Descrição de chapéu inss

Operação prende 14 pessoas por 'reviver' mortos e inventar idosos, em fraude contra o INSS

Esquema, que movimentou R$ 8 milhões, usava beneficiários fictícios para retirar pensão por morte ou BPC - Loas

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São Paulo

Uma operação prendeu 14 pessoas na manhã desta terça-feira (25) no Rio de Janeiro. Elas são acusadas de participar de um esquema que causou uma fraude de R$ 8 milhões em benefícios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Entre os presos estão dois advogados que fariam parte da quadrilha.

Além dos detidos nesta manhã, foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão. Há três pessoas foragidas e mais dois mandados de prisão preventiva devem ser cumpridos nesta quarta-feira (26). Também foi solicitado o cancelamento das contas bancárias usadas pelos suspeitos.

Cartões de vários bancos são apreendidos em operação contra fraude no INSS
Cartões bancários usados por quadrilha que fraudava benefícios do INSS - Divulgação/Polícia Federal

O Ministério da Previdência Social informou que os valores poderiam alcançar até R$ 12,3 milhões ao longo dos próximos anos, já que os benefícios eram continuados.

Os mandados foram expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, e a operação foi realizada pela PF (Polícia Federal), em conjunto com a Coinp (Coordenação de Inteligência Previdenciária) do Ministério da Previdência Social e a Centralizadora de Prevenção a Fraudes da Caixa.

Na operação, a Polícia Federal informou que foram apreendidos ainda três pistolas, uma carabina, dezenas de celulares e cartões de crédito usados pelo grupo.

Fraude usava "pessoas mortas"

Segundo a Polícia Federal, os integrantes da quadrilha recolhiam benefícios em nome de pessoas fictícias ou mortas. O esquema teria começado em 2021 e envolvia falsificação de documentos para obter dinheiro através da solicitação de pensão por morte ou do BPC - Loas (Benefício de Prestação Continuada à Pessoa com Deficiência) para idosos carentes.

No esquema, os criminosos alegavam ser procuradores dos solicitantes dos benefícios, que poderiam ser pessoas inexistentes ou então pessoas mortas, que tinham valores nas contas da Caixa e tiveram o cadastro reativado por essa quadrilha. Os responsáveis pela fraude enviavam uma série de documentos falsos para enganar o INSS.

O delegado Renato Gentile, da Polícia Federal, disse que não há funcionários do INSS ou da Caixa entre as pessoas detidas, mas não descarta a hipótese de participação. "A investigação é para identificar de onde vem essas informações para a quadrilha conseguir justamente reativar o benefício em nome de um morto que tinha R$ 50, R$ 60 e até R$ 100 mil represado. Eles iam justamente nestas pessoas com grandes quantias represadas", explicou.

Gentile afirmou que os advogados presos eram os procuradores das pessoas mortas ou fictícias. "Os advogados presos representavam eles. As procurações tinham assinaturas falsas e documentos falsos. Os procuradores estavam por trás das fraudes", disse em entrevista coletiva.

Quando o pedido era aceito, os integrantes da quadrilha sacavam as quantias depositadas em contas abertas em agências bancárias. Outra estratégia do grupo era se passar por outra pessoa, usando documentos falsos, para solicitar e retirar os benefícios.

Armas apreendidas em operação contra fraudes no INSS
Armas apreendidas em operação contra fraudes no INSS - Divulgação/Polícia Federal

O delegado explicou que chamou a atenção o fato de mulheres serem utilizadas na operação. "(Os criminosos) sacavam os benefícios, faziam transferências e chamou nossa atenção a presença de muitas mulheres. Esse grupo se vale dessas mulheres. Elas eram cooptadas para realizarem os saques", disse.

Gentile afirmou que a quadrilha tem ao menos quatro pessoas especializadas em fraudes ao INSS, mas não revelou se elas estão entre os presos nesta manhã. "Existe uma hierarquia e um grupo estruturado. Mas não posso revelar os nomes dos investigados. O objetivo principal é alcançar as lideranças e sufocar o financiamento desse grupo criminoso", avaliou.

Segundo a PF, as 14 pessoas presas nesta terça-feira e mais cinco que ainda estão sendo procuradas devem responder pelos crimes de organização criminosa, estelionato previdenciário, falsidade ideológica, falsificação de documentos públicos e uso de documentos falsos. As penas podem chegar a até 31 anos e oito meses de prisão.

Agora, o INSS deve revisar os benefícios concedidos a essas pessoas mortas ou fantasmas.

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