Lei da UE contra venda de produtos de desmatamento, crise da Tok&Stok e o que importa no mercado

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UE aprova lei contra itens ligados a desmatamento

O Parlamento Europeu aprovou nesta quarta a norma que proíbe a venda no continente de produtos oriundos de desmatamento.

Entenda: a lei barra a comercialização no bloco de qualquer cultura que esteja ligada ao corte de florestas –ilegal ou não– após 2020.

  • Há uma lista de produtos primários na lei: gado, madeira, soja, café, cacau, borracha e dendê. Seus derivados também aparecem, como couro, chocolate, móveis, carvão vegetal etc.

Como vai funcionar: após um período de transição, que está previsto para acabar em agosto de 2024, as empresas europeias terão que garantir com um documento auditado que o produto importado não vem de terras que foram desmatadas.

  • A palavra não basta. Os fornecedores precisarão fazer o rastreio de sua cadeia de fornecimento e prestar informações como coordenadas de localização para que a UE cheque a procedência dos produtos.
  • Os países serão classificados como baixo, médio ou alto risco de desmatamento, o que determinará o nível de fiscalização dos produtos desses países.
  • A empresa europeia que não cumprir com a lei poderá pagar uma multa de 4% de seu faturamento anual.

Reação: em entrevista à agência Reuters, o presidente da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), Luiz Carlos Corrêa Carvalho, afirmou que a legislação europeia busca se sobrepor à brasileira.

  • Ele se referiu ao código florestal nacional, que prevê o desflorestamento legal ao permitir que determinadas áreas da propriedade possam ser utilizadas para a agropecuária.
  • Ainda assim, o setor acredita ser capaz de cumprir as linhas gerais da nova norma.

Tok&Stok: Liquidação e lojas fechadas

Em uma medida para reforçar o caixa, a Tok&Stok está fechando lojas em diversos estados, a maioria delas em shoppings, e oferecendo descontos de até 50% no estoque das unidades que serã encerradas, segundo relatos de clientes.

  • Nos últimos dias, lojas em Fortaleza (CE), Vila Velha (ES), Rio de Janeiro (RJ) e Campinas (SP) fizeram liquidação, e a fila para entrar nos locais chega a duas horas, de acordo com publicações nas redes sociais.
  • Segundo o Sindicato dos Comerciários em São Paulo, o volume de demissões não está acima do convencional.

Entenda a crise da Tok&Stok: a situação complicada da varejista de móveis e itens de decoração veio a público em fevereiro, quando um fundo imobiliário entrou na Justiça pedindo o despejo da empresa de um galpão logístico por falta de pagamento do aluguel.

  • Entre os analistas, a avaliação é de que, após o boom de pedidos gerados pelo efeitos da pandemia, a companhia continuou gastando alto e não se preparou para o cenário azedo de agora.
Interior de uma loja da Tok&Stok - Felipe Gabriel-26.mai.15/Projetor/Folhapress

A Tok&Stok: fundada em 1978 com foco nas classes A e B, a rede tem lojas em 22 estados brasileiros. Além da família Debrule, fundadora da marca, a companhia tem o fundo SPX como acionista relevante.

  • Em 2020, ano de chuva de ofertas na Bolsa, a empresa chegou a protocolar um pedido de IPO, mas não foi adiante com o plano.

Influencers na mira da CVM

A CVM, xerife do mercado de capitais brasileiro, quer que as companhias e os influenciadores financeiros deixem claro para seus seguidores quando suas publicações forem patrocinadas por empresas.

  • A proposta é parte de um estudo sobre a regulamentação da atuação de influenciadores que ainda deve passar por audiência pública antes de começar a valer.

Entenda: o objetivo é dar maior transparência sobre os conteúdos publicados em redes sociais.

  • A proposta da CVM é que as companhias ou fundos listados para investimentos informem quando estão financiando algum influenciador, que também teria o papel de falar que determinada publicação é patrocinada.

Por que importa: o número de influenciadores de finanças no Brasil explodiu a partir de 2020, quando os juros foram a 2% ao ano e investidores antes acostumados com os bons retornos garantidos na renda fixa tiveram que procurar por oportunidades na renda variável.

  • Em um estudo do ano passado da Anbima, entidade autorreguladora do mercado de capitais, 73% dos entrevistados afirmaram que aprenderam a investir seguindo canais do YouTube ou contas de influenciadores.
  • Com o boom de novos investidores pessoas físicas na Bolsa e de influenciadores, passou a ser necessária alguma regulação sobre a atividade para garantir transparência a esse universo.

A CVM também diz que vem trabalhando no mapeamento dos influenciadores e em movimentações atípicas em negociações feitas no mercado por alguns perfis.


Dólar volta aos R$ 5

O mercado financeiro brasileiro começou azedo nesta quarta com as notícias do exterior, e o mau humor entre os agentes só se ampliou durante o dia, fazendo o dólar ultrapassar a barreira dos R$ 5.

Em números: a moeda americana avançou 2,17% ante o real, para R$ 5,08, enquanto a Bolsa caiu 2,12%, a 103.912 pontos. Nos juros futuros, a taxa para o contrato de 2025 passou de 11,98% para 12,11%, e para 2027 saiu de 11,82% para 12,07%.

O que explica

Campos Neto: o presidente do Banco Central disse, em evento em Londres, que o núcleo da inflação ainda resiliente reforça o diagnóstico de que a batalha contra a alta dos preços não está ganha.

  • A declaração passou o recado aos analistas de que a Selic pode demorar para cair além do previsto e pressionou os juros futuros, o que acabou batendo nos ativos da Bolsa.

Arcabouço: apresentado ontem ao Congresso, o texto trouxe como novidade a lista de 13 gastos que não serão considerados para o limite de despesas da nova regra.

  • A proposta não surpreendeu tanto os investidores, que questionam a capacidade de arrecadação do governo para conseguir zerar o déficit até o ano que vem, ainda mais após o recuo na medida que acabava com a isenção em compras internacionais.

Fortalecimento do dólar: dados da inflação britânica acabaram valorizando a divisa dos EUA contra moedas emergentes, mas o real fechou o dia como uma das piores moedas contra o dólar, refletindo a aversão ao risco por aqui.

Outro destaque negativo do dia foi a Vale, segundo maior empresa da Bolsa, que registrou uma produção no primeiro trimestre aquém das expectativas. Suas ações recuaram 2,92%.

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