Nova crise do Credit Suisse, a parceria entre QuintoAndar e Lopes e o que importa no mercado

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Mais um dia de azedume nos mercados globais gerado por uma crise bancária.

Nesta quarta, as ações do Credit Suisse despencaram quase 25% na Bolsa de Zurique, em meio a questionamentos sobre a saúde financeira do banco e a um crescente temor de contaminação gerado pelas falências bancárias nos EUA, que agora chega à Europa.

  • Horas depois, o banco disse que irá pegar emprestado cerca de US$ 54 bilhões (50 bilhões de francos suíços, ou R$ 284 bilhões) do BC suíço, no que chamou de "ação decisiva" para fortalecer sua liquidez.

O que explica a nova crise do Credit

O banco divulgou na terça relatório indicando distorções em suas demonstrações financeiras. A PwC, sua auditora, havia incluído no relatório uma "opinião adversa sobre a eficácia do controle interno do grupo sobre relatórios financeiros".

  • A aversão dos investidores foi agravada nesta quarta, depois que o presidente do conselho do Saudi National Bank, banco que é o maior acionista da companhia, descartou a possibilidade de injetar mais capital no Credit.
  • Na semana passada, o banco suíço já havia adiado a apresentação do relatório anual depois de a SEC (CVM americana) questionar os números de fluxo de caixa.

O Credit Suisse vem acumulando uma sequência de crises nos últimos anos, que reflete em suas ações, com queda de 83% desde março de 2021. O escândalo mais recente foi em 2022, em meio a rumores nas redes sociais sobre a necessidade de capital para reestruturação do banco.

  • O plano de reorganização está sendo tocado pelo CEO Ulrich Koerner e envolve a reformulação do braço de banco de investimentos (fusões e aquisições, mercado de capitais e emissões de ações), considerado mais deficitário.
  • As demissões superaram as dezenas de milhares.

No mercado brasileiro, o Credit Suisse tem atuação principalmente nas áreas de gestão de fortunas e de recursos.

Opinião: Estamos no primeiro estágio de uma crise financeira de duração e tamanho incertos, escreve o colunista Vinicius Torres Freire.


O impacto nos mercados

A crise do Credit Suisse que atingiu os mercados globais também chegou ao Brasil e empurrou o Ibovespa durante o pregão para o patamar de 100 mil pontos, o pior registrado desde julho de 2022.

No fim do dia, porém, a Bolsa brasileira seguiu a americana e freou a queda depois de o BC suíço indicar ajuda ao banco do país. Por aqui, a notícia de que o novo arcabouço fiscal já foi entregue para ao Planalto também ajudou a acalmar os ânimos.

Em números: o Ibovespa fechou em baixa de 0,25%, a 102.675 pontos, no pior patamar desde agosto. O dólar, que chegou a bater em R$ 5,32 no auge do pânico na Europa, fechou em alta de 0,72%, a R$ 5,29.

  • Na Europa, as maiores Bolsas fecharam antes do anúncio do BC suíço e recuaram puxadas pelas ações dos bancos. O Euro Stoxx 600 caiu 2,92%. O índice FTSE 100, da Bolsa de Londres, fechou em baixa de 3,83%.

Os bancos europeus perderam quase US$ 75 bilhões em valor de mercado só nesta quarta, segundo o Wall Street Journal. Société Générale e BNP Paribas tombaram 15% e 12%, respectivamente.

  • O temor por lá é que uma eventual derrocada de um grande banco como o Credit Suisse poderia levar junto outros do continente, dada a interligação entre essas instituições.

Nos EUA, as ações do First Republic voltaram a despencar e caíram 21%, num sinal de que o temor de contaminação financeira continua por lá. O CEO da BlockRock, maior gestora de recursos do mundo, disse que esse efeito não pode ser descartado.

  • O banco regional ficou em evidência após a queda do Silicon Valley Bank e seus papéis passam por uma montanha-russa: despencaram 60% na segunda, depois saltaram 40% na terça.

Ofensiva contra os sites asiáticos

Parlamentares da Frente Parlamentar Mista do Empreendedorismo criticaram ao ministro Fernando Haddad nesta quarta o que eles consideram como "contrabando digital" de sites asiáticos, entre eles a varejista Shein.

Entenda: para os deputados, essas lojas vendem produtos sem taxação ou subfaturados no país, prejudicando a indústria e o comércio nacional, que são tributados ao longo da cadeia de produção.

  • Eles afirmam que as plataformas estrangeiras estariam usando o benefício de isenção para trocas entre pessoas físicas, desde que o valor da mercadoria fique abaixo de US$ 50, para evitar o imposto de importação.

A crítica da indústria nacional aos sites asiáticos não é de hoje e vai além do varejo têxtil, encontrando eco em empresários de outros setores, como eletrônicos, brinquedos e grandes varejistas, que caracterizam os concorrentes como "camelódromo digital".

Quem é a Shein: considerada a "Zara da China", ela tem milhares de modelos de baixo custo e revolucionou o fast fashion, que é caracterizado pela alta rotatividade de coleções.

  • O segredo está em sua IA (inteligência artificial), com um algoritmo que faz testes no aplicativo com 100 a 200 peças por modelo. Se a demanda por determinado produto se mostra aquecida, o robô capta a tendência e a produção é escalada automaticamente.
  • Em novembro do ano passado, a Shein (lê-se xi-in) abriu sua primeira loja pop-up (temporária) no Brasil, em um shopping de São Paulo, por cinco dias.

QuintoAndar + Lopes

A Lopes e o QuintoAndar, duas grandes do mercado imobiliário brasileiro, anunciaram nesta quarta uma parceria para compartilhar seus portfólios de imóveis para venda e locação.

Entenda: com o acordo, os imóveis disponíveis no site do QuintoAndar também aparecerão no site da Lopes, e vice-versa.

  • A união resultará em 400 mil imóveis à venda e para locação e em sites que, juntos, recebem mais de 30 milhões de acessos por mês, de acordo com as empresas.
  • Por enquanto, a parceria começa a valer em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre e suas regiões metropolitanas.

As operações da Lopes e do QuintoAndar seguirão independentes.

Quem é quem

  • Lopes: líder no segmento de franquias de imóveis do Brasil, com 182 imobiliárias em 21 estados e no Distrito Federal. Tem ações listadas na Bolsa desde 2006.
  • QuintoAndar: startup do mercado imobiliário que foi avaliada em US$ 5,1 bilhões em agosto de 2021, quando o fluxo de grana para startups estava no auge. No primeiro semestre do ano passado, quando o cenário se inverteu, cortou cerca de 170 funcionários em uma leva de demissões.
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