A United Airlines disse na terça-feira (13) que está encomendando cem aviões Boeing 787 Dreamliners e cem 737 MAX, uma encomenda importante enquanto a transportadora aérea busca o crescimento pós-pandemia e substitui aeronaves mais antigas e menos eficientes.

O pedido da companhia com sede em Chicago de 200 aviões tem preços de tabela de cerca de US$ 43 bilhões e é um grande impulso para a fabricante americana, que enfrentou problemas políticos e de produção com as duas aeronaves este ano.

A United disse na terça que também está exercendo opções para comprar 44 aeronaves Boeing 737 MAX para entrega entre 2024 e 2026, encomendou mais 56 MAX para entrega entre 2027 e 2028 e agora 443 MAXs sob encomenda.

A grande aposta da United nos aviões 787 reflete as expectativas de aumento contínuo da demanda por viagens internacionais de longa distância e seu desejo de substituir os aparelhos mais antigos. A Boeing disse que é seu maior pedido de Dreamliners e a United que é o maior pedido de fuselagem larga já feito por uma aérea dos EUA.

A United também disse que adiará seu pedido anteriormente anunciado de 45 Airbus A350 para 2030 "no mínimo". O presidente-executivo da United, Scott Kirby, disse que um fator-chave na decisão entre a Boeing e a Airbus para seu principal pedido de fuselagem larga foi sua atual frota de 787s.

"Quando estamos tentando trazer 2.500 pilotos por ano e aumentar a companhia, a introdução de um novo tipo de frota reduz isso drasticamente", disse Kirby.

A United contratou 15 mil novos funcionários em 2022, incluindo 2.400 pilotos, e está a caminho de contratar 15 mil em 2023, incluindo outros 2.500 pilotos.

A United disse que espera receber entregas do 787 entre 2024 e 2032 e pode escolher entre os modelos 787-8, 9 ou 10. A United comprará 787s para substituir toda a sua frota de 767 até 2030 e alguns 777s, reduzindo as emissões de carbono por assento em cerca de 25% para os novos aviões.

O diretor comercial da companhia aérea, Andrew Nocella, disse que o pedido permitirá a substituição de aviões mais antigos por novos modelos mais econômicos, com mais assentos premium, que transportam mais carga e voam mais rápido: "Ganhamos mais dinheiro", disse Nocella sobre os novos aviões.

A United disse que seu orçamento de gastos de capital para 2023 é de US$ 9 bilhões e US$ 11 bilhões para 2024, com a maior parte aplicada em novas aeronaves.

A United planeja divulgar o pedido em um evento na terça-feira na fábrica da Boeing na Carolina do Sul, com o CEO da Boeing Commercial Airplanes, Stan Deal, que disse em comunicado que os pedidos "ajudarão a United a acelerar a modernização de sua frota e a estratégia de crescimento global".

Tanto o MAX quanto o 787 enfrentaram problemas este ano.

Em agosto, a Boeing finalmente retomou as entregas do 787, depois que problemas de produção a forçaram a suspender as entregas em maio de 2021. A Administração Federal de Aviação aprovou em julho o plano de inspeção e modernização da Boeing necessário para atender aos padrões de certificação e está inspecionando cada aeronave antes da entrega.

Na semana passada, a Boeing sofreu um revés quando o Congresso dos EUA recusou a ampliação de um prazo iminente que impõe novos padrões de segurança para as variantes MAX 7 e MAX 10. A United disse que 80 dos novos cem aviões MAX que está encomendando serão MAX 10.

A Boeing faz lobby há meses para convencer os legisladores a abrir mão do prazo que afeta seus aviões MAX 7 e MAX 10 e foi imposto pelo Congresso em 2020, depois que dois acidentes fatais do 737 MAX mataram 346 pessoas na Indonésia e na Etiópia.

Sobre a prorrogação, Kirby disse estar "bastante certo de que isso será feito no próximo Congresso" porque "foi o resultado de segurança certo", mas reiterou que a United poderia mudar para outras variantes do MAX ou comprar mais aviões Airbus se os legisladores não concordassem.

Em junho de 2021, a United anunciou seu maior pedido até então, de 270 jatos Boeing e Airbus, incluindo 200 Boeing 737 MAX e 70 Airbus A321neo, como parte de seu plano de crescimento "United Next". A empresa disse na terça que não vai fazer alterações no pedido do A321neo.

Empresa entrega mais aviões em novembro, mas novas encomendas recuam

A Boeing anunciou nesta terça que entregou 48 aviões em novembro ante 35 em outubro, mas os novos pedidos caíram para 21 aeronaves, das quais 18 são do modelo 737 MAX.

O presidente da Boeing Commercial Airplanes, Stan Deal, afirmou no mês passado que a queda nas entregas de 737 MAX foi resultado do sistema de qualidade que detectou "um defeito na fuselagem", o que atrasou os envios de aeronaves.

Em outubro, a Boeing registrou 122 novas encomendas, incluindo 106 jatos modelo 737 MAX e 10 aviões 787 Dreamliners. Esse volume foi maior que em setembro, quando a empresa registrou 96 pedidos e seis cancelamentos.

A companhia ainda enfrenta potenciais atrasos no 737 MAX 7 e MAX 10. A empresa até agora não conseguiu do Congresso norte-americano aprovação para aumento do prazo de 27 de dezembro que estabelece novo padrão de segurança para alertas no cockpit dos pilotos, depois das quedas de dois jatos 737 MAX que mataram centenas de pessoas.

A Boeing entregou 411 aviões nos 11 primeiros meses deste ano, incluindo 333 unidades 737s e 21 787s.

As encomendas líquidas de cancelamentos da Boeing no ano até novembro subiram para 571, ante 550, e a carteira de pedidos comercial subiu para 4.441, ante 4.415 encomendas.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

(Com Reuters)