Descrição de chapéu Banco Central

Governo brasileiro avaliará providências sobre caso SVB ao longo do dia, diz Haddad

Para ministro, ainda não é possível estimar o tamanho do problema e 'aparentemente' não haverá crise sistêmica

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Brasília

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta segunda-feira (13) que será preciso avaliar ao longo do dia se o Banco Central terá que tomar alguma providência em decorrência da falência do SVB (Silicon Valley Bank), 16º maior banco dos Estados Unidos.

Embora reconheça a gravidade da situação, Haddad diz que "aparentemente" o episódio não vai desencadear uma crise sistêmica. O ministro, contudo, reconhece que ainda não é possível estimar o tamanho do problema com o que se sabe até agora sobre o caso.

"A ação do Fed ao longo do final de semana foi positiva, garantindo os depositantes. Essa é a primeira providência que a autoridade monetária tem para evitar uma corrida bancária. Não é um banco de primeira linha, é um banco regional, que atua muito no Vale do Silício, com carteira descasada", disse Haddad em evento promovido pelos jornais O Globo e Valor Econômico sobre a reforma tributária e os desafios econômicos do Brasil.

Placa do SVB (Silicon Valley Bank) em Santa Clara, California, nos EUA - Noah Berger/AFP

"Não sei se vai gerar uma crise sistêmica, aparentemente, não. Não vi ninguém ainda tratar esse episódio como Lehman Brothers [a falência do banco de investimentos desencadeou a crise financeira de 2008]. Mas o fato é que é grave o que aconteceu", acrescentou.

Haddad diz ter ficado em contato com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, ao longo do fim de semana e com representantes do sistema financeiro nacional para monitorar a situação. O chefe da autarquia estava na Suíça, onde participou de reuniões do BIS (Banco de Compensações Internacionais) –o "banco central dos bancos centrais".

"Com o Roberto Campos Neto voltando do BIS para pilotar o Banco Central, vamos ver se a autoridade monetária no Brasil vai ter de tomar alguma providência, em virtude dos efeitos sobre as economias periféricas. Isso não está claro ainda, vamos ter de acompanhar ao longo do dia", afirmou.

Procurado, o BC disse que não comentaria o caso.

O ministro disse ainda avaliar como positiva as ações emergenciais tomadas pelo Fed (Federal Reserve), banco central dos EUA, para tentar aplacar o colapso do SVB e impedir uma crise financeira mais ampla.

As autoridades americanas anunciaram no domingo (12) que todos os clientes do SVB poderão sacar seus depósitos integralmente. Correntistas do Signature, banco de Nova York cuja falência foi anunciada após o SVB, também terão seus depósitos garantidos.

Simultaneamente, o Fed anunciou a criação de um programa emergencial para financiar instituições financeiras, de modo a garantir que elas possam "atender as necessidades de todos os seus clientes".

Fundado há 40 anos no Vale do Silício, polo tecnológico mundial, o SVB se tornou uma solução para startups. Graças ao apetite a risco gerado pelos juros zerados em 2020 e 2021, o banco cresceu junto com seus clientes.

Para dar conta do grande volume de aportes, o SVB começou a colocar o dinheiro em títulos pré-fixados de longo prazo, cujos preços caíram quando o Fed passou a subir os juros para frear a inflação nos EUA.

O banco então vendeu US$ 21 bilhões desses papéis, a um prejuízo de US$ 1,8 bilhões. A instituição também comunicou que iria fazer uma emissão de ações para recuperar o prejuízo, fato que serviu de gatilho para a crise.

As ações do banco despencaram, e os clientes correram para sacar seu dinheiro. Os pedidos de retirada somaram US$ 42 bilhões –um quarto dos ativos da instituição –, levando o SVB à falência em dois dias.

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