Amazon mira telefonia móvel, startup de planos de saúde capta R$ 90 milhões e o que importa no mercado

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Amazon de olho em mais um setor

As ações das maiores empresas de telefonia dos EUA caíram na última sexta (02) com a notícia publicada pela Bloomberg de que a Amazon negocia sua entrada no setor.

O que noticiou a Bloomberg: a varejista está conversando com grandes operadoras, como Verizon e T-Mobile, com a ideia de oferecer planos de telefonia móvel por US$ 10 (R$ 50) por mês.

  • O serviço poderia ser inclusive gratuito para membros do plano de assinatura Prime.
  • Outra empresa citada foi a Dish Network, operadora de TV por satélite que vem há algum tempo investindo em infraestrutura para entrar no setor de telefonia móvel.
  • Os detalhes, segundo a reportagem, poderiam ser anunciados ainda em junho, apesar de existirem fatores que possam adiar ou inviabilizar o lançamento.

Em nota, a Amazon afirmou que segue explorando novos benefícios para membros Prime, mas que "não há planos de adicionar redes móveis neste momento". T-Mobile e Verizon também negaram haver conversas nesse sentido.

As ações da Dish fecharam em alta de 16%, enquanto as de Verizon e T-Mobile recuaram 3,2% e 5,6%, respectivamente.



O que explica a reação do mercado: a entrada da big tech certamente abalaria as concorrentes que já operam no setor, o que poderia levar a uma guerra de preços e queda de margens.

Já uma eventual parceria com a Dish daria escala às operações da companhia e a colocaria entre as gigantes da telecom. Conversas entre as duas já haviam sido noticiadas pelo Wall Street Journal no mês passado.

Qual a ideia da Amazon? A empresa fundada por Jeff Bezos tem investido em uma série de setores além do varejo. A inspiração pode estar na China, onde o modelo de empresas "tudo em um" já é consolidado.

  • Para citar apenas um exemplo, no ano passado ela gastou US$ 3,9 bilhões (R$ 19,3 bilhões) para comprar a One Medical, de serviços de saúde.
  • Em comum, as empresas recém-adquiridas pela Amazon lidam com uma quantidade massiva de dados de usuários –assim como as telecoms.

Startup da Semana: Sami

O quadro traz às segundas o raio-x de uma startup que anunciou uma captação recentemente.

A startup: fundada em 2020, a healthtech (startup de saúde) é uma operadora de planos de saúde empresariais a partir de uma vida –opção que inclui os MEIs (Microempreendedor Individuais).

  • Com 18 mil usuários ativos, a Sami quer chegar a 27 mil neste ano e dobrar o faturamento, para R$120 milhões.
  • O breakeven (equilíbrio entre receitas e custos) é esperado para até 2024.

Em números: a startup anunciou na última semana uma captação de US$ 18 milhões (cerca de R$ 90 milhões) em uma rodada série B (entenda aqui as etapas de investimento em startups).

Quem investiu: o aporte foi liderado por Redpoint eventures e Mundi Ventures –fundo europeu com 500 milhões de euros sob gestão que agora passa a investir na América Latina, onde pretende alocar US$ 100 milhões.

Que problema resolve: a Sami é uma das healthtechs fundadas durante a pandemia com a ideia de apostar no tratamento preventivo para reduzir internações –e, consequentemente, despesas.

  • O primeiro atendimento costuma ser pelo app, por onde o usuário se consulta com uma equipe formada por médico de família, coordenador e enfermeiro.
  • A empresa diz que a frequência de internação nos últimos 12 meses foi 39% menor do que as grandes seguradoras e 9% abaixo das operadoras verticalizadas.

Por que é destaque: o aporte é raro para os dias atuais, em que o foco está em rodadas menores e em fases iniciais, mas também mostra o interesse dos investidores em um setor que passa por dificuldades no país.

  • Os planos de saúde fecharam com prejuízo operacional de R$ 11,5 bilhões em 2022, com uma taxa de sinistralidade (relação entre o custo dos procedimentos e o valor pago pelos usuários) de 89,21% no último trimestre.
  • A Sami, por outro lado, diz que seu patamar de sinistralidade está em cerca de 71%.


Números do mercado

Seguindo o cenário negativo recente, os investimentos em startups da América Latina divulgados em maio deste ano registraram o pior patamar desde julho de 2020.

Foram 70 rodadas com US$ 253 milhões (R$ 1,2 bi) investidos, queda de 81% em relação ao mesmo mês de 2022. Considerando apenas o Brasil, o tombo foi quase do mesmo tamanho (79%).

Os dados foram fornecidos pela plataforma Sling Hub.


Gastos com cartões no exterior aumentam

No primeiro ano livre das restrições promovidas durante a pandemia, os gastos de brasileiros com cartões no exterior alcançaram US$ 2,72 bilhões (R$ 13,47 bilhões) no primeiro trimestre.

  • Na comparação com o mesmo período do ano passado é uma alta de 53%. Em relação a 2019, ano pré-pandemia, o crescimento foi de 23,6%.

O que explica: além da retomada das viagens, hoje os brasileiros têm muito mais opções, tanto em fintechs quanto em bancões, para adotar a modalidade de cartão internacional.

  • O principal benefício dessas contas globais é a cobrança de IOF (Imposto Sobre Operações Financeiras), cuja alíquota é de 1,1%.
  • Quando o consumidor usa um cartão emitido no Brasil para fazer compras lá fora (presencialmente ou em sites do exterior), essa taxa vai para 5,38%.

As contas globais também passaram a ser mais procuradas recentemente por investidores que desejam diversificar suas carteiras, tanto com a compra direta de ações lá fora quanto com a aquisição de títulos da dívida americana.

Quem está na jogada: há bancos digitais brasileiras (Nomad, Inter, BS2, XP), fintechs internacionais que operam aqui (Revolut, Wise), empresas que são sócias de bancões (Avenue-Itaú, C6-JP Morgan), entre outros.

Mais sobre investimentos

Após a última divulgação do PIB ter reforçado a importância do agro para o país, o colunista Marcos de Vasconcellos mostra como o investidor pode surfar nessa onda.

O ouro valorizou 6,7% em 2023. Veja no blog De Grão em Grão se ainda é uma oportunidade.


Varejo vê pouco espaço para alívio

Depois de um primeiro trimestre negativo para o varejo, demonstrado por prejuízo, aumento das perdas ou queda no lucro das dez grandes redes do país com ações em Bolsa, a luz no fim do túnel para o setor não parece tão próxima.

Mesmo que o início do ciclo de corte de juros se confirme no segundo semestre, como esperam os analistas, o setor ainda conviverá com uma taxa em patamares altos e uma população endividada que já consumiu boa parte da poupança construída durante a pandemia.

Em números: os saques líquidos (retiradas menos depósitos) da poupança chegaram a R$ 57,5 bilhões em abril, segundo dados do BC.

Por que os juros penalizam mais o setor? Porque ele atinge em cheio as duas pontas:

As varejistas são muito dependentes de crédito para operar. Com a Selic nas alturas, não só novos empréstimos se tornam mais caros, mas também a gestão da dívida assumida em anos anteriores.

Sem poupança e endividados, os consumidores perdem o apetite. As compras parceladas sem juros, que poderiam ajudar, são cada vez mais raras diante do menor acesso das empresas à crédito.

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