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Presidente do Fed abre a porta para elevação maior e mais rápida dos juros

Powell discursou no Congresso dos EUA nesta terça

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Howard Schneider Lindsay Dunsmuir
Washington | Reuters

O Federal Reserve (banco central americano) pode precisar elevar os juros mais do que o esperado em resposta aos recentes dados econômicos fortes dos Estados Unidos. O Fed também está preparado para aumentar o ritmo de alta se os dados sugerirem a necessidade de medidas mais duras para controlar a inflação, disse o presidente do banco, Jerome Powell, ao Congresso norte-americano nesta terça-feira (7).

"Os dados econômicos mais recentes chegaram mais fortes do que o esperado, o que sugere que o nível final dos juros deve ser mais alto do que o previsto anteriormente", disse Powell em comentários preparados para uma audiência perante o Comitê Bancário do Senado.

O presidente do Federal Reserve Jerome Powell - Kevin Lamarque - 7.mar.2023/Reuters

Embora parte dessa força econômica inesperada possa ter ocorrido devido ao clima quente e outros efeitos sazonais, Powell disse que o Fed está ciente de que também pode ser um sinal de que o banco central precisa fazer mais para conter a inflação, talvez até voltando a aumentar os juros em altas maiores do que 0,25 ponto percentual, nível que as autoridades planejavam seguir.

"Se a totalidade dos dados indicar que um aperto mais rápido se justifica, estaremos preparados para aumentar o ritmo das altas de juros", disse Powell.

Os comentários desta terça-feira foram os primeiros do presidente do Fed desde que a inflação disparou inesperadamente em janeiro e marcam um reconhecimento de que um "processo desinflacionário", do qual ele falou repetidamente em uma entrevista a jornalistas em 1º de fevereiro, não está se dando sem sobressaltos.

"SURPREENDENTEMENTE HAWKISH"

As falas de Powell, indicando fortemente que as autoridades do Fed projetarão um ponto final mais alto para a taxa de juros de referência do banco central na próxima reunião de 21 e 22 de março, provocaram uma rápida reavaliação nos mercados de títulos, com investidores elevando para acima de 70% as chances de que o Fed irá aprovar um incremento de 0,50 ponto percentual na próxima reunião. Os mercados de ações caíam e o dólar era negociado em alta nos EUA.

A divulgação em 10 de março do relatório de empregos do Departamento do Trabalho dos EUA de fevereiro e um relatório de inflação na próxima semana serão dados importantes para moldar esse resultado.

A taxa básica de juros do Fed está atualmente na faixa de 4,50% a 4,75%. Em dezembro, as autoridades projetaram que essa taxa avançaria para cerca de 5,1% no pico, limite que investidores agora veem que pode subir pelo menos 0,50 ponto percentual.

Powell falará perante o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Representantes dos EUA novamente na quarta-feira.

"LONGO CAMINHO PARA PERCORRER"

A audiência e o depoimento de Powell se concentraram em uma questão que agora está no centro das discussões do Fed, enquanto as autoridades tentam determinar se os dados recentes provarão ser um ponto fora da curva ou acabarão por sinalizar que a inflação continua mais rígida do que se pensava, justificando uma resposta mais dura do Fed.

Enquanto Powell disse achar que a meta de inflação de 2% do Fed ainda poderia ser atingida sem desferir um grande golpe no mercado de trabalho dos EUA, ele reconheceu em seu depoimento e em respostas às perguntas dos senadores que "muito provavelmente haverá algum abrandamento nas condições no mercado de trabalho".

O quanto essas condições se abrandarão ainda não está claro, mas Powell afirmou que o foco permanecerá mais diretamente em como a inflação se comporta.

"O processo de reduzir a inflação para 2% tem um longo caminho a percorrer e provavelmente será acidentado", disse Powell. Ele acrescentou mais tarde na audiência que "os custos sociais do fracasso são muito, muito altos".

O presidente do Fed também disse que não vai considerar mudar sua meta de inflação de 2% e que o padrão "acordado globalmente" adotado por muitos outros bancos centrais é uma ferramenta eficaz para ajudar a ancorar as expectativas do público sobre onde a inflação deveria estar.

"Achamos que é realmente importante seguir com ela [meta]", disse Powell.

Casa Branca não interferirá no Fed

A Casa Branca não interferirá na forma como o Federal Reserve administra a inflação dos Estados Unidos, disse uma autoridade da Casa Branca quando questionada sobre os comentários de Jerome Powell de que o Fed provavelmente precisará aumentar a taxa de juros mais do que o esperado.

No entanto, a autoridade disse que é importante lembrar que os fortes dados de empregos de janeiro representam apenas um mês de informações e é preciso prestar atenção a novos dados que serão divulgados ainda este mês.

"A Casa Branca não vai interferir na gestão do Fed", afirmou a autoridade. "Mas estamos lidando com um mês de dados e as pessoas precisam sentar e respirar."

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