Descrição de chapéu mercado de trabalho PIB

Brasil pode criar até 1,5 mi de vagas formais em 2023

Previsão é de José Pastore, em debate Folha-FGV com Fernando de Holanda Barbosa

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São Paulo

A geração de vagas formais no mercado de trabalho deve continuar positiva até o fim do ano, podendo chegar à criação de 1,5 milhão de postos em 2023. A renda média dos trabalhadores, no entanto, ainda pode demandar mais tempo para aumentar.

Segundo José Pastore, professor titular aposentado da Faculdade de Economia da USP e Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador do Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), em seminário online promovido pela Folha e a FGV, a recuperação do emprego reflete a volta ao normal das atividades comprometidas durante a pandemia.

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Trabalhadores em linha de produção de motores em fábrica da montadora Ford - Diego Padgurschi/Folhapress

Segundo o IBGE, a geração de empregos formais vem acelerando. Nos 12 meses terminados em abril, o país criou 1,9 milhão de vagas formais, sendo 705 mil delas apenas nos quatro primeiros meses deste ano.

Barbosa Filho destaca que, nos anos de 2017 e 2018, quando o país se recuperava da forte recessão do biênio 2015-2016, a maior parte das vagas criadas eram informais. Agora, passada a pandemia, há mais força na formalização. Atualmente, 61,1% dos empregos disponíveis no Brasil são com carteira assinada.

Pastore afirma, no entanto, que cerca de dois terços dos empregos criados seguem sendo de baixa qualidade, com a maioria dos contratados tendo apenas o ensino médio completo ou menos. "Isso é algo que não se resolve no curto prazo", afirma.

Barbosa Filho pondera ainda que a atual taxa de desemprego —de 8,5% até abril e a menor desde abril de 2015— pode refletir uma menor participação de pessoas desempregadas na busca por uma vaga.

Segundo ele, isso pode estar relacionado ao aumento do valor agora pago pelo Bolsa Família, de R$ 705, em média. "Isso equivale a cerca de 70% de um salário mínimo, o que pode estar retirando pessoas do mercado, trazendo implicações futuras negativas na produtividade."

Barbosa Filho afirma que possivelmente a renda média do trabalho não tem crescido com tanta força (estava em R$ 2.891 ao mês em abril, ainda abaixo do pré-pandemia) por conta da menor quantidade de pessoas buscando emprego. "O mercado não está tão apertado a ponto de pressionar os salários", diz.

Segundo os economistas, duas forças contrárias atuam no mercado de trabalho neste momento. Se, por um lado, a taxa básica de juros (13,75% ao ano) segue elevada, contendo o crescimento, a desaceleração da inflação melhorará a renda disponível das famílias e a atividade.

Mas, na avaliação de ambos, o governo Lula deveria trabalhar para reduzir as incertezas no campo macroeconômico (abandonando tentativas de retrocesso em reformas e críticas ao Banco Central) para criar um ambiente mais favorável e confiável aos empresários para que invistam e criem mais empregos.

Assista à íntegra do seminário provido pela Folha e a FGV:

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