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Economia deve crescer mais de 5% no Sul e no Centro-Oeste, prevê consultoria

Agronegócio faz ritmo dessas regiões superar o do restante do Brasil em 2023, segundo a MB

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Rio de Janeiro

Com o impulso da safra agrícola, a atividade econômica tende a crescer acima de 5% nas regiões Sul e Centro-Oeste do Brasil em 2023, projeta a consultoria MB Associados.

Assim, a dupla deve se descolar das regiões mais dependentes dos setores urbanos, como é o caso do Sudeste. Nesses locais, a previsão é de um desempenho inferior com o aperto dos juros altos sobre o consumo, segundo a consultoria.

"É como se tivéssemos dois Brasis", afirma o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, responsável pelas projeções.

"Um é o Brasil das commodities, que vão bem, e o outro está sentindo mais o efeito dos juros", completa.

Soja é carregada em um caminhão após a colheita em uma fazenda no interior de Goiás - Adriano Machado - 9.fev.2023/Reuters

No acumulado de 2023, a atividade econômica tende a crescer 5,98% no Sul e 5,08% no Centro-Oeste, conforme a MB. O avanço deve ficar em 2,86% no Norte, em 1,46% no Nordeste e em 1,18% no Sudeste.

As previsões são baseadas nos dados de atividade econômica divulgados pelo BC (Banco Central). A autoridade monetária publica o IBCR, com recortes regionais, e o IBC-Br, com abrangência nacional.

Os indicadores sinalizam tendências para o PIB (Produto Interno Bruto), calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Segundo Vale, os dados das Contas Nacionais do instituto, que mostram o comportamento do PIB, também são observados para a análise do cenário.

Conforme o IBGE, o PIB brasileiro cresceu 1,9% no primeiro trimestre de 2023, período mais recente com informações disponíveis.

O impulso veio da alta de 21,6% da agropecuária, a maior desde 1996, enquanto o setor de serviços avançou 0,6%, e a indústria recuou 0,1%. O resultado do campo está associado às projeções de safra recorde em 2023.

No caso do Sul, Vale pondera que a alta de 5,98% prevista para a atividade econômica neste ano vem após um desempenho mais fraco em 2022 (1,09%). À época, a produção agropecuária da região foi prejudicada por uma seca de grandes proporções.

Também houve estiagem em 2023, mas a falta de chuva ficou mais restrita a áreas do Rio Grande do Sul.

"A seca foi mais extensa no ano passado e ficou mais concentrada neste ano", afirma Vale.

No Centro-Oeste, a previsão de crescimento de 5,08% em 2023 surge após um avanço até mais forte da atividade econômica em 2022 (5,83%).

Neste ano, diz Vale, é a produção em quantidade maior que tende a estimular a agropecuária local. Nos anos anteriores, houve impulso do câmbio e dos preços mais altos das commodities, segundo ele.

"Os preços e o câmbio foram muito relevantes para aumentar a renda. Agora, o impacto é do volume de produção", afirma.

A MB espera uma desaceleração tanto para o Sudeste quanto para o Nordeste em meio ao cenário de juros altos, que afetam segmentos como o comércio e a indústria.

No Sudeste, a previsão de alta de 1,18% em 2023 vem após crescimento de 3,45% em 2022. No Nordeste, a projeção indica avanço de 1,46% neste ano, depois da elevação de 3,84% no ano passado.

O Norte, por sua vez, deve ficar no meio do ranking das regiões. A MB espera que a atividade econômica local suba 2,86% após alta de 2,2% em 2022.

O desempenho do setor extrativo e o peso da agropecuária em parte da região tendem a compensar o efeito dos juros altos sobre consumo e investimentos. "É uma região mais difusa", aponta Vale.

Safra deve impactar inflação de alimentos

A MB ainda afirma que a previsão de safra recorde deve gerar alívio para os preços dos alimentos em 2023. A carestia da comida vinha sendo uma das vilãs da inflação para os brasileiros.

Por ora, a consultoria estima que a alimentação no domicílio suba 3,2% no acumulado de 2023 no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que é divulgado pelo IBGE. O viés da estimativa da MB é de baixa.

Ou seja, o avanço pode ficar ainda menor, e até uma deflação (queda dos preços) não é descartada. A alimentação no domicílio fechou o ano de 2022 com alta acumulada de 13,23%.

"Talvez a gente esteja caminhando para o cenário de 2017", diz Vale.

Naquele ano, o crescimento da safra contribuiu para jogar a inflação dos alimentos para baixo, de acordo com o economista. Houve deflação de 4,85% à época.

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