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Promotoria suíça investiga compra do Credit Suisse pelo UBS

Justiça examinará possíveis violações da lei criminal por funcionários, reguladores e executivos

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Sam Jones
Bellinzona (Suíça) | Financial Times

O Ministério Público da Suíça abriu uma investigação sobre a aquisição do banco Credit Suisse, apoiada pelo Estado, por seu maior rival, o UBS.

A promotoria de Berna está investigando possíveis violações da lei criminal suíça por funcionários do governo, reguladores e executivos dos dois bancos, que concordaram com uma fusão emergencial no mês passado durante um fim de semana frenético, para evitar uma crise financeira potencialmente catastrófica.

"O Ministério Público Federal quer cumprir proativamente sua missão e responsabilidade de contribuir para um centro financeiro suíço limpo, e iniciou monitoramento para tomar medidas imediatas em qualquer situação que se enquadre em seu campo de atividade", disse a autoridade ao Financial Times.

Logo dos bancos suíços UBS e do Credit Suisse em Zurique, Suíça - Denis Balibouse - 20.mar.2023/Reuters

Havia "numerosos aspectos dos eventos em torno do Credit Suisse" que justificavam a investigação, afirmou, que precisavam ser analisados para "identificar quaisquer crimes que pudessem ser da competência do [promotor]".

O promotor Stefan Blättler emitiu uma série de ordens de investigação para órgãos governamentais. Seu gabinete também está em contato com os governos federal e cantonal e provavelmente tentará entrevistar autoridades importantes em relação à aquisição.

O casamento forçado dos dois bancos causou protestos na Suíça: os partidos políticos desencadearam uma sessão especial do Parlamento este mês, na qual provavelmente será votada uma comissão de inquérito formal.

Pesquisas mostram que mais de três quartos dos cidadãos suíços se opõem à aquisição de US$ 3,25 bilhões (R$ 16,25 bilhões), que criará um gigante financeiro com mais de cinco trilhões de francos suíços (US$ 5,5 trilhões, R$ 27,9 trilhões) de ativos sob gestão.

A maioria apoia a legislação para dividir o banco ou até mesmo medidas para recuperar os bônus de funcionários graduados, que segundo eles devem ser responsabilizados por seus atos.

Parlamentares de todo o espectro político também questionaram o uso de poderes de emergência pelo governo –o Conselho Federal, de sete pessoas– para estender garantias financeiras apoiadas pelos contribuintes ao UBS e calar a possível oposição dos acionistas.

O Conselho Federal emitiu uma ordem para eliminar mais de 16 bilhões de francos suíços dos chamados instrumentos de dívida híbridos subordinados AT1 emitidos pelo Credit Suisse para suavizar a aquisição, ao mesmo tempo em que decidiu preservar algum valor para os acionistas.

A medida irritou alguns grandes investidores internacionais de renda fixa e causou preocupação entre os reguladores internacionais sobre seu impacto na capacidade de outros bancos levantarem capital.

Alguns dos investidores afetados prometeram levar o governo suíço e o regulador financeiro ao tribunal por causa da decisão.

Berna insistiu que a urgência da situação no mês passado deixou poucas opções. O Credit Suisse experimentou uma deterioração drástica em sua capacidade de acessar liquidez nos dias anteriores ao término do resgate, em 19 de março, disse o governo.

De acordo com a ministra das Finanças, Karin Keller-Sutter, uma aquisição estatal do banco ou sua dissolução ordenada em um processo conhecido como "resolução" não eram alternativas viáveis à aquisição devido aos riscos financeiros inaceitáveis que representavam para os contribuintes.

Acionistas do UBS e do Credit Suisse –que não puderam se manifestar após o decreto do governo– terão a oportunidade de expor suas queixas na próxima semana, nas reuniões anuais de ambos os bancos

Tradução de Luiz Roberto Gonçalves

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