Descrição de chapéu Financial Times

Mina brasileira iniciará produção de lítio em 2023 visando maior demanda

Sigma Lithium pretende ter produto apropriado para envio até abril próximo, triplicando meta de produção

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Michael Pooler
São Paulo | Financial Times

Uma empresa canadense que está construindo uma mina de lítio no Brasil começará a produção comercial de material de alta qualidade para baterias de veículos elétricos no próximo ano, enquanto a baixa oferta fez os preços do metal dispararem.

A Sigma Lithium disse que iniciará o comissionamento do projeto Grota do Cirilo, no estado de Minas Gerais, este mês e pretende ter o produto pronto para embarque até o final de abril.

Ao mesmo tempo, o grupo listado em Toronto revelou planos para quase triplicar sua produção anual, prevista para cerca de 100 mil toneladas de LCE (carbonato de lítio equivalente), até 2024.

Funcionários da canadense de lítio Sigma Lithium
Funcionários da canadense de lítio Sigma Lithium - @sigmalithium no Twitter

A Sigma disse que isso a colocará entre os quatro maiores produtores globais, ao lado da americana Albemarle, da chilena SQM e do grupo chinês Ganfeng Lithium.

"Vemos toda a demanda existente –que significativamente não é atendida– por lítio para bateria nos próximos três anos", disse a codiretora executiva Ana Cabral-Gardner ao Financial Times.

Os preços do lítio aumentaram dez vezes, para US$ 75 mil (R$ 391 mil) a tonelada, desde o início de 2021. O mercado apertado provocou uma corrida das montadoras para garantir o fornecimento de uma commodity que, junto com o cobalto e o níquel, é vital para a produção de veículos elétricos.

"Com o advento da eletromobilidade e todo esse entusiasmo pelo lítio, o mundo precisa de novas fontes", disse Daniel Jimenez, sócio-fundador da consultoria iLiMarkets. "Quem estiver produzindo lítio nos próximos três anos terá margens anormalmente altas."

O entusiasmo dos investidores propiciou um aumento de 275% nas ações da Sigma este ano, dando à empresa uma avaliação de mercado equivalente a US$ 3,5 bilhões (R$ 18,18 bilhões). Seu empreendimento no Brasil está entre os primeiros de uma próxima geração em todo o mundo, muitos a partir de pequenas mineradoras.

"A Sigma está posicionada de forma única como um dos três novos projetos ‘greenfield’ [a partir do zero] de lítio que entrarão em operação em 2023 e num ambiente de preços recorde", disse Katie Lachapelle, analista da Canaccord Genuity.

A maior parte do lítio é extraída de minas de rocha dura na Austrália e transformada em um concentrado que geralmente é refinado na China. No Chile e na Argentina, o metal é separado de salmourão bombeado do subsolo e evaporado em lagoas artificiais.

A McKinsey previu que a produção global de lítio aumentará de 540 mil toneladas LCE em 2021 para até 3,2 milhões de toneladas anuais até o final da década, dependendo do ritmo de conclusão de novos projetos.

A Sigma terá uma capacidade inicial de 37 mil toneladas LCE em sua mina de rocha dura, que considera a maior das Américas e tem 13 anos de vida. A concentração média de 1,44% de óxido de lítio em seu minério de espodumênio é relativamente alta para os padrões da indústria, segundo executivos.

Juntamente com uma estimativa atualizada de reservas minerais "comprovadas e prováveis" de 34 milhões a 55 milhões de toneladas em suas minas, a Sigma também revelou uma nova linha de crédito de US$ 100 milhões (R$ 519,6 milhões).

Fornecida pela acionista Synergy Capital, com sede nos Emirados Árabes Unidos, ajudará a financiar a expansão de uma planta de processamento de minério em concentrado de lítio de alta pureza.

Cabral-Gardner disse que o negócio deve gerar US$ 970 milhões (R$ 5 bilhões) em fluxo de caixa livre após impostos no primeiro ano de operações, subindo para US$ 3 bilhões (R$ 15,5 bilhões) no segundo ano.

Enquanto os fabricantes automotivos fecharam acordos para comprar lítio diretamente de fornecedores de matérias-primas, a Sigma tem um acordo com a fabricante de baterias sul-coreana LG Energy Solution que cobre uma parte de sua produção.

A investidora de private equity A10 Investimentos é a acionista controladora do grupo canadense.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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