A 'liquidação' da Tesla, os destaques do primeiro dia do fórum de Davos e o que importa no mercado

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O 'saldão' da Tesla

Depois de não ter atingido sua ousada meta de aumentar em 50% a venda de veículos no ano passado –alcançou 40%–, a Tesla começou 2023 com descontos agressivos nos EUA, China e Europa.

Em números: a montadora optou por cortar os preços dos seus veículos em até 20% segundo a agência Reuters, numa tentativa de aquecer a demanda por seus carros elétricos.

  • Nos EUA, o preço de uma versão do Model 3, seu carro-chefe, caiu 14%, para US$53.990 (R$ 275 mil), enquanto o Model Y, outro modelo bem cobiçado, recuou quase 20%, para US$52.990 (R$ 270 mil). Os valores não incluem impostos e outras taxas.
  • Na China, onde os preços caíram até 24% em relação a setembro, donos de veículos comprados no ano passado protestaram em frente a concessionárias da montadora na primeira semana deste ano, exigindo benefícios ou crédito após os descontos. A Tesla negou.
Veículos Model 3 em fábrica da Tesla em Xangai, na China; versão é a mais vendida da montadora - Aly Song - 7.jan.2020/Reuters

O que explica: a estratégia de reduzir preços não é incomum no mercado automotivo, mas a montadora do bilionário Elon Musk não adotava tal medida há quase dois anos.

  • Se até o início de 2022 a empresa não conseguia dar conta da demanda dos clientes, agora ela tenta reaquecer a procura por seus veículos elétricos em meio a inflação e juros altos –Musk culpa o Fed (banco central americano) pelo freio na procura.
  • Só isso, porém, não explica. A concorrência também cresceu, e no primeiro semestre do ano passado, a montadora viu a chinesa BYD superá-la no posto de líder global de vendas de veículos elétricos.

Em 2022, segundo levantamento noticiado nesta segunda pelo Wall Street Journal, as vendas de veículos elétricos atingiram 10% da comercialização total de carros pela primeira vez na história.

  • A demanda foi impulsionada principalmente pelo crescimento nos mercados da China (alta de 19%) e da Europa (11%).

Pessimismo bate nos CEOs

Para 39% dos CEOs no mundo (e 33% no Brasil), as empresas que dirigem serão economicamente inviáveis daqui a dez anos caso não haja grandes mudanças.

O estudo feito pela consultoria PwC é divulgado anualmente no encontro do Fórum Econômico Mundial, em Davos. O levantamento deste ano ouviu mais de 4.400 altos executivos de uma centena de países.

O que explica: entre as preocupações dos executivos acerca do futuro do negócio que tocam, estão o contexto de alta inflação e reordenação das cadeias produtivas depois dos gargalos gerados na pandemia.

  • Tensões políticas como reflexo da guerra na Ucrânia e a cibersegurança também assustam.

Em números: 73% dos CEOs afirmam esperar desaceleração da economia global neste ano, numa amostra de como o pessimismo tomou lugar do otimismo do começo do ano passado.

  • Na pesquisa anterior, quando o processo de forte alta de juros não estava no radar, 77% esperavam aceleração da economia.

Otimismo: 2 em cada 3 (66%) executivos brasileiros dizem crer em aceleração da economia nacional. A visão positiva em relação ao país também encontra eco em outros emergentes, como chineses (64% otimistas) e indianos (57%).

Como foi o primeiro dia em Davos:

  • A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, declarou no painel de abertura que o governo Lula está comprometido com "desmatamento zero, proteção dos povos indígenas, democracia e sustentabilidade".

As críticas do BTG ao 3G Capital

O BTG Pactual foi o primeiro credor da Americanas a recorrer da decisão de sexta (13) que protege a varejista por 30 dias contra o vencimento antecipado de dívidas.

A petição enviada pelos advogados do banco ao TJ-RJ afirma que uma fraude gerou as "inconsistências" de R$ 20 bilhões e também tem como alvo o 3G Capital, fundo dos bilionários Lemann, Telles e Sicupira, trio que até 2021 era o controlador e hoje é o principal acionista da companhia.

Veja trechos do documento:

  • "Os três homens mais ricos do Brasil (com patrimônio avaliado em R$ 180 bilhões), ungidos como uma espécie de semideuses do capitalismo mundial ‘do bem’, são pegos com a mão no caixa daquela que, desde 1982, é uma das principais companhias do trio".
  • "Dois dias depois, têm a pachorra de vir em Juízo pedir uma tutela cautelar, preparatória de uma recuperação judicial, para impedir os credores de legitimamente protegerem o seu patrimônio à luz da maior fraude corporativa de que se tem notícia na história do país".
  • "É o fraudador travestindo-se como o menino da antiga anedota forense, que, após matar o pai e a mãe, pede clemência aos jurados por ser órfão."

Outro lado: em nota, a Americanas disse que "segue acreditando na proteção da medida cautelar e no compromisso dos credores de retornarem com uma proposta. A Americanas apontará em breve a sua equipe de negociação com os credores".



A reação no mercado: a decisão que protegeu a varejista dos credores pegou mal entre os investidores, com os analistas considerando que a negociação entre os dois lados deve ficar cada vez mais difícil.

‘São R$20 milhões?’ Quando dois executivos do grupo apresentaram um relatório para Sergio Rial, então CEO da companhia, mostrando o que parecia um erro nos lançamentos contábeis, Rial não captou a ordem de grandeza: "Ah, são R$ 20 milhões", reagiu, segundo interlocutores.

  • Os auxiliares então repetiram a cifra real: "Não, são R$ 20 bilhões". Rial mandou parar tudo e chamou a equipe emergencialmente, incluindo o diretor de relações com investidores à época, André Covre, informa o repórter Julio Wiziack.

Nesta segunda, Rial foi substituído pela Rothschild na tarefa de negociar com credores. Ele, que também é presidente do conselho do Santander Brasil, segue como assessor do trio de bilionários do 3G.

Está perdido sobre o que causou o rombo contábil e os reflexos do escândalo na Americanas? Contamos aqui o que se sabe até agora sobre o caso.


Operadoras querem competir com elétricas

A popularização da energia solar no Brasil, que se tornou a segunda fonte maior fonte da matriz nacional em meio à corrida por subsídio, atraiu a atenção de grandes operadoras do setor de telecomunicações.

Gigantes como Claro e Oi já têm projetos em andamento, enquanto a TIM deve estrear neste ano. Para concorrer com as companhias elétricas, elas apostam em um modelo de "assinatura solar".

Entenda: nesse formato, os clientes abatem no valor da energia elétrica os créditos que são gerados em uma usina solar remota, chamada de "geração distribuída compartilhada".

  • Dessa forma, eles têm acesso ao desconto sem precisar instalar painéis solares em casa.

As operadoras apostam em seus diferenciais para crescer no setor e fidelizar o cliente. É citada a possibilidade de ofertar bônus e descontos em outros serviços, como dados de internet e telefonia, além de ter uma marca forte para trazer credibilidade ao serviço.

Os planos de cada uma:

  • A Claro Energia oferece serviço aos clientes de Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina, e promete 10% de economia em relação à tarifa de energia do mercado regulado, o convencional.
  • A Oi ingressou no mercado em Minas Gerais, mas já projeta expansão.
  • A TIM está se preparando para estrear neste ano, em parceria com outra empresa, que resultará em uma nova marca.
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