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Crise nos mercados de ações e dívida causam queda histórica em fundos soberanos, diz estudo

Guerra na Ucrânia e alta dos juros contribuíram para resultados de 2022

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Marc Jones
Londres | Reuters

As fortes quedas nos mercados de ações e títulos de dívida no ano passado reduziram o valor combinado dos fundos soberanos e de pensão públicos pela primeira vez na história, um tombo de US$ 2,2 trilhões (R$ 11,7 trilhões), estimou um estudo anual do setor.

O relatório sobre veículos de investimento estatais da Global SWF mostrou que o valor dos ativos administrados por fundos soberanos caiu de US$ 11,5 trilhões (R$ 61,4 trilhões) para US$ 10,6 trilhões (R$ 56,6 trilhões), enquanto em fundos de pensão públicos houve queda de US$ 22,1 trilhões (R$ 118 trilhões) para US$ 20,8 trilhões (R$ 111,1 trilhões).

Diego López, da Global SWF, afirmou que o principal motivo para os recuos foram as correções de mais de 10% sofridas pelos principais mercados de dívida e de ações, uma combinação que não acontecia há 50 anos.

Painel eletrônico indica variação dos preços das ações na Bolsa de Valores de Nova York, nos EUA
Painel eletrônico indica variação dos preços das ações na Bolsa de Valores de Nova York, nos EUA - Spencer Platt - 15.dez.2022/AFP

O fenômeno ocorreu à medida que a invasão da Ucrânia pela Rússia impulsionou os preços de commodities e elevou taxas de inflação já crescentes para os maiores patamares em 40 anos. Em resposta, o Federal Reserve e outros grandes bancos centrais elevaram suas taxas de juros, causando uma crise global de vendas de ativos.

"Alguns dos fundos não verão essas perdas sendo realizadas diante de sua característica de investidores de longo prazo", disse López. "Mas é bastante revelador sobre o momento em que estamos vivendo."

O estudo, que analisou 455 investidores estatais com um total combinado de US$ 32 trilhões (R$ 170,9 trilhões) em ativos, indicou que o ATP da Dinamarca teve o ano mais difícil que qualquer outro fundo, com uma queda estimada de 45%, equivalente a uma perda de US$ 34 bilhões (R$ 181,6 bilhões) para aposentados dinamarquesas.

Porém, apesar de toda a turbulência, os investimentos dos fundos em compra de companhias, imóveis e ativos de infraestrutura subiram 12% ante 2021.

Um recorde de US$ 257,5 bilhões (R$ 1,3 trilhão) foram aplicados em 743 negócios, e fundos soberanos também acertaram um número recorde de transações na casa dos bilhões de dólares.

O fundo soberano de Cingapura, GIC, de US$ 690 bilhões (R$ 3,6 trilhões), liderou, investindo mais de US$ 39 bilhões (R$ 208,3 bilhões) em 72 transações. Mais da metade disso foi aplicada em imóveis, especialmente ligados à logística.

A pesquisa também determinou que cinco dos 10 maiores investimentos já feitos por fundos estatais ocorreram em 2022. Entre eles, a injeção de US$ 7 bilhões (R$ 37,4 bilhões) de outro veículo de Cingapura, Temasek, na empresa de teste, inspeção e certificação Element Materials, do fundo de private equity Bridgepoint.

"Se os mercados financeiros continuarem caindo em 2023, provavelmente os fundos soberanos vão continuar caçando elefantes' como uma forma efetiva de cumprir suas obrigações de alocação de capital", afirma a pesquisa.

O levantamento também indica que os fundos soberanos do Golfo Pérsico como ADIA, Mubadala, ADQ, PIF e QIA vão se tornar muito mais ativos na compra de empresas do Ocidente, depois de terem recebido grandes injeções de receita advindas do petróleo no ano passado.

Erramos: o texto foi alterado

A quantia de US$ 2,2 trilhões equivale a R$ 11,7 trilhões, não R$ 117 trilhões, como afirmava versão anterior deste texto, já corrigido.

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