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Mais demissões nos unicórnios
A startup de logística Loggi, um dos unicórnios (empresas avaliadas em US$ 1 bi ou mais) brasileiros, anunciou uma nova leva de demissões nesta segunda (6), com o corte de cerca de 7% do quadro de funcionários.
- A empresa não informou o número total de dispensados, mas o site Layoffs Brasil, que registra o número de desligamentos em startups, aponta 250 demissões nesta segunda.
- A justificativa da startup para os cortes foi que a ação busca um aumento da eficiência operacional e resulta da avaliação criteriosa das prioridades.
Em agosto do ano passado, a Loggi havia demitido 15% do seu quadro, em um processo que também levou à troca no comando da empresa. Na época, o argumento utilizado foi o de "adaptar a companhia ao novo cenário global".
- Considerando os dois cortes, cerca de 750 funcionários foram desligados nos últimos seis meses.
Não foi só ela. O C6 Bank –outro unicórnio– também demitiu parte de sua equipe nesta segunda. O banco digital não informou o número de desligados, mas o site Layoffs Brasil fala em 500 demissões.
- A empresa afirma tratar-se de "readequações" e diz ainda que irá manter o cronograma de contratações previstas para este ano, com objetivo de encerrar 2023 com 800 novos profissionais.
- Cerca de 40% do C6 está nas mãos do banco americano JPMorgan, que comprou a fatia da fintech em 2021.
As levas de demissões desta segunda se somam às outras anunciadas por unicórnios brasileiros, que foram concentradas no primeiro semestre do ano passado.
- Essas empresas tiveram que cortar na carne para se adaptar ao novo cenário de juros altos e menos dinheiro disponível para grandes aportes.
Nos EUA, foi a vez da Dell cortar cerca de 6.650 trabalhadores, ou 5% de seus funcionários em um momento de queda de vendas no mercado de computadores pessoais.
Google agiliza rival do ChatGPT
O Google, que vinha adotando um tom mais cauteloso na liberação ao público de seus projetos de IA (inteligência artificial), anunciou nesta segunda o lançamento do Bard, um robô gerador de texto para competir com o ChatGPT.
- A big tech diz que a tecnologia está em teste e deve ser disponibilizada nas próximas semanas. A decisão veio depois da estrondosa estreia do ChatGPT, que acendeu um alerta vermelho para o motor de buscas.
- A ferramenta da OpenAI conquistou 100 milhões de usuários em menos de dois meses, prazo bem menor que TikTok (nove meses), Instagram (30 meses) e Spotify (55 meses), para citar alguns apps de sucesso que atingiram esse patamar.
O robô do Google: o Bard será lançado com uma versão mais leve do LaMDA, modelo de linguagem para aplicativos de diálogo, na sigla em inglês. O recurso baseado em IA também deve integrar o motor de buscas.
- Pelo que o CEO da Alphabet, Sundar Pichai, deu a entender no blog da empresa, o Bard usará informações em tempo real para formular as respostas.
- O ChatGPT, por sua vez, foi abastecido com uma gigantesca quantidade de dados até o fim de 2021, o que pode gerar respostas desatualizadas.
Guerra de big techs: a Microsoft, que investiu pesado na OpenAI para poder usar a tecnologia da startup em seus programas, está testando a integração de uma versão superior do ChatGPT, chamada de GPT-4, em seu motor de buscas Bing --e deve falar sobre isso nesta terça (7).
- A versão também deve ser abastecida com informações em tempo real e deve trazer links com fontes dos locais de onde o conteúdo foi retirado, de acordo com prints reproduzidos pelo site especializado The Verge.
A dificuldade de garantir exatidão nos conteúdos da IA generativa é apontada como um dos fatores considerados pelas big techs para preferir um ritmo mais lento na divulgação de seus projetos. Conteúdos que podem reproduzir preconceitos também preocupam.
Após críticas a BC, mais juros e inflação
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou, nesta segunda, as críticas à atuação do BC e disse que a atual taxa básica de juros do país, a Selic, é uma vergonha.
- "Não existe justificativa nenhuma para que a taxa de juros esteja em 13,50% [ela está em 13,75%]. É só ver a carta do Copom para a gente saber que é uma vergonha esse aumento de juro", disse Lula em posse de Aloizio Mercadante como novo presidente do BNDES.
O presidente ainda pediu que os setores do empresariado façam cobranças sobre o nível da Selic. "A classe empresarial precisa aprender a reivindicar, a reclamar dos juros altos", afirmou.
- Empresários ouvidos pela coluna Painel S.A. criticaram as falas de Lula e defenderam o presidente do BC, Roberto Campos Neto.
Para o governo, Campos Neto queimou pontes a partir das decisões do Copom e do tom duro do último comunicado e reduziu suas chances de influenciar a indicação de novos diretores da autarquia.
As críticas de Lula à condução do BC têm ampliado a expectativa de inflação e pressionado os juros, gerando um efeito contrário ao pretendido pelo governo.
Em números: o boletim Focus, pesquisa do BC que reúne as projeções do mercado, mostrou alta nas expectativas para o IPCA deste ano –de 5,74% para 5,78% – e do próximo –de 3,90% para 3,93%.
- Nesta terça, é divulgada a ata da última reunião do Copom, encontro em que o BC subiu o tom e indicou que a queda da Selic pode ficar só para 2024.
- No Focus, que ouviu o mercado na semana passada, os economistas ainda veem a Selic caindo 1,25 ponto percentual, para 12,5% ao ano, mas os cálculos podem mudar com a divulgação da ata.
Com 2 anos, open finance ainda patina
Iniciado em 2021, o projeto do BC batizado de open banking e depois transformado em open finance ainda não conseguiu ser popularizado entre os brasileiros.
Depois de dois anos de operação, apenas 15 milhões de clientes (8% da população com conta bancária) permitiram que seus dados sejam compartilhados entre as instituições financeiras.
Entenda: o objetivo principal do ecossistema é incentivar a inovação e estimular a concorrência para ampliar e baratear a oferta de serviços financeiros (crédito mais barato, limite maior de empréstimo, menores taxas etc).
- Para isso, o consumidor tem que aceitar expressamente que seu histórico bancário seja compartilhado entre as instituições.
O que trava? Para os envolvidos no projeto, as instituições ainda não conseguiram deixar claro aos clientes os benefícios que eles terão em troca da anuência do compartilhamento de seu histórico.
- Hoje são 800 instituições participantes,entre bancos, cooperativas de crédito e fintechs, com 45 produtos e serviços oferecidos, incluindo, por exemplo, agregadores financeiros e soluções por melhores condições de crédito.
- A expectativa do BC e das instituições é que o ecossistema ganhe mais robustez neste ano com a implementação da quarta fase do projeto, quando entram outros setores, incluindo seguradoras, corretoras de investimentos, câmbio e previdência.
- O open finance é tratado com um projeto de médio e longo prazo, por isso uma adesão tímida no início não preocupa tanto.
- Com o passar do tempo, a expectativa é que novas soluções sejam criadas a partir do compartilhamento de informações, gerando mais atratividade para o sistema.
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