Esta é a edição da newsletter FolhaMercado desta sexta-feira (31). Quer recebê-la de segunda a sexta, às 7h, no seu email? Inscreva-se abaixo:
Como a nova regra foi recebida
A Bolsa fechou em alta de quase 2% e o dólar abaixo de R$ 5,10, enquanto agentes do mercado digeriam a nova regra fiscal apresentada nesta quinta (30) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
- Economistas ouvidos pela Folha, porém, questionaram o "otimismo" do governo em relação ao crescimento da receita e ao resultado das contas públicas.
Entenda: a regra que irá substituir o teto de gastos prevê, conforme a Folha havia antecipado, uma nova trava para as despesas, que cresceriam acima da inflação, mas em ritmo menor do que a arrecadação.
- Reunimos aqui os principais pontos do novo arcabouço fiscal proposto pelo governo Lula.
- Veja o passo a passo da tramitação da proposta, que deve chegar na semana que vem ao Congresso.
A repercussão:
- Entre os analistas do mercado, ficou a impressão de que a regra gera uma previsibilidade da trajetória da dívida pública e manda um sinal de que o governo trabalha com um limite para as despesas, apesar de o foco estar na alta das receitas.
- Economistas ouvidos pela Folha elogiaram o desenho da regra, mas predomina entre eles uma visão cética acerca do expressivo aumento de arrecadação previsto pela equipe econômica.
- Entre empresários consultados pela coluna Painel S.A., as reações também foram positivas.
Nesta quinta, Haddad disse que vai apresentar um pacote para elevar a arrecadação entre R$ 100 bilhões e R$ 150 bilhões por ano. Ele disse que a ideia é rever benefícios tributários e passar a cobrar impostos de setores que hoje não pagam, mas não deu maiores detalhes.
Análises
- Governos do PT aumentaram benefícios que agora Haddad quer cortar, escreve o repórter especial Fernando Canzian.
- Plano Lula exige aumento forte de imposto e muito mais explicação do governo, opina o colunista Vinicius Torres Freire.
- Para o repórter Eduardo Cucolo, o ajuste fiscal depende de caça a "jabutis" e de aumento da carga tributária.
Gigante chinesa se divide em seis
O grupo chinês Alibaba anunciou nesta semana sua maior reestruturação desde que foi fundado pelo bilionário e ex-professor de inglês Jack Ma, há 24 anos.
- O gigante será separado em seis unidades de negócios independentes, que estão liberadas para listar suas ações na Bolsa.
Entenda: o conglomerado, hoje com 240 mil funcionários, será separado em comércio eletrônico (1) doméstico e (2) internacional, (3) computação em nuvem, (4) serviços locais, (5) mídia digital e (6) logística.
- O Alibaba ficará com a unidade chinesa de comércio eletrônico, que inclui os sites Tmall e Taobao e no último ano fiscal gerou mais lucros do que o grupo como um todo.
- A princípio, o controle acionário das seis unidades ficará sob o guarda-chuva do grupo.
O que explica: a companhia atribuiu a decisão à necessidade das empresas se tornarem mais ágeis para enfrentar a forte competitividade do mercado chinês. Mas a mudança também justifica-se por razões econômicas e políticas
- Separadas, as unidades podem ter seu "valor destravado", como dizem no mercado para se referir a empresas que estavam subavaliadas em uma estrutura grande e complexa. As unidades de logística e computação em nuvem podem se dar bem.
- A "independência total" de cada um dos braços do Alibaba pode ajudar a aliviar os temores do Partido Comunista sobre uma companhia que cresceu demais e ficou sob a mira da repressão regulatória de Pequim nos últimos anos.
O anúncio da reestruturação aconteceu dias depois de que Jack Ma, que não é mais o CEO do grupo desde 2019, voltou a ser visto publicamente na China após andar sumido pelo mundo.
- Ele desapareceu dos holofotes depois que Pequim cancelou o IPO da Ant, fintech do Alibaba, que seria a maior oferta inicial do mundo. Na época, Ma havia atacando os vigilantes financeiros e bancos da China.
- O evento provocou uma repressão regulatória chinesa sobre as empresas do país. O aperto acabou sendo aliviado só neste ano, diante da recuperação lenta da economia no pós-Covid.
Dê uma pausa
- Para assistir: "Aeroporto: Área Restrita" - no Discovery e discovery+.
Com quatro temporadas, o programa acompanha a rotina de operações de servidores públicos que trabalham na fiscalização de malas e passageiros nos aeroportos do país, principalmente no de Guarulhos, o maior terminal aéreo de cargas da América Latina.
- A série voltou ao centro das atenções no começo do mês, quando veio à tona a apreensão de joias sauditas enviadas no ano passado para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
- Mario de Marco Rodrigues, delegado da Receita Federal que é presença frequente no programa, foi quem recusou um pedido feito pelo ex-secretário da Receita, Julio Cesar Vieira Gomes, para que liberasse os itens, segundo reportagem do UOL.
As câmeras acompanham a rotina de operações de profissionais de órgãos com atribuições distintas: Receita Federal, Anvisa, Vigiagro (Vigilância Agropecuária Internacional) e Ibama.
Enquanto nas primeiras temporadas as apreensões mais mostradas são de quilos de cocaína escondidos em fundo falso de malas e de mercadorias não declaradas que vêm de fora, na quarta temporada, gravada após o início da pandemia de Covid, há casos de apreensão de pau-brasil retirado ilegalmente e peixes em ameaça de extinção que estavam rumo ao exterior.
Na segunda (27), quem teve de passar pela área restrita do aeroporto de Guarulhos foi o estilista libanês Elie Saab, que já vestiu a cantora Beyoncé.
- Ele desembolsou R$ 317.526 para conseguir liberar, junto à Receita Federal, 19 vestidos, uma jaqueta e quatro bolsas de sua grife de luxo, conforme mostrou a coluna Mônica Bergamo.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.