Dólar acumula queda e Bolsa fica perto de zerar perdas na primeira semana de 2023

Diminuição de ruídos políticos e dados de emprego nos EUA ajudaram mercados nesta sexta; juros têm queda

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São Paulo

O dólar fechou em baixa e não só zerou a valorização acumulada durante a semana, como passou a apresentar queda em relação ao real na primeira semana de 2023. Já a Bolsa ficou mais perto de zerar as perdas acumuladas neste início de ano.

A melhora do mercado brasileiro aconteceu depois do discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na abertura da primeira reunião ministerial do atual governo, e da divulgação do relatório de emprego nos Estados Unidos.

O dólar comercial à vista caiu 2,13% nesta sexta-feira (6), a R$ 5,2370 na venda. Na semana, a moeda americana recuou 0,7% em relação ao real. O Ibovespa fechou em alta de 1,23%, aos 108.963 pontos. O índice encerrou 2022 em 109.734 pontos.

Cédulas de dólar - Dado Ruvic/Reuters

Os juros também apresentaram queda. Nos contratos com vencimento em 2024, a taxa recuou de 13,70% no fechamento da véspera para 13,59%. Os vencimentos mais longos encerraram o dia com juros abaixo de 13%. Para 2025, as taxas saíram de 13,12% na véspera para 12,85%. E no vencimento de 2027, a queda foi de 13,05% para 12,79%.

Em seu discurso no início da reunião ministerial, o presidente Lula destacou a importância da boa relação entre os poderes Executivo e Legislativo.

"É preciso que a gente saiba que é o Congresso que nos ajuda, nós não mandamos no Congresso, nós dependemos do Congresso. Por isso, cada ministro tem que ter a paciência e a grandeza de atender bem cada deputado, cada senador que o buscar."

Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, aponta que a postura adotada por membros importantes do governo foi decisiva para a alta da Bolsa e queda do dólar.

"Apesar das incertezas sobre risco fiscal, a reunião do presidente com seus novos ministros deu a visão de que as falas desencontradas devem cessar. Sem ruídos políticos, a nossa Bolsa volta a se recuperar", afirma Galdi.

Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, diz que essa maior estabilidade do cenário político beneficiou principalmente as ações de grandes bancos, que por seu peso no índice, ajudam mais o Ibovespa.

As ações preferenciais do Bradesco subiram 2,80%, e as ordinárias fecharam em alta de 2,67%. As preferenciais do Itaú Unibanco tiveram avanço de 1,73%, e ordinárias do Banco do Brasil subiram 1,39%.

Fabrício Gonçalvez CEO da Box Asset Management, afirma que o tom adotado por Lula nesse discurso ajudou a Bolsa a se estabilizar em uma trajetória de alta, depois de uma certa volatilidade durante a manhã.

No dólar, além do ambiente político, a queda teve influência também do relatório de emprego nos Estados Unidos, conhecido como Payroll.

Os dados sobre emprego nos Estados Unidos mostraram a criação de 223 mil novas vagas em dezembro. Apesar de indicar que o mercado de trabalho continua aquecido, o número representa uma desaceleração em relação a novembro, quando foram criados 263 mil novos empregos no país.

A desaceleração na criação de empregos e nos salários pagos pode ajudar no controle da inflação nos Estados Unidos, o que permitiria uma alta dos juros mais branda por parte do Federal Reserve, o banco central americano, no decorrer deste ano. Em Nova York, os principais índices de ações subiram mais de 2%.

Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, lembra que com esses dados, o dólar perdeu força global, mas que a queda em relação ao real foi ainda mais forte. O índice DXY, que compara a moeda americana com outras que são relevantes no mercado mundial, caiu mais de 1% nesta sexta-feira.

Gonçalvez, da Box Asset, afirma que, além da desaceleração na criação de vagas, houve também um crescimento menor do salário médio por hora nos Estados Unidos. "A primeira reação do mercado ao Payroll foi negativa, mas depois, digerindo melhor os dados, voltou a subir."

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