Descrição de chapéu Caixin carro elétrico

Carros elétricos avançam na China e impulsionam parcerias com ocidentais

Diante da queda nas vendas de veículos convencionais, empresas querem priorizar eletrificação

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An Limin Ding Yi
Caixin

A Chongqing Changan Automobile planeja acelerar a eletrificação dos produtos de duas de suas joint ventures com montadoras estrangeiras, já que que as marcas nacionais chinesas de veículos elétricos estão ganhando cada vez mais participação de mercado, em detrimento das montadoras de carros movidos por combustíveis fósseis, de acordo com o presidente do conselho da gigante estatal.

A virada no setor foi revelada no Salão do Automóvel de Xangai do mês passado, onde os estandes das marcas chinesas ficaram lotados de visitantes, disse Zhu Huarong, da Changan, em resposta a perguntas de jornalistas durante a apresentação dos resultados da empresa em 2022, na segunda-feira (8). Uma década atrás, os carros fabricados pelas numerosas joint-ventures internacionais da China normalmente seriam o centro das atenções em um evento como esse, ele disse.

Fábrica de carros elétricos em Jinhua, na China - China Daily via Reuters

A Changan está sentindo em primeira mão o efeito da mudança de tendência. Sua parceria com a Ford Motor registrou um declínio de 17,6% nas vendas anuais de automóveis em 2022, enquanto as vendas de sua joint-venture com a Mazda Motor caíram em 21,4%, de acordo com uma declaração da Changan em janeiro. A maioria dos veículos vendidos pelas duas joint-ventures são carros movidos a gasolina.

"Devemos admitir que há alguns desafios para as joint ventures, atualmente", disse Zhu no anúncio de resultados.

Diante da queda nas vendas, as joint-ventures da Changan com a Ford e a Mazda planejam acelerar sua transição para os veículos elétricos, disse Zhu, em um esforço para sobreviver no concorrido mercado automotivo da China, onde cerca de 150 marcas competem. A Changan também planeja se unir à Ford para lançar novos modelos de veículos elétricos no ano que vem, disse Zhu. A empresa tem planos semelhantes com a Mazda, ele acrescentou. A empresa pretende que os veículos de energia nova (NEV, na sigla em inglês) representem 60% de suas vendas totais até 2030.

A BYD, sediada em Shenzhen, que fabrica veículos elétricos puros e híbridos plug-in, liderou o mercado de NEV de passageiros da China no ano passado, com uma participação impressionante de 31,7%, o que contribuiu para que, somadas, as principais marcas chinesas controlassem coletivamente mais de 60% do mercado local de NEV, de acordo com dados da China Passenger Car Association (CPCA).

Em 2022, as vendas de NEVs com marca própria da Changan mais que dobraram, para mais de 271 mil unidades, representando cerca de 12% das vendas totais do grupo, que cresceram apenas 2%, de acordo com o anúncio de janeiro.

A Changan tem duas marcas próprias para veículos elétricos de passageiros - Avatr e Deepal - e anunciou planos para revelar uma terceira, chamada Changan Qiyuan, ainda este ano, que se concentrará em carros econômicos. O único modelo da Avatr, o utilitário esportivo (SUV) Avatr 11, é equipado com software de direção inteligente e sistema de cockpit digital acionado pelo sistema operacional Harmony OS, desenvolvido pela Huawei Technologies.

A empresa também está buscando oportunidades de crescimento em mercados estrangeiros, além da China. A Changan está pronta para investir quatro bilhões de yuan (US$ 580 milhões) em uma fábrica na Tailândia, projetada para atingir uma capacidade futura de 200 mil NEVs por ano, disse Zhu, acrescentando que a empresa pretende entrar no mercado europeu em 2024.

Na mesma coletiva de imprensa, o presidente da Changan, Wang Jun, destacou a guerra de preços em todo o setor no primeiro trimestre, a qual, segundo ele, poderia intensificar a concorrência entre os fabricantes de carros elétricos e movidos a combustíveis fósseis. Ele previu que mais de 40% dos carros novos vendidos na China este ano seriam NEVs.

Em janeiro, a Tesla aumentou os descontos para alguns de seus modelos vendidos na China, desencadeando uma onda de cortes de preços que envolveu vários fabricantes de veículos elétricos conhecidos, como a XPeng e a BYD, bem como joint-ventures que produzem veículos convencionais, a exemplo da Dongfeng Peugeot Citroen Automobile.

Os cortes de preços das joint-ventures que fabricam carros movidos a combustíveis fósseis mostram seu desejo de liquidar os estoques à medida que perdem participação no mercado automotivo interno da China para a Tesla e para as marcas locais de veículos elétricos, disse um analista da Everbright Securities em um relatório de pesquisa de março.

"A guerra de preços pode expulsar as montadoras mais fracas, especialmente as joint ventures", disseram os analistas da Ping An Securities em um relatório em março, citando saídas de marcas estrangeiras, entre as quais Suzuki Motor e Acura, do mercado da China continental nos últimos anos.

Tradução de Paulo Migliacci

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