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Energia solar deve superar carvão em até cinco anos, diz IEA

Fontes renováveis serão a maior forma de geração elétrica até 2025, segundo previsão

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Camila Hodgson
Londres | Financial Times

A energia solar está passando por um grande momento à medida que a crise energética promove uma mudança para energia renovável com a Guerra da Ucrânia. Segundo previsão da AIE (Agência Internacional de Energia), a fonte deve superar a produção energética com carvão até 2027.

A energia renovável em geral se tornará a maior fonte de geração global de eletricidade no início de 2025, disse a AIE, e o mundo adicionará duas vezes mais capacidade renovável de 2022 a 2027 do que nos cinco anos anteriores.

Os países não apenas estão impulsionando a "expansão de novas energias renováveis" para atingir as metas climáticas, como a segurança energética e a necessidade de "diversificar" as cadeias de suprimentos renováveis da China se tornaram cada vez mais importantes, disse o diretor executivo da IEA, Fatih Birol, em entrevista.

Operários instalam painéis solares fotovoltaicos no telhado de um motel em Boa Vista (RR) - Lalo de Almeida 28.jul.22/Folhapress

"Há uma forte competição entre as maiores economias do mundo para ter uma posição de liderança no próximo capítulo da indústria do setor", disse ele, seja em energia solar, eólica, baterias ou veículos elétricos.

A pressa para substituir o petróleo e o gás que não vêm mais da Rússia e para construir setores domésticos de energia renovável levou a uma pressão por incentivos e subsídios à indústria.

Os Estados Unidos estão avançando com seu pacote climático histórico, a Lei de Redução da Inflação, de US$ 369 bilhões, que inclui incentivos para a fabricação de energia solar por meio de US$ 10 bilhões alocados para créditos fiscais para energia limpa em geral e US$ 27 bilhões reservados em um "banco verde" para apoiar projetos de energia limpa nas comunidades.

Entre 2022 e 2027, a capacidade global de energia renovável aumentará em 2.400 gigawatts, quantidade equivalente à capacidade energética atual da China, estimou a AIE em seu último relatório anual sobre energia renovável. Isso é 30% a mais do que a previsão da agência há um ano.

Espera-se que os EUA e a Índia liderem a diversificação da cadeia de suprimentos de fabricação solar, disse a AIE, reduzindo o domínio da China. O investimento solar dos dois países deve chegar a quase US$ 25 bilhões entre 2022 e 2027, um aumento de sete vezes em relação aos últimos cinco anos.

A China, no entanto, continuará sendo um "jogador dominante", disse a AIE, com sua participação de mercado estimada em cerca de 75% em 2027, em comparação com os 90% atuais.

A AIE alertou em junho que o domínio da China na cadeia de fornecimento de painéis solares poderia retardar a mudança global para energia mais limpa. O país será responsável por quase metade da energia renovável recém-adicionada até 2027, auxiliado por políticas incluídas no último plano quinquenal da China, disse a agência esta semana.

Espera-se que o êxito da energia solar se acelere nos próximos dois anos. A Iberdrola, empresa líder europeia em energia renovável, planeja "mais que dobrar nossa capacidade solar global, para 10,6 gigawatts, até o final de 2025", disse Xabier Viteri Solaun, diretor da empresa de energia sustentável.

Projetos solares podem ser desenvolvidos e construídos mais rapidamente do que outras fontes renováveis, acrescentou ele, e a empresa está "vendo um aumento na capacidade solar sendo adicionada a parques eólicos novos e existentes".

Um crescimento ainda mais rápido pode ocorrer se os países europeus facilitarem a obtenção de licenças para novos projetos, melhorarem os incentivos para instalações solares em telhados e oferecerem melhores condições em leilões de energia renovável, observou a AIE.

Apesar das tendências gerais encorajadoras, a indústria eólica europeia está enfrentando um "grande desafio", disse Birol. A combinação da concorrência chinesa e americana e os custos crescentes de matérias-primas e suprimentos estão criando estresse financeiro.

Birol também repetiu alertas sobre a substituição de combustíveis fósseis da Rússia por novos projetos de petróleo e gás. A oferta deve vir dos campos existentes, disse ele, enquanto devem ser tomadas medidas para reduzir a demanda.

"A invasão da Ucrânia pela Rússia não deve ser uma justificativa para investimentos em combustíveis fósseis em larga escala", disse ele, pois isso não apenas colocaria "os objetivos climáticos em risco", como acabariam como ativos ociosos.

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