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Anunciantes se afastam do Twitter em meio a demissões promovidas por Musk

Bilionário reconheceu que os gastos com anúncios na plataforma caíram e culpa pressão dos ativistas

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Tiffany Hsu
San Francisco

A saída de anunciantes do Twitter ganhou força nesta sexta-feira (4), em meio ao temor crescente de que desinformação e discursos de ódio pudessem se espalhar na plataforma sob a liderança de Elon Musk.

O Grupo Volkswagen juntou-se a várias outras empresas ao recomendar que suas marcas automotivas, que incluem Audi, Lamborghini, Bentley e Porsche, suspendam seus gastos no Twitter, temendo que seus anúncios possam aparecer ao lado de conteúdo problemático. A cervejaria dinamarquesa Carlsberg também disse que aconselhou suas equipes de marketing a fazer o mesmo. A varejista de utensílios e roupas para atividades ao ar livre REI disse que também vai interromper as postagens, além dos gastos com publicidade, "dado o futuro incerto da capacidade do Twitter de moderar conteúdo prejudicial e garantir a segurança das marcas dos anunciantes".

Grupos de direitos civis realizaram uma teleconferência na sexta-feira (4) pedindo que outras empresas deixem o Twitter, dizendo que as demissões em massa estariam acabando com uma equipe de moderação de conteúdo que, segundo eles, já era ineficiente.

Elon Musk, presidente da Tesla, da SpaceX e recém-comprador do Twitter - Joe Skipper/Reuters

Até mesmo Musk reconheceu a queda na publicidade, tuitando na manhã de sexta que a plataforma "teve uma queda maciça na receita", atribuindo a culpa a grupos ativistas que pressionam os anunciantes.

A primeira semana caótica da gestão de Musk no Twitter deu uma chicotada nas empresas, enquanto os anunciantes lutam para conciliar as promessas do bilionário de tornar a plataforma segura para as marcas com preocupações sobre uma onda de extremismo e narrativas falsas, incluindo uma promovida pelo próprio Musk.

Em seu tuíte sobre o faturamento instável do Twitter, Musk disse que "nada mudou na moderação de conteúdo, e fizemos tudo o que pudemos para apaziguar os ativistas" –uma alegação desmentida por grupos de direitos civis.

Um minuto antes de ele postar seu comentário, a plataforma de rastreamento de anúncios MediaRadar divulgou estatísticas mostrando que o número de anunciantes no Twitter caiu de maio –logo após o anúncio da oferta de Musk pela plataforma– a setembro, quando ele ainda lutava para sair do acordo que fez para comprar o Twitter em abril.

A MediaRadar, que rastreia campanhas publicitárias de milhões de empresas, disse que os dados de outubro, quando Musk assumiu o Twitter, só estarão disponíveis no final de novembro.

O Twitter tinha 3.900 anunciantes em maio e 2.300 em agosto. O número subiu para 2.900 em setembro, de acordo com a MediaRadar. A empresa de análise descobriu que a General Motors, que interrompeu seus anúncios no Twitter na semana passada, antes gastava em média US$ 1,7 milhão por mês (R$ 8,65 milhões) na plataforma.

Havia mais de mil novos anunciantes na plataforma todos os meses antes de julho, quando a disputa de Musk com o Twitter começou a se intensificar e o número de novos anunciantes caiu para 200.

Em setembro houve 668 novos anunciantes, segundo a MediaRadar. Fatores como condições econômicas provavelmente tiveram importância nesse êxodo, assim como a incerteza sobre as políticas de propriedade e moderação de conteúdo do Twitter, disse Todd Krizelman, CEO da MediaRadar, em comunicado.

"Claramente, esta aquisição está desafiando a confiança dos anunciantes", disse Krizelman. Ele acrescentou que os planos de Musk de buscar fontes de receita além dos anúncios podem mitigar qualquer dano causado pela saída das companhias.

Após o tuíte de Musk, uma coalizão de direitos civis e grupos ativistas convocou uma entrevista coletiva para pressionar por um boicote global de publicidade ao Twitter.

"Estamos testemunhando a destruição em tempo real de uma das plataformas de comunicação mais poderosas do mundo", disse Nicole Gill, diretora-executiva do grupo beneficente Accountable Tech, na teleconferência. "A menos que Musk consiga reforçar os padrões de comunidade existentes no Twitter, a plataforma não é segura para usuários ou anunciantes."

Angelo Carusone, CEO da organização sem fins lucrativos Media Matters for America, disse na teleconferência que trabalhou em várias iniciativas para usar boicotes de anunciantes para pressionar as empresas de rede social a limpar suas plataformas. Normalmente, disse ele, alguns dos anunciantes que ele procura recusam seus pedidos, dizendo que alcançar clientes potenciais é uma prioridade mais alta do que defender uma posição diante do Vale do Silício.

Mas depois que a coalizão ativista procurou esta semana os 20 principais anunciantes do Twitter, incluindo Anheuser-Busch, Disney e Procter & Gamble, Carusone disse que todas as empresas com as quais ele se comunicou disseram estar considerando ou já estão implementando uma pausa nos gastos.

As empresas não responderam imediatamente a pedidos de comentários na sexta-feira.

"Eu nunca vivi isso antes", disse Carusone. "E acho que é a coisa mais reveladora e demonstra um consenso real sobre a situação atual da crise do Twitter."

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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