CVC demite cerca de cem pessoas em processo de reestruturação

Cortes equivalem a cerca de 4% do quadro; empresa de turismo quer aumentar foco em franquias

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São Paulo

A CVC Corp, uma das principais empresas de turismo do Brasil, realizou uma reestruturação interna nesta quarta (11), que envolveu cerca de cem demissões, o equivalente a cerca de 4% do seu quadro. A empresa diz que pretende ampliar seu foco no varejo e dar mais apoio aos franqueados.

"Ajustes foram feitos em áreas como TI, com redução de terceiros na área, e em áreas de suporte, em função da integração de negócios com as aquisições de empresas", afirmou a CVC por meio da assessoria de imprensa.

"Foram cerca de cem desligamentos, o que equivale a menos de 5% do quadro. O grupo tem hoje cerca de 2.500 colaboradores."

Vista externa de uma loja da CVC
Fachada de uma loja da CVC - Divulgação

"A CVC Corp reafirma sua confiança no mercado de turismo brasileiro e na política de investimentos para a retomada do setor. A companhia está dando todo o suporte necessário aos ex-colaboradores", prossegue o comunicado. Os demitidos receberão orientações para ajudar na recolocação, segundo a empresa.

A companhia disse que as mudanças atuais buscam ampliar a atenção aos lojistas.

Em setembro de 2022, último dado disponível, a empresa tinha 1.129 lojas no Brasil, sendo 1.060 delas franqueadas. Havia outras 102 unidades da marca na Argentina.

A empresa também realizou ao menos 11 mudanças em cargos de gerência, que se dividem por destinos procurados, como Caribe e Bahia, e por tipos de viagem, como produtos aéreos ou all inclusive.

Nesta quarta, alguns franqueados da CVC postaram mensagens de despedida em redes sociais. Maria Asencio, por exemplo, disse que atuava com a marca há 24 anos, e que encerra a atividade de seis lojas em Sergipe. "Infelizmente, os últimos três anos foram duros e muito difíceis. Hoje encerramos nosso trabalho sob a bandeira CVC por aqui", escreveu no Linkedin.

Funcionários desligados, ouvidos pela Folha sob condição de anonimato, disseram que o processo de reestruturação da empresa já vinha ocorrendo há algumas semanas, e que alguns projetos estavam sendo adiados ou cancelados para poupar gastos no fim do ano.

Apesar disso, algumas pessoas afiram que foram surpreendidas pelo corte porque, segundo elas, a direção da CVC teria dito em uma recente transmissão de vídeo aos funcionários que a empresa estava se recuperando das crises geradas pela pandemia.

A companhia apontou sinais de melhoria: os pedidos de orçamento de viagens para o Carnaval 2023 estão em alta e já representam 95% do registrado no mesmo período de 2019, antes da pandemia.

No terceiro trimestre de 2022, a CVC teve prejuízo líquido de R$ 75 milhões, valor 20% menor do que no trimestre anterior, quando a perda foi de R$ 94 milhões, de acordo com dados de seu último informe de resultados.

De janeiro a setembro de 2022, a empresa acumulou prejuízo de R$ 336 milhões. O endividamento soma R$ 924,5 milhões, valor que se manteve relativamente estável ao longo de 2022.

"Nossos resultados seguem registrando os efeitos da recuperação do setor, com crescimento de dois
dígitos no Brasil e Argentina nas Reservas Consumidas", disse a empresa no informe, que destacou uma alta de 35% nas reservas, na comparação com o mesmo período de 2021.

No ano passado, a empresa avançou no plano de se tornar o que chamou de turistech, uma empresa de tecnologia voltada ao turismo. Novos sistemas adotados pela empresa buscavam obter e analisar mais dados sobre os clientes. Desde 2020, foram investidos mais de R$ 300 milhões em tecnologia. A CVC também lançou um programa de fidelidade e mais possibilidades para parcelar os pacotes de viagem.

A empresa foi criada em Santo André (SP) em 1972, como uma agência de viagens. Nas décadas seguintes, se expandiu para o Brasil ao oferecer pacotes a preços mais acessíveis e parcelados. Nos últimos anos, a CVC comprou algumas outras empresas do setor, como a Submarino Viagens e o Grupo Trend.

Nas últimas semanas, outras empresas tiveram demissões e reestruturações. Na terça (10), por exemplo, a 99 desligou ao menos 77 pessoas, segundo uma lista que circula nas redes sociais e está sendo divulgada por ex-funcionários.

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