Revendedores da Tupperware estão otimistas mesmo com risco de falência

Brasileiros têm relação afetiva com potes da marca, que viram até herança de mãe para filha; veja histórias

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São Paulo

Mesmo com o anúncio da Tupperware estar em risco de falir, revendedores da marca no Brasil estão otimistas com a venda dos tradicionais potes no mercado nacional. Além da mudança no modelo dos negócios, o otimismo está ligado principalmente ao afeto que consumidores têm com a marca.

Nesta segunda-feira (10), o anúncio de que a empresa poderia fechar sua operação fez as ações despencarem na Bolsa. O último relatório de resultados da marca registrou uma queda de 18% tanto nas vendas mundiais quanto no total de revendedores e distribuidores.

Para consultores em posição de liderança ouvidos pela Folha, apesar de o alerta feito pela empresa ser preocupante, o mercado nacional de Tupperware não está sendo afetado pela declaração. Os profissionais tratam a operação do conglomerado de potes no Brasil como uma entidade separada da matriz.

Mesa de madeira com tampo de vidro contém vários potes plásticos coloridos, com flores, personagens de desenho, garrafas e uma planta ao lado
Potes da marca Tupperware marcam gerações no Brasil; crise na empresa pode levar companhia à falência - Cristiane Gercina/Folhapress

"Nos Estados Unidos, por exemplo, há uma cultura de fast food, então não tem porque eles terem potes [do tipo Tupperware] em casa. O Brasil tem a cultura de cozinha, de ter sobras", disse Flávia Maciel, liderança de consultores da Tupperware.

Mesmo que a paixão do brasileiro por potes do tipo tenha nascido do hábito de cozinhar além da conta, o modelo de vendas no Brasil continua com a tradição estadunidense de fazer reuniões com clientes –agora no modelo online, graças às redes sociais.

Grupos no Facebook especializados na venda dos produtos da marca chegam a ter 80 mil membros entre revendedores e consumidores. Para os consultores, as redes sociais e aplicativos de mensagens, como WhatsApp, aumentam o alcance e facilidade das vendas.

Mônica Landim, consultora da marca desde 2005, diz que hoje suas vendas vêm 97% das redes sociais. Para ela, isso permite uma dedicação maior com o modelo de negócios.

Com a declaração da empresa americana, muitos usuários no Twitter disseram que aguardam as promoções começarem e que não estão surpresos com o risco de falência devido ao preço dos produtos.

"Tupperware vicia", afirma Eliana Amaral, revendedora da marca há dez anos. Segundo ela, trabalhar com a revenda dos potes é estável porque o produto possui uma clientela fiel, que compra ao menos um a cada novo catálogo que ela recebe.

Mulher branca, de camisa velha, cerca de 60 anos, magra, ao lado de um balcão demosntrando sua coleção de potes da marca Tupperware
Eliana Amaral Moisés Alberto, 63, revendedora da Tupperware há 10 anos - Arquivo Pessoal

Vanusa Oliveira tem uma herança afetiva pelos potes. Seu primeiro contato com a Tupperware foi pela mãe, ainda na infância. Ela procurou se tornar uma representante para atender sua vontade de ter os produtos depois de aposentar-se como professora.

Maria Feitosa dos Santos é outra cliente fiel. Ela guarda potes que comprou há 35 anos. A irmã se tornou revendedora e apresentou a ela os produtos da marca. Desde então, virou cliente fiel.

Em média, ela gasta de R$ 150 a R$ 250 por mês com "tupperwares", que virou sinônimo dos potes de plástico.

Bruna Feitosa dos Santos, filha de Maria, também tem gosto pelos potes. Diferentemente da mãe, ela virou cliente da marca há seis anos e já tem uma coleção de cerca de 30 unidades.

"Quando minha filha casou, a gente dividiu os meus potes e até falou que era a herança da família", conta Maria.

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