Mais altas de juros estão por vir, dizem chefes de bancos centrais estrangeiros

O aperto da política monetária ainda não teria tido tempo suficiente para controlar a inflação

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Balazs Koranyi Francesco Canepa
Sintra (Portugal) | Reuters

Os líderes dos principais bancos centrais do mundo reafirmaram nesta quarta-feira (28) que veem a necessidade de mais aperto da política monetária para domar a inflação alta, mas ainda acreditam que podem conseguir isso sem desencadear recessões.

O presidente do Fed (Federal Reserve), Jerome Powell, não descartou novos aumentos em reuniões consecutivas do banco central dos Estados Unidos, enquanto a presidente do BCE (Banco Central Europeu), Christine Lagarde, confirmou as expectativas de que o banco aumentará as taxas em julho, dizendo que tal movimento é "provável".

"A política monetária não tem sido restritiva o suficiente por tempo suficiente", disse Powell em um encontro anual de banqueiros centrais organizado pelo BCE em Sintra, Portugal.

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, testemunha no Capitólio em Washington, EUA - Jonathan Ernst - 21.jun.2023/Reuters

"Eu não descartaria movimentos em reuniões consecutivas de forma alguma", disse ele. A próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto do Fed para definição de juros está marcada para 25 a 26 de julho.

Powell disse que o mercado de trabalho dos EUA, em particular, precisa abrandar ainda mais para aliviar a pressão sobre os preços. Embora reconheça uma "probabilidade significativa" de que isso possa levar a uma recessão, ele disse que "não é o cenário mais provável".

Lagarde disse que é possível que a economia estagnada da zona do euro entre em recessão total este ano, mas enfatizou que essa não é a expectativa básica do BCE.

"Ainda temos mais terreno a percorrer", disse ela sobre a luta contra a inflação. "Não estamos vendo evidências tangíveis suficientes do fato de que a inflação subjacente, principalmente os preços domésticos, está se estabilizando e caindo", disse ele.

O presidente do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, disse ao mesmo painel que o aumento inesperado de 50 pontos-base na taxa de juros britânica da semana passada refletiu uma economia resiliente e uma inflação persistente, acrescentando que o banco central britânico atualmente não prevê uma recessão.

Sobre o futuro movimento de política monetária para reduzir a taxa de inflação do Reino Unido, que é a mais alta entre as nações ricas do Grupo dos Sete, Bailey disse: "Faremos o que for necessário."

O presidente do Banco do Japão, Kazuo Ueda, teve uma mensagem marcadamente diferente no painel, dizendo que o banco central japonês veria boas razões para mudar de sua política monetária relativamente mais frouxa se ficasse "razoavelmente certo" que a inflação vai acelerar em 2024 após um período de moderação.

Embora a inflação esteja acima de 3%, o Banco do Japão está mantendo a política monetária frouxa porque a inflação subjacente permanece abaixo de sua meta de 2%, disse Ueda.

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