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O GPT-4 chegou
A OpenAI, startup que criou o ChatGPT, anunciou nesta terça (14) uma versão superior do modelo de linguagem do seu popular chatbot, chamada GPT-4. A empresa disse que a atualização é mais segura e precisa nas respostas.
- O recurso, porém, não está disponível a todos, e está liberado aos assinantes do plano ChatGPT Plus, disponível por US$ 20. A ferramenta é a mesma usada no buscador Bing, da Microsoft.
Sendo abastecido com mais dados que o GPT-3.5, do ChatGPT, e com treinamento até o meio de 2022, o GPT-4 tem 82% menos chance de dar réplicas que ferem as diretrizes da empresa e 45% de chances maiores de entregar uma resposta factual, segundo a OpenAI.
O que muda na nova versão:
- Interpretar imagens. Ela consegue ler uma imagem e gerar informações sobre ela, como traduzir uma embalagem e até identificar um tipo de planta ou fruta.
- Mais "inteligente". Enquanto o ChatGPT passava raspando em uma prova admissional análoga à OAB nos EUA, o GPT-4 é capaz de ficar entre os 10% melhores desse grupo. O cálculo de expressões matemáticas também melhorou.
- Múltiplas personalidades. O usuário pode determinar que a ferramenta responda suas perguntas com determinado tom e estabelecer limites para as respostas, num conceito conhecido como "steerability" (dirigibilidade, em tradução livre).
Mais sobre IA
O grande rival da OpenAI e da Microsoft, empresas que têm trabalhado em conjunto no chatbot, é o Google. Por coincidência ou não, a big tech também anunciou nesta terça que os usuários do Google Docs e do Gmail poderão usar a IA para redigir e resumir textos.
- A empresa vem adotando uma marcha mais lenta na divulgação de suas ferramentas e por enquanto liberou a novidade apenas para que pesquisadores façam testes.
Mais demissões na Meta
Quatro meses após anunciar sua primeira demissão em massa da história, a Meta, dona de Facebook, Instagram e WhatsApp, informou nesta terça que cortará mais 10 mil empregos.
- Somados os dois anúncios, a redução de pessoal chega a 21 mil funcionários, o que corresponde a cerca de 25% da equipe de funcionários da companhia no final de 2022.
Mark Zuckerberg, CEO da Meta, disse nesta terça que, além das demissões, 5.000 vagas que estão abertas não terão funcionários contratados. O mote da companhia para o ano é "eficiência".
O que explica: além de estar inserida em um contexto do setor que está priorizando o corte de custos diante da queda de receitas, a Meta teve de apertar ainda mais o cinto por problemas particulares.
- Inseridas em 2021, as regras de privacidade da Apple que restringiram os anúncios direcionados –maior receita da Meta– tiraram cerca de US$ 10 bilhões da companhia de Zuckerberg.
- Ainda há o crescimento da concorrência, principalmente do TikTok, e os bilhões investidos no metaverso que ainda parecem longe de gerar algum retorno.
A companhia, porém, parece ter deixado o pior para trás. No último balanço divulgado, em fevereiro, a empresa animou os analistas ao prever que sua receita no primeiro trimestre deste ano seria maior que a de 2021, antes das novas regras da Apple.
- Em 2023, seus papéis sobem 55%, após ter recuado 64% no ano passado.
'Não ao Atacadão'
O grupo Carrefour teve que adiar seus planos de levar à Grande Paris a primeira loja do Atacadão, bandeira bem-sucedida no Brasil, depois que o prefeito de um pequeno município criou um abaixo-assinado contra a instalação.
Entenda: o caso aconteceu em Sevran, uma cidade de pouco mais de 50 mil habitantes, que fica a 18 km do centro da capital francesa. Ali, uma loja do Carrefour seria substituída por uma do Atacadão.
Levar o Atacadão à Europa é uma das metas do CEO do grupo, Alexandre Bompard, para este ano. Ele afirma que o modelo da loja, de oferecer uma variedade menor de produtos, mas com preços mais baixos, "funciona muito bem no Brasil".
Revolta: o prefeito e os sindicatos da cidade criticaram a decisão do Carrefour, que iria levar à cidade "um projeto de baixo custo, que degrada a oferta comercial de Sevran e ameaça o projeto de cidade sustentável, ecológico e solidário pelo qual trabalhamos arduamente há vários anos".
- Depois de um abaixo-assinado e de uma manifestação na frente da loja, o Carrefour anunciou a desistência do negócio.
O sucesso do Atacadão no Brasil: é o maior atacarejo do país em número de lojas, com 374 unidades em 2022, e responde por cerca de 70% do faturamento do grupo por aqui.
- A aceitação da marca é tamanha que ela assumiu a maioria das lojas do Big compradas pelo Carrefour.
A popularização do atacarejo no país veio na esteira da pressão inflacionária que atingiu o bolso do brasileiro, principalmente o de classe média.
- Com o poder de compra reduzido, o consumidor passou a preferir os descontos à diversidade de produtos dos hiper e supermercados.
Bancões atraíram enxurrada de depósitos
Depois da falência do Silicon Valley Bank e do Signature Bank, consumidores norte-americanos correram para tirar seu dinheiro dos bancos regionais, menores, e transferir para grandes instituições, como JPMorgan, Bank of America e Citigroup, segundo a agência Reuters.
O que explica: o medo de contaminação da crise para os bancos regionais, que têm menos liquidez que os bancões.
- O temor permaneceu e bilhões foram movimentados mesmo após o Fed ter garantido no domingo uma linha de financiamento aos bancos justamente para evitar um pânico entre os correntistas.
- Na segunda, as ações do First Republic, um desses bancos menores, desabaram 60%.
Nesta terça, porém, parte do medo parece ter se dissipado e os papéis do First Republic subiram 40%, recuperando parte da queda.
Mais sobre a crise do SVB
- Entenda como um banco pode quebrar fazendo o investimento mais seguro do planeta.
- Veja como a falência de bancos acirra a disputa política nos EUA, com partidos de olho na próxima eleição.
Opinião:
- O Silicon Valley Bank não é o Lehman Brothers, afirma Paul Krugman, colunista da Folha e Nobel de Economia.
- Os bancos são projetados para quebrar, e eles quebram, diz Martin Wolf.
- Não adianta o governo prometer que não intervirá na quebra de instituições financeiras. Nunca adiantou no mundo das finanças tradicionais, não adiantaria com criptomoedas, escreve o colunista Bernardo Guimarães.
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