Para inflação continuar melhorando, ala política do governo precisa mostrar responsabilidade fiscal, diz Mansueto

Haddad demonstra compromisso em melhorar contas públicas, mas é preciso sinalização do governo como um todo, afirma economista do BTG

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São Paulo

O início do ciclo de cortes de juros nos próximos meses deve se confirmar à medida que os dados de inflação continuem na recente trajetória de desaceleração, afirmou nesta quarta-feira (28) o economista-chefe do BTG Pactual, Mansueto Almeida.

Para que isso aconteça, porém, é necessário que a ala política do governo, e não apenas a equipe econômica, demonstre estar comprometida com a responsabilidade na condução das contas públicas, afirmou o ex-secretário do Tesouro.

"Para o cenário de inflação continuar melhorando, a gente tem que cada vez mais dar um sinal de responsabilidade fiscal. O ministro da Fazenda [Fernando Haddad] tem feito um trabalho de mostrar seu compromisso em melhorar as contas públicas, mas a gente precisa escutar a mesma coisa da ala política do governo e deixar muito claro que não é um compromisso apenas do ministério da Fazenda", afirmou Mansueto durante evento promovido pelo BTG.

A sinalização da responsabilidade com a política fiscal do governo como um todo ajudaria a reduzir as expectativas de inflação dos agentes financeiros, o que abriria espaço para o BC eventualmente promover um corte na taxa Selic acima do que o mercado prevê hoje, disse.

Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual, durante entrevista em Brasília - Adriano Machado - 12.fev.2020/Reuters

O economista-chefe do BTG afirmou ainda que a manutenção da meta de inflação em 3% ao ano, com a mudança no período que o BC precisa alcançar o objetivo, também tende a contribuir para reduzir o nível da inflação projetada pelo mercado à frente, sendo mais um fator a favor da redução dos juros.

O CMN (Conselho Monetário Nacional) se reúne nesta quinta-feira (29) para discutir as metas de inflação para os próximos anos.

Enquanto no início do ano os agentes financeiros ficaram receosos com a possibilidade de uma mudança na meta de inflação, agora a expectativa é que haja alguma flexibilização não no número a ser perseguido, mas no período que a autoridade monetária terá para alcançar o objetivo, o que trouxe algum alívio aos investidores, até por ser uma prática comum nas economias desenvolvidas.

"É importantíssimo criar as condições para o Banco Central cortar de uma forma planejada a taxa de juros, de tal forma que a gente possa ter para 2024 a inflação caminhando para a meta e um crescimento maior [da economia]", afirmou Mansueto.

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