Desaceleração no Brasil mostra receio de investidores, diz presidente do Banco Mundial

País deve manter taxa de crescimento abaixo da média da América Latina, que já é considerada baixa

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Washington

A desaceleração econômica no Brasil indica preocupações de investidores com o cenário global desafiador, disse nesta quinta (13) o presidente do Banco Mundial, David Malpass. Ele também citou as incertezas após a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os efeitos da alta das taxas de juros para conter a inflação.

O Brasil deve manter uma taxa de crescimento abaixo da média da América Latina, que já é considerada baixa, assim como em anos anteriores, segundo projeção do banco divulgada na última semana.

A instituição projeta que em 2023 o PIB (produto interno bruto) do país crescerá 0,8% em relação ao ano anterior. O valor é próximo do que o mercado prevê, de 0,9%, segundo o último boletim Focus do BC (Banco Central).

O presidente do Banco Mundial, David Malpass, em entrevista a jornalistas durante reuniões do banco e do FMI em Washington - Elizabeth Frantz - 13.abr.2023/Reuters

A projeção do Banco Mundial é de pouco mais que a metade prevista para o crescimento da América Latina, de 1,4% em 2023, a mais baixa taxa regional no mundo. Nos dois anos seguintes, o crescimento previsto é de 2,4% ao ano.

Malpass destacou que o país aumentou as taxas de juros antes que outros países, entre 2021 e 2022, enquanto ainda havia debate sobre a persistência da inflação e os bancos centrais resistiam a subir os juros.

"O que vemos agora é a reação da alta taxa de juros e também as incertezas da eleição".

"A desaceleração também indica as preocupações de investidores. É um desafio global, os fluxos de investimento em países em desenvolvimento se reverteram e há saída de dinheiro. É urgente para o Brasil ter boas políticas econômicas para acelerar o crescimento, e isso permitirá o gasto que o governo quer fazer com os propósitos sociais e ambientais para mudanças climáticas."

Malpass afirmou que "é vital ter um foco forte no crescimento acelerado no futuro" e que "a boa notícia é que as taxas de juros já subiram". "A maior pressão é a disciplina fiscal e a eficiência das políticas regulatórias para apoiar o crescimento", afirmou.

O americano brincou que virou "uma frase comum" dizer que o Brasil tem um enorme potencial, e destacou a capacidade da produção agrícola e o potencial de atração da cadeia global de suprimentos.

Indicado ainda no governo Donald Trump, David Malpass está de saída do Banco Mundial. Para o seu lugar, o presidente Joe Biden indicou o indiano-americano Ajay Banga, ex-CEO da Mastercard.

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