Descrição de chapéu Folhainvest Banco Central

BC vê desaceleração do crédito compatível com política monetária

Autarquia considera Selic atual adequada para conter alta dos preços e ancorar expectativas de inflação

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Luana Maria Benedito
São Paulo | Reuters

O Banco Central (BC) reconheceu uma desaceleração da oferta de crédito no Brasil, mas disse ser um movimento compatível com a política monetária de juros mais altos, ao mesmo tempo que avaliou o sistema financeiro nacional como "resiliente" a cenários de estresse macroeconômico.

Na ata da última reunião do Comef (Comitê de Estabilidade Financeira), de 23 e 24 de maio, publicada nesta quarta-feira (31), o BC disse que o crescimento do crédito amplo continuou desacelerando nas diferentes modalidades, compatível com o atual estágio do ciclo de política monetária.

Fachada do Banco Central, em Brasília - Gabriela Biló - 14.abr.2023/Folhapress

A taxa básica de juros (Selic) está atualmente em 13,75% ao ano, nível elevado que tende a restringir a atividade econômica e a oferta de crédito ao encarecer o custo de tomar empréstimos. O BC considera esse patamar de juros adequado para conter a alta dos preços e ancorar as expectativas de inflação.

Dados da véspera confirmaram uma tendência de desaceleração ao mostrarem que as concessões de empréstimos no Brasil recuaram 17,5% em abril na comparação com o mês anterior, com o estoque total de crédito caindo 0,1% no período, a R$ 5,363 trilhões.

Ainda assim, o BC disse na ata do Comef que "os preços dos ativos e o crescimento do crédito não representam preocupação no médio prazo, embora existam incertezas a serem acompanhadas".

Segundo o documento, o sistema financeiro nacional tem mantido capital e ativos líquidos suficientes para absorver potenciais perdas em cenários estressados e cumprir a regulamentação vigente, mostrando resiliência nos resultados de testes de estresse.

"O impacto mais severo continua sendo o observado no cenário de quebra de confiança no regime fiscal, [mas] teste de análise de sensibilidade verificou que mesmo que os ativos problemáticos dobrassem em relação a seus níveis atuais, o sistema não apresentaria desenquadramentos relevantes", disse o BC.

A autarquia alertou que o cenário global prospectivo é adverso e apresenta "riscos que podem levar à materialização de cenários extremos de reprecificação de ativos financeiros globais". Ela citou o colapso de bancos norte-americanos, alertando que, nos Estados Unidos, algumas instituições financeiras ainda enfrentam desafios na captação de depósitos e no gerenciamento de liquidez.

De qualquer forma, "os recentes eventos de resolução bancária observados nas economias avançadas não tiveram impacto relevante sobre o sistema financeiro brasileiro", disse o BC na ata do Comef.

"O Comitê está atento à evolução dos cenários doméstico e internacional e segue preparado para atuar, de forma a minimizar eventual contaminação desproporcional sobre os preços dos ativos locais."

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