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O que diz a radiografia das empresas exportadoras do Brasil

Entender a dinâmica das firmas exportadoras é fundamental para estimular participação no comércio exterior

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Tatiana Prazeres

Secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços

Entender a dinâmica das firmas exportadoras é fundamental para que possamos estimular nossa participação no comércio exterior.

Quais são as empresas brasileiras que exportam? Para que países vendem? O que determina a escolha dos mercados a serem explorados? Depois de começarem a exportar, elas conseguem se manter no mercado externo? Para obter respostas a essas e a outras perguntas, o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) realizou uma radiografia inédita sobre as empresas exportadoras brasileiras.

O levantamento identificou que somente 1% das firmas brasileiras vendem para o exterior —ou seja, são apenas cerca de 25 mil firmas as que têm acesso ao mercado externo.

Movimento no Tecon Santos, terminal de contêineres da Santos Brasil - Eduardo Anizelli - 7.out.2021/Folhapress

Chamou a atenção o fato de que 61% dessas empresas realizam negócios na América Latina, o que reforça a importância da integração regional. Além das vantagens da proximidade geográfica e cultural, os produtos brasileiros encontram tarifas mais baixas na região, fruto de acordos comerciais.

De fato, as tarifas médias impostas pelos parceiros comerciais do Brasil figuram como um fator relevante para empresas exportadoras definirem o destino de suas mercadorias. Ou seja, os dados confirmam que mercados que aplicam tarifas de importação elevadas têm chances menores de serem explorados.

Por outro lado, identificamos que, na definição dos seus países alvo, as empresas exportadoras têm passado a dar mais atenção ao tamanho do mercado consumidor. De 2018 a 2020, aumentou em 24% o número de empresas exportando para a China. Para os EUA, o crescimento foi de 21%. Para a União Europeia, de 16%. Por outro lado, o número de firmas exportando para o Mercosul cresceu apenas 2%.

Salvo honrosas exceções, ainda é tímida a atuação externa das empresas brasileiras.

A probabilidade média de uma firma começar a exportar desde sua abertura até dez anos de funcionamento é de apenas 1%. Para a indústria de transformação, a chance aumenta para 4%. Empresas maiores, com mais de 250 empregados, têm probabilidade de 22% de conquistar o mercado externo em sua primeira década de existência.

Entre as empresas que conseguem vender para outros países, a chance de seguir exportando após o primeiro ano de vendas externas é de aproximadamente 65%. O estudo também revelou que a maior parte das empresas exporta de maneira esporádica. Períodos de exportações ininterruptos possuem duração mediana de três anos. Manter as empresas no mercado externo é um desafio importante.

Nosso levantamento ainda constatou que empresas exportadoras, em média, pagam salários maiores, contratam mais e empregam uma proporção maior de trabalhadores com ensino superior em comparação com as empresas não-exportadoras.

O prêmio salarial pago pelas empresas exportadoras em relação às não-exportadoras varia de 36% a 124%, dependendo do setor de atividade da empresa.

O mapeamento que realizamos confirmou que as empresas que atuam no comércio exterior são concentradas regionalmente. Em 2020, os estados de São Paulo e do Rio Grande do Sul concentravam 54% das firmas exportadoras brasileiras. Cerca de 90% das que venderam para outros países naquele ano concentravam-se nas regiões Sudeste e Sul.

Além disso, o percentual de firmas que exportaram para países do Mercosul foi quase 2,5 vezes maior nas regiões Sul e Sudeste do que nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Constatamos que as exportadoras localizadas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste possuíam maior escala em média, com 30% mais empregados do que as estabelecidas no Sul e Sudeste.

O estudo inédito realizado pelo MDIC nos permite mapear desafios para promover nosso comércio exterior. O objetivo agora é avançar na agenda de competividade para o país –e a reforma tributária, por exemplo, dará uma enorme contribuição não apenas para que a produção aqui seja mais competitiva, mas também para que o país pare de exportar tributos, o que hoje ainda é uma realidade.

A inserção competitiva do Brasil na economia mundial promove a expansão da renda, melhora a produtividade da economia e estimula o desenvolvimento tecnológico no país.

Simplificar, desburocratizar, superar barreiras, concluir novos acordos, melhorar o financiamento, promover cultura exportadora e fortalecer a promoção comercial são medidas que contribuirão para ampliar a base exportadora do Brasil, fazendo com que um número maior de empresas possa gerar emprego e renda no país.

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