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Educação cresce no Brasil, mas economia é crucial para aproveitar avanços, dizem economistas

Seminário realizado pela Folha e Ibre-FGV debate ensino e desenvolvimento; confira íntegra

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São Paulo

A educação no Brasil fez progressos importantes ao colocar mais alunos na escola e ampliar os anos de estudo da população, mas é falha em termos de qualidade e inclusão produtiva. Sem crescimento econômico e estabilidade fiscal, o país também continuará patinando para aproveitar os avanços dos últimos anos na área.

A conclusão é de pesquisadores que debateram o tema no seminário online promovido pela Folha e o Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) "O papel da educação no desenvolvimento".

Participaram os economistas Fernando Veloso, coordenador do Observatório da Produtividade Regis Bonelli, do Ibre-FGV, Samuel Pessôa, pesquisador associado do FGV-Ibre, e Thomas Kang, professor de Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com mediação do repórter especial da Folha Fernando Canzian.

Movimentação de estudantes na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), no interior de São Paulo - Luciano Claudino/Código 19/Folhapress - 14.mar.2022

O Observatório da Produtividade Regis Bonelli acaba de disponibilizar em seu site (aberto ao público) dados completos das últimas décadas sobre os avanços do ensino no país, que mostram a melhora e os desafios no setor.

Segundo Pessôa, durante muito tempo o Brasil acreditou que o desenvolvimento viria da acumulação de capital produtivo, e que o aumento da educação seria consequência desse processo. Hoje, afirma, tem-se clareza de que é a educação que deve ser prioridade.

Mas, apesar do aumento nos anos de estudo e da inclusão de mais brasileiros no sistema educacional, o quadro macroeconômico do país não vem abrindo oportunidades a quem estuda mais, e torna-se fundamental estabilizá-lo para que o Brasil e seus estudantes possam aproveitar os avanços.

Em termos de qualidade, Pessôa afirma que a educação poderia se espelhar no que ocorreu na saúde, onde organizações sociais (OS, com participação privada) ajudaram a incrementar o atendimento. Ele também diz que existe um "certo preconceito" em relação ao ensino técnico, o que leva muitos jovens a cursar o ensino superior em áreas em que muitas vezes não obtêm colocação depois.

Para Veloso, apesar das dificuldades, o Brasil avançou muito na área. Segundo ele, até 1992, 2/3 da população ocupada não tinha sequer o ensino fundamental completo. Hoje, 2/3 têm o ensino médio completo. Sem esse avanço, estima, a informalidade no trabalho no país seria hoje cerca de 15% maior. "O problema é que o aumento da educação tem enfrentado um ambiente econômico extremamente inóspito nos últimos anos", afirma

Segundo Kang, um dos problemas da educação brasileira é que durante muito tempo privilegiou-se o ensino superior em detrimento do fundamental, básico e médio, o que vem mudando nos últimos anos. Ele afirma, no entanto, que é difícil esperar saltos na qualidade quando o país tem um passado relativamente recente de baixo nível educacional.

O seminário completo "O papel da educação no desenvolvimento" pode ser conferido abaixo:

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