Descrição de chapéu União Europeia

BNP, Societé Générale e outros bancos franceses são investigados por suspeita de fraude fiscal

Segundo a Procuradoria, cinco investigações foram abertas em dezembro de 2021, relacionadas ao pagamento de dividendos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Paris | AFP

Autoridades da França fizeram, nesta terça-feira (28), operações de busca em cinco grandes bancos por suspeitas de fraude fiscal e lavagem de dinheiro.

Segundo a Procuradoria Nacional de Finanças (PNF), os mandados foram cumpridos em Paris e no distrito financeiro de La Defense, mobilizaram cerca de 150 inspetores e 16 magistrados, e exigiram vários meses de preparação.

O órgão encarregado pela investigação de crimes financeiros afirmou que as buscas aconteceram após a abertura de cinco investigações preliminares, em dezembro de 2021, por suspeita de lavagem de dinheiro e fraude fiscal relacionada ao pagamento de dividendos.

Entrada de uma agência do BNP Paribas, em Paris - Loic Venance - 14.abr.12/AFP

Segundo a promotoria, os bancos alvos da operação usavam uma estratégia na qual acionistas transferiram os papeis por um curto período para investidores estrangeiros, com o objetivo de burlar os impostos sobre dividendos e, em alguns casos, obter uma restituição. Depois, esses investidores vendiam de volta as ações para os donos originais, e ambos dividiam o valor poupado com a manobra.

Um porta-voz do banco francês Société Générale confirmou à agência AFP que a instituição foi alvo de uma operação, mas disse não saber o motivo.

De acordo com o jornal francês Le Monde, as sedes do BNP Paribas, do Exane, do grupo financeiro Natixis e do gigante britânico HSBC também foram alvos da operação.

Uma investigação jornalística de 2018, com o título "CumEx Files", realizada por vários meios de comunicação europeus, revelou vários casos de fraude fiscal. Na ocasião, o Le Monde chamou o episódio de "roubo do século."

O título "CumEx Files" faz referência à lista de ações com ("cum", em latim) e sem ("ex") dividendos.

Em 2021, a investigação revelou que a fraude totalizou cerca de 140 bilhões de euros (cerca de R$ 790 bilhões) em um período de 20 anos.

Quinze países europeus agora buscam reparação. Por anos, centenas de banqueiros, advogados e investidores teriam sido capazes de escapar da cobrança de 55 bilhões de euros (R$ 308,45 bilhões) em impostos.

Segundo autoridades europeias, a ação faz parte de uma investigação transnacional, que envolve cerca de 1.500 suspeitos em quatro continentes.

A Alemanha teria sofrido o pior desfalque nas contas públicas: 30 bilhões de euros (R$ 168,25 bilhões). A França fica logo atrás, com 17 bilhões de euros (R$ 95,34 bilhões) que teriam sido sonegados. Também foram afetadas Espanha, Itália, Bélgica, Áustria, Noruega, Finlândia e Polônia, de acordo com a investigação.

O esquema de sonegação ganhou popularidade no começo dos anos 2000, antes da crise financeira de 2008. Nos últimos anos, vários países apertaram a fiscalização para evitar essa fraude, mas deixaram de notificar seus vizinhos.

O advogado Hanno Berger, acusado pelas autoridades alemãs de ser o responsável por arquitetar o calote aos cofres públicos, foi condenado a oito anos de prisão por uma corte em Bonn. Ele era conhecido por sua atuação rígida como auditor fiscal na Alemanha, antes de migrar para a advocacia privada.

Inglaterra e Dinamarca também abriram ações civis e criminais para julgar essa mesma estratégia de sonegação, colocada em prática pelo londrino Sanjay Shah. Ele teria desfalcado os cofres públicos em 2 bilhões de euros.

Os promotores franceses incentivaram o público a levar informações sobre o caso na França às autoridades, para dar prosseguimento ao inquérito.

Com New York Times

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.