Esta é a edição da newsletter FolhaMercado desta quinta-feira (9). Quer recebê-la de segunda a sexta, às 7h, no seu email? Inscreva-se abaixo:
Disney começa a cortar na carne
O CEO da Disney, Bob Iger, que reassumiu a companhia recentemente com a missão de reduzir custos, anunciou nesta quarta (8) sua primeira grande ação nesse sentido.
A companhia irá cortar 7.000 empregos, ou cerca de 3% do pessoal, como parte de uma ampla reestruturação que, segundo ele, pode economizar US$ 5,5 bilhões nos próximos anos.
- As ações da Disney subiram 5% nas negociações após o anúncio.
Relembre: Iger assumiu em novembro do ano passado após uma troca inesperada no comando da companhia, com a demissão de Bob Chapek.
- A gestão do antigo executivo ficou marcada pelos recursos gastos para assumir a liderança do setor de streaming, que totalizaram um prejuízo de US$ 1,5 bilhão em um só trimestre.
Agora, Iger, que assumiu para estancar essa sangria, superou as estimativas da companhia e diminuiu o prejuízo em cerca de US$ 400 milhões, o dobro do que era esperado.
Em números: a receita da Disney no último trimestre de 2022 aumentou em 8%, para US$ 23,5 bilhões, e o lucro líquido aumentou 11%, para US$ 1,3 bilhão, acima das expectativas dos analistas.
- O principal serviço de streaming da companhia, o Disney+, perdeu cerca de 2,4 milhões de assinantes no trimestre. Ao considerar os outros canais da empresa –ESPN+ e Hulu–, o número de assinantes ficou estável em 235 milhões.
- A Netflix encerrou 2022 praticamente colada, com 230 milhões de usuários.
Google despenca com erro do 'Bard'
O Google disse em um evento nesta quarta que, em breve, adicionará recursos de IA (inteligência artificial) generativa nos resultados de busca e no Maps.
Entenda: a companhia citou como exemplo a possibilidade de fazer pesquisas com imagens para que um usuário possa identificar um ponto de referência local.
- Outro plano é gerar respostas textuais longas para consultas complexas sem uma única resposta correta.
Sim, mas… Na terça, quando o Google anunciou o "Bard", seu chatbot para competir com o ChatGPT, o que mais chamou atenção foi um erro percebido pelos usuários numa demonstração exibida pela própria big tech.
- O robô afirma que o telescópio James Webb capturou as primeiras imagens de planetas fora do sistema solar, mas uma busca no Google leva a um link no site da Nasa que mostra que as primeiras fotos de exoplanetas foram tiradas pelo telescópio terrestre europeu VLT.
- Um erro como esse ajuda a explicar por que os projetos de IA generativa das grandes big techs andavam em passos lentos até serem apressados pelo sucesso do ChatGPT, da startup OpenAI.
Reação negativa: os anúncios pouco empolgantes desta quarta e a falha do Bard repercutiram nas ações da Alphabet (dona do Google), que despencaram 7,4% nesta quarta.
Guerra de gigantes: o acúmulo de anúncios do Google acontece na mesma semana em que a Microsoft integrou uma versão melhorada do ChatGPT ao seu motor de buscas Bing, maior rival da ferramenta da Alphabet.
- A nova versão do buscador promete respostas mais completas. Segundo a empresa, o Bing será capaz que vasculhar a internet para encontrar e resumir a pesquisa do usuário.
Marisa tomba após comunicado
As ações da varejista de moda Marisa caíram 6% nesta quarta depois de a companhia ter comunicado ao mercado a renúncia do CEO Adalberto Pereira Santos e a contratação do BR Partners e da Galeazzi Associados para assessoria financeira.
- A primeira será responsável por ajudá-la na renegociação de dívidas, enquanto a Galeazzi terá papel no "aperfeiçoamento da estrutura de custos".
Entenda: além da troca do comando da companhia, a contratação do BR Partners acionou um alerta entre investidores devido ao momento atual, de juros altos —que dificultam a gestão da dívida— e crédito estressado pela crise da Americanas.
- A Marisa não é a primeira a contratar uma assessoria para renegociar sua dívida diante desse cenário. Recentemente, a empresa de turismo CVC e a distribuidora de energia Light –que vive seu "inferno astral" particular– também fizeram isso.
Em números: a Marisa somava uma dívida líquida ajustada de R$ 566,1 milhões no terceiro trimestre do ano passado, período em que registrou prejuízo de R$ 97,5 milhões.
Troca de comando: a varejista terá seu terceiro presidente em menos de um ano. Em março do ano passado, Marcelo Pimental deixou a companhia para assumir o Grupo Pão de Açúcar.
- Agora, Adalberto Pereira Santos dará lugar a Alberto Kohn de Penhas, vice-presidente comercial que vai assumir a chefia da varejista de moda de forma interina.
- O novo presidente é investigado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) por uso de informação privilegiada (insider trading). De acordo com o processo, ele comprou ações da Marisa pouco antes da divulgação do balanço. Procurado, o executivo não respondeu.
Marcio Goldfarb, filho do fundador da varejista e que tem um cargo no conselho, tornou-se réu na CVM em dezembro do ano passado também por ter comprado ações a menos de 15 dias da divulgação do balanço.
A Marisa afirma que prestou informações e esclarecimentos à CVM sobre as negociações de ações.
iFood chega a acordo com Cade
O iFood chegou a um acordo com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) sobre seus contratos de exclusividade com restaurantes.
- O inquérito estava em andamento desde 2020, quando o Rappi entrou com um processo no órgão antitruste e foi seguido por Abrasel (associação de bares e restaurantes), 99Food e UberEats --que abandonaram o serviço de entregas.
Pelo acordo, o iFood, líder disparado do setor no país, não poderá fechar contratos de exclusividade com marcas que tenham 30 ou mais estabelecimentos.
- Novos contratos também deverão ter duração limitada a dois anos. Depois desse intervalo, valerá uma espécie de "quarentena de exclusividade" com duração de um ano.
- O volume de negócios do iFood em contratos de exclusividade não pode ultrapassar 25% do total da operação no país.
O iFood disse que, com o acordo, o Cade reconhece a legalidade da prática de exclusividade com os restaurantes, que recebem, em troca, investimentos do aplicativo e condições comerciais diferenciadas.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.