscais, estão muito atrás da curva nas políticas monetárias. A inflação está descontrolada aqui", disse o ministro, antes de defender também uma ação mais incisiva dos órgãos internacionais pelo fim da Guerra da Ucrânia para apaziguar a inflação dos alimentos e da energia.

O FMI se reúne nesta tarde para discutir as repercussões econômicas da guerra, mas Guedes não sabia da reunião. O Brasil tem evitado condenar a Rússia pela invasão da Ucrânia em órgãos como a ONU (Organização das Nações Unidas).

Relatório divulgado pelo FMI nesta quarta, o "Monitor Fiscal", apontou que o Brasil poderia ter gasto metade do que gastou no auxílio emergencial nos primeiros anos da pandemia. Guedes questionou o relatório. "O FMI tem que falar menos besteira e trabalhar um pouco mais para alertar os americanos, os europeus. Enquanto eles estão puxando a nossa orelha, o Brasil está crescendo mais, a inflação está mais baixa".

Ele voltou a contemporizar, como fez na terça, e disse não acreditar "que o FMI está com má vontade com o Brasil", mas reafirmou que há erros nos modelos da entidade. Guedes defendeu ainda avanços do governo Jair Bolsonaro (PL) e exaltou o Auxílio Brasil. "Se o FMI está achando que a gente gastou muito com programas sociais, não entendeu nada. Porque nós vamos continuar gastando", afirmou.

Ainda nesta quarta, em agenda paralela aos eventos do FMI e Banco Mundial, Guedes participou de conferência da JPMorgan com banqueiros e economistas, onde defendeu as políticas econômicas do atual governo.

Fechado à imprensa, o encontro foi moderado pela economista-chefe do JPMorgan para o Brasil, Cassiana Fernandez. O ministro defendeu a redução da dívida pública a uma meta de 60%, privatizações e o teto de gastos. Na terça, ele já havia se encontrado com empresários na Câmara de Comércio dos Estados Unidos. Na lista, havia executivos do FedEx, PepsiCo, Pfizer, WestRock, Cargill e ExxonMobil, entre outros.

Também na cidade está o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Nesta quarta, ele se reuniu com presidentes de bancos centrais latino-americanos. Ao longo do dia, vai se encontrar também com Thomas Jordan, presidente do Banco Nacional Suíço, e com Jean Lemierre, do BNP Paribas, um dos maiores bancos da Europa. Além disso, se reunirá também com o ex-presidente do BC e hoje diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI, Ilan Goldfajn.

O diretor-executivo do Fundo, Afonso Bevilaqua, também participa do encontro. Campos Neto tem evitado falar com a imprensa em sua passagem pela capital americana.

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