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Tuíte engana ao afirmar que Paulo Guedes voltou à diretoria do BTG Pactual

Economista saiu em 1998 de banco que fundou e que viria a ter nome atual em 2009

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São Paulo

É enganoso o post que diz que Paulo Guedes voltou à diretoria do BTG Pactual após se afastar do cargo para ser ministro da Economia de Jair Bolsonaro (PL) e que o banco é dono dos postos de combustíveis BR. A publicação, verificada pelo Projeto Comprova, exagera ao afirmar que a instituição é dona da carteira de devedores do Banco do Brasil. O BTG obteve, de fato, cessão de uma carteira, mas não de todos os créditos do BB.

Guedes, que foi um dos fundadores do banco Pactual em 1983, não estava mais na instituição —que passou a se chamar BTG Pactual em 2009— desde 1998. Contatada pela reportagem, a assessoria de comunicação do banco afirmou que o ex-ministro não tem "nenhuma relação" com a instituição.

Além disso, a empresa proprietária dos postos BR é a Vibra Energia, de capital aberto e que não tem o BTG Pactual no quadro de sócios, ainda segundo a assessoria do banco.

Paulo Guedes, homem branco, aparece do peito para cima, de camisa social clara, gravata e paletó escuro. Ele usa óculos e tem cabelo grisalho. Está gesticulando. O fundo da foto é azul.
O ex-ministro Paulo Guedes; ele não é diretor do BTG Pactual - Adriano Machado - 6.jun.2022/Reuters

O tuíte analisado aqui também aponta que o BTG Pactual é dono de carteira de crédito do Banco do Brasil. Essa informação procede, já que o relatório de crédito foi vendido ao banco no final de 2021. À época, o procedimento foi questionado pela CGU (Controladoria-Geral da União), sob o argumento de que a cessão da carteira de crédito ao BTG ocorreu sem as "devidas justificativas" de mercado.

Aos auditores da CGU, o Banco do Brasil declarou na época que seguiu rigorosos processos de governança para a cessão e que teve assessoramento jurídico e acompanhamento do processo por um comitê de riscos.

A reportagem contatou, por email, a assessoria de comunicação do Banco do Brasil e questionou se houve a cessão da carteira de crédito da instituição para o BTG. O banco estatal confirmou a existência desta operação e afirmou não haver quaisquer irregularidades na transação.

Alcance

O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. O post verificado teve 49,2 mil visualizações, 928 compartilhamentos e mais de 2,3 mil curtidas até 16 de março.

O que diz o responsável pela publicação

Contatado via mensagem privada no Twitter, o autor do perfil @gil_alcon, que se descreve como "petista, lulista e anti-fascista" repetiu que Guedes mantém relação com o BTG Pactual.

Como verificamos

O primeiro passo foi, por meio de buscas no Google, encontrar reportagens, como a da Piauí e da InfoMoney, sobre a relação de Paulo Guedes e das empresas citadas no post. Também foram consultados diferentes sites de empresas e a assessoria de imprensa do BTG Pactual.

O que podemos aprender com esta verificação

Desinformadores costumam criar teorias conspiratórias e "apresentar" informações bombásticas. Quando o conteúdo de um post que não foi publicado por veículos profissionais traz algo que parece ser muito incrível envolvendo o universo político, desconfie. Busque pelos termos usados na publicação em sites de busca e veja se sites de confiança deram a informação.

Por que investigamos

O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp 11 97045-4984. Sugestões e dúvidas relacionadas a conteúdos duvidosos também podem ser enviadas para a Folha pelo WhatsApp 11 99486-0293.

Outras checagens sobre o tema

Paulo Guedes já foi o foco de outras verificações do Comprova, como a de post que engana ao afirmar que ele, quando ministro, anunciou redução em aposentadorias e outros benefícios do INSS e o que mente ao afirmar que ele publicou tuíte com críticas ao Congresso Nacional.

A investigação desse conteúdo foi feita por Folha, Portal Norte e Correio Braziliense e publicada em 16 de março pelo Projeto Comprova, coalizão que reúne 41 veículos na checagem de conteúdos virais. Foi verificada por O Popular, Plural Curitiba, Estadão, NSC e Poder360.

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