Descrição de chapéu inflação juros

Preço da cebola vai de menos de R$ 3 a mais de R$ 7 em um ano

Inflação disparou com redução da área plantada e da oferta, dizem analistas

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Rio de Janeiro

Em um cenário de oferta reduzida, a cebola ficou mais cara para o consumidor brasileiro. Em 12 meses até outubro, os preços do produto acumularam alta de 135,87%, segundo o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15).

É o maior avanço entre os 367 subitens (produtos e serviços) que compõem o indicador de inflação, apontam dados divulgados nesta terça-feira (25) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Depois da cebola, limão (75,28%), melão (48,90%) e banana d’água (44,54%) foram os subitens que mais subiram no acumulado de 12 meses até outubro, segundo o IPCA-15.

Outra pesquisa, a da cesta básica do Procon-SP, também dá uma dimensão do aumento. Na cidade de São Paulo, o preço médio do quilo da cebola saltou de R$ 2,75 em setembro de 2021 para R$ 7,29 em igual mês de 2022, conforme o levantamento.

Isso corresponde a uma alta de 165,09% no intervalo de um ano. É a maior variação de preços dentro da cesta básica paulistana.

Cebola é vendida em feira livre de Perdizes, em São Paulo - Danilo Verpa - 14.jun.22/Folhapress

"O principal fator para a alta em 2022 é a redução da área plantada", avalia Marina Marangon, pesquisadora do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.

Uma estimativa da instituição sinaliza queda de quase 18% na área plantada de cebola nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste em 2022, frente a 2021.

"O ano de 2021 foi de preços bem baixos, e produtores tiveram prejuízos. Não conseguiram cobrir os custos da safra. Então, reduziram a área plantada", diz a pesquisadora.

"Tivemos uma oferta mais restrita neste ano. Ainda houve o impacto das questões climáticas, como fortes chuvas", acrescenta.

Segundo ela, os preços podem ter alguma trégua a partir de novembro, com a perspectiva de uma oferta maior com a safra no Sul.

Na semana passada, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) chamou atenção para a redução da área plantada no Nordeste.

"Para a cebola, os preços subiram mesmo com a pulverização da oferta do produto pelos estados brasileiros. Esse cenário se explica pela menor produção registrada no Nordeste, mais notadamente da Bahia e Pernambuco", disse na ocasião.

"No acumulado do ano, o percentual de queda da oferta nordestina, em relação a 2021, chega próximo de 40%. O aumento dos custos, tanto da produção como do transporte, e os preços não atrativos no ano passado refletiram em redução de área", acrescentou.

O IPCA-15, de maneira geral, subiu 6,85% em 12 meses. Na outra ponta, etanol (-26,38%), tomate (-21,84%) e carne de carneiro (-21,48%) tiveram as maiores quedas no indicador do IBGE.

Na variação mensal, a cebola teve alta de 5,86% somente em outubro. O produto foi um dos responsáveis pela subida de 0,21% do grupo alimentação e bebidas, que havia recuado em setembro.

A maior variação mensal em outubro no IPCA-15 veio do limão: 40,20%. A alta, indica o IBGE, está associada a fatores sazonais, já que a entressafra do limão normalmente ocorre entre agosto e novembro.

"Isso faz com que a oferta do produto seja menor. Essa foi a causa da alta", diz o instituto.

Depois do limão, os subitens que mais avançaram no IPCA-15 de outubro foram banana-maçã (32,33%), passagem aérea (28,17%) e batata-inglesa (20,11%).

Por outro lado, aqueles que registraram as maiores quedas foram melancia (-10,03%), leite longa vida (-9,91%) e etanol (-9,47%).

No acumulado de 12 meses, o grupo alimentação e bebidas avançou 11,43% até outubro, segundo o IPCA-15. Isso significa uma desaceleração frente a setembro, quando o avanço era de 12,73%.

"Embora ainda esteja em patamar elevado, a inflação de alimentos vem perdendo fôlego. Em condições normais, deve continuar desacelerando no acumulado. Mas tem um problema: condições normais são aquilo que menos temos enfrentado nos últimos três anos", afirma o pesquisador Felippe Serigati, da FGV Agro.

Nesse sentido, ele avalia que ainda há riscos para a trégua final nos preços dos alimentos. Entre eles estão o comportamento do câmbio no período pré e pós-eleições, além das incertezas associadas à Guerra da Ucrânia e ao fornecimento de insumos agrícolas.

"A inflação deve desacelerar, mas há fatores que podem prejudicar", reforça o pesquisador.

Maiores altas no IPCA-15 em outubro, em %

Limão 40,2
Banana-maçã 32,33
Passagem aérea 28,17
Batata-inglesa 20,11
Laranja lima 16,18
Banana d'água 15,51
Tangerina 10,01
Abobrinha 7,05
Laranja baía 6,54
Tomate 6,25
Cebola 5,86

Maiores altas no IPCA-15 em 12 meses até outubro, em %

Cebola 135,87
Limão 75,28
Melão 48,9
Banana d'água 44,54
Mamão 42,63
Maçã 42,51
Maracujá 42,05
Tangerina 41,75
Passagem aérea 40,58
Óleo diesel 38,61

Fonte: IBGE

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