Reunião entre Biden e republicanos não chega a acordo sobre teto da dívida dos EUA

Presidente disse que todos na reunião entendiam os riscos de um default sem precedentes

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Steve Holland
Washington | Reuters

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e os parlamentares do alto escalão falharam nesta terça-feira (9) em romper o impasse sobre o aumento do limite da dívida do país, de US$ 31,4 trilhões, mas prometeram se reunir novamente três semanas antes de o país ser forçado a um default sem precedentes.

Após cerca de uma hora de conversas no Salão Oval da Casa Branca, Biden, um democrata, e o presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Kevin McCarthy, um republicano, não mostraram sinais de flexibilizar suas posições, com um calote iminente em 1º de junho.

Biden chamou a reunião de "produtiva" e relatou que McCarthy disse durante o encontro que os EUA não dariam calote em sua dívida. "Todos na reunião entenderam os riscos da inadimplência", disse Biden.

O presidente dos EUA, Joe Biden, durante coletiva de imprensa após reunião com republicanos sobre teto da dívida - Kevin Lamarque - 9.mai.2023/Reuters

McCarthy destacou a falta de progresso. "Não vi nenhum movimento novo", disse a repórteres após a reunião, reclamando que Biden não concordou com as negociações até que o tempo se esgotasse. "Essa não é uma maneira de governar", disse ele. A Casa Branca, disse ele, "não tem plano B".

Mas ele afirmou que os dois lados concordaram que suas equipes se reunissem esta semana e que os líderes se encontrassem novamente na sexta-feira, para continuar as discussões.

Mitch McConnell, o líder da minoria no Senado, disse a repórteres que não haveria aumento do teto da dívida sem um corte nos gastos.

Economistas alertam que um calote prolongado pode levar a economia norte-americana a uma recessão profunda com aumento do desemprego, ao mesmo tempo em que desestabiliza um sistema financeiro global construído sobre títulos americanos. Investidores se preparam para o impacto.

Biden também disse que está considerando recorrer à 14ª Emenda da Constituição dos Estados Unidos, mas que fazer isso exigiria uma ação judicial.

Na prática, o presidente dos EUA testaria a constitucionalidade do limite da dívida. "Quando passarmos por isso, estou pensando em dar uma olhada nos meses seguintes para ver o que o tribunal diria", disse Biden a repórteres. "Tenho considerado a 14ª emenda", mas "isso teria que ser litigado", acrescentou.

Biden pede aos parlamentares que aumentem o limite de empréstimo auto-imposto do governo federal sem condições. McCarthy disse que a Câmara não aprovará nenhum acordo que não corte gastos para lidar com um crescente déficit orçamentário e sinalizou que não vê uma solução de curto prazo.

Embates anteriores pelo teto da dívida geralmente terminavam com um acordo feito às pressas nas horas finais das negociações, evitando assim um calote. Em 2011, a disputa levou a um rebaixamento histórico da classificação de crédito de alto nível do país. Os veteranos dessa batalha alertam que a situação atual é mais arriscada, porque as divisões políticas aumentaram.

INVESTIDORES OBSERVAM DE PERTO

A Câmara de Comércio dos EUA, a maior associação empresarial do país, pediu nesta terça um acordo bipartidário "rápido" sobre o limite da dívida, que também incluiria projetos de energia que permitem reformas e um acordo sobre limites de gastos discricionários.

Poucos países no mundo têm leis de teto de endividamento, e a suspensão periódica do limite de endividamento por Washington apenas permite que o país pague pelos gastos que o Congresso já autorizou.

Biden concordaria com uma discussão separada sobre o orçamento, mas não vinculada ao teto da dívida, disse a Casa Branca.

O início das negociações ativas pode, no entanto, acalmar os nervos dos investidores que, na semana passada, forçaram o governo federal a pagar os juros mais altos de sua história por uma emissão de dívida de um mês.


O que os democratas e republicanos estão discutindo?

Os partidos buscam chegar a um acordo sobre o tanto que o governo americano pode se endividar. Atualmente, a dívida pública dos EUA é de US$ 31,4 trilhões.

Por que isso importa?

Se o teto da dívida não for aumentado, ou se não houver um corte de gastos, o governo pode ser forçado a um calote, o que geraria uma crise profunda no mercado financeiro global.

Até quando o acordo deve ser feito?

Segundo o Departamento do Tesouro, o país tem até 1º de junho para elevar o teto da dívida.

Quais são os resultados possíveis?

  1. O Congresso pode aumentar o teto da dívida sem condicionalidades, resultado que os democratas desejam. É também o acordo historicamente mais comum quando os EUA chegam perto de estourar o teto.
  2. Os dois lados podem chegar a um acordo que eleve o teto da dívida, mas condicionado a um corte de gastos públicos, resultado desejado pelos republicanos.
  3. Se as partes não chegarem a um acordo, o governo Biden ainda considera recorrer à 14ª Emenda da Constituição, mas para fazê-lo seria necessário uma decisão judicial.
  4. A última possibilidade, e a mais improvável, é que o governo dos EUA atinja o teto da dívida sem acordo definido e não possa mais pagar por nada, incluindo programas federais ou a própria dívida, gerando um colapso financeiro.

Fonte: The New York Times

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.