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Petróleo em alta limita atuação da Petrobras em campanha e joga pressão sobre diretoria

Segundo fontes, governo pressiona por demissão de diretor financeiro; estatal diz que não comenta

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Rio de Janeiro

A alta do petróleo nos últimos dias limita a atuação da Petrobras na campanha pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), que, nas últimas semanas, vinha comemorando seguidas reduções de preço por parte da estatal, divulgadas como conquistas do governo.

A campanha do segundo turno começa com defasagem entre os preços internos e a paridade de importação —uma baliza em relação aos preços internacionais—, o que torna mais difícil justificar a manutenção da estratégia de cortes a conta-gotas nos preços da gasolina e do diesel.

Fontes da Petrobras dizem que há forte pressão do governo para, ao menos, não aumentar os preços. Para reduzir resistências, o presidente da companhia, Caio Paes de Andrade, estaria negociando a substituição do diretor financeiro da empresa, Rodrigo Araújo.

A troca por um executivo mais alinhado ao governo garante maioria no grupo que define reajustes, formado pelo presidente da estatal e pelos diretores financeiro e de logística e comercialização, Cláudio Mastella.

Outra mudança desejada por Paes de Andrade é na diretoria de governança, hoje ocupada por Salvador Dahan, que tem poder de veto sobre decisões prejudiciais à companhia. O conselho de administração, que fiscaliza o cumprimento da política de preços, já tem maioria alinhada ao governo.

Procurada, a Petrobras disse que não vai comentar o assunto.

Segundo pesquisa Ipec divulgada nesta quarta (5), Bolsonaro tem 43% das intenções de voto no segundo turno, atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 51%. O instituto ouviu 2.000 pessoas entre segunda e quarta.

O último corte no preço da gasolina nas refinarias da Petrobras ocorreu no dia 1º de setembro. O preço de venda do diesel foi cortado pela última vez em 19 de setembro. Sem mudanças nas refinarias, a queda dos preços nas bombas vem desacelerando nas últimas semanas.

A avaliação interna da empresa é que não há espaço para redução nos preços nos dois combustíveis atualmente, já que o petróleo vem subindo em resposta ao corte da produção da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).

Nesta quarta-feira (5), no fim da tarde, a cotação do Brent, negociado em Londres, estava acima de US$ 93,63 por barril. É o maior patamar desde meados de setembro.

Segundo a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), na abertura do mercado desta quarta, o preço da gasolina nas refinarias brasileiras estava R$ 0,28 por litro abaixo da paridade de importação. Já o diesel estava R$ 0,17 por litro abaixo do valor necessário para importar o produto.

Os valores não consideram a alta do pregão desta quarta, o que pode ampliar a diferença. Desde o fim de setembro, o preço interno está mais baixo do que o externo, mas em valores que não justificariam ainda novos aumentos, segundo especialistas.

Fontes da estatal dizem que há algum espaço para corte no preço do gás de botijão, mas outros produtos que vinham sendo usados pela Petrobras para gerar notícias positivas, como querosene de aviação e asfalto, só são reajustados uma vez por mês, ou seja, só gerarão notícias perto da votação do segundo turno.

A queda dos preços dos combustíveis vem sendo usada como um dos trunfos da campanha à reeleição de Bolsonaro, que teve a imagem desgastada pela escalada inflacionária do primeiro semestre. Na campanha do primeiro turno, o presidente e aliados visitaram postos no Brasil e no exterior.

Paes de Andrade foi nomeado na Petrobras no fim de junho, com o objetivo de dar "nova dinâmica" aos preços dos combustíveis, segundo o presidente da República, e teve o trabalho facilitado nos primeiros meses pela queda das cotações internacionais.


O que pensam os candidatos sobre o preço dos combustíveis

Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

  • O programa de Lula fala em uma transição para nova política de preços dos combustíveis, que considere os custos nacionais e seja adequada à ampliação dos investimentos em refino, mas sem maiores detalhes de como seria feito
  • "Os ganhos do pré-sal não podem se esvair por uma política de preços internacionalizada e dolarizada: é preciso abrasileirar o preço dos combustíveis e ampliar a produção nacional de derivados, com expansão do parque de refino", afirma
  • Em seus primeiros governos, os preços internos acompanharam mais de longe a evolução das cotações internacionais, com reajustes mais espaçados e algum represamento quando o petróleo bateu recordes históricos em 2008

Jair Bolsonaro (PL)

  • O programa de Bolsonaro não entra em detalhes sobre preços dos combustíveis, mas diz que é um governo que prega a liberdade econômica e, portanto, contra qualquer tabelamento de preços
  • O texto entregue ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) diz que uma das maneiras de baixar preços é a simplificação tributária, que já "está proporcionando ao cidadão brasileiro benefícios como a redução das contas de energia elétrica e de telefonia celular, do preço da gasolina e do acesso a bens de consumo, como uma geladeira"
  • Diz ainda que o aperfeiçoamento de marcos regulatórios e o crescimento gerarão concorrência e competitividade, reduzindo os preços de produtos e serviços.
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