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Bolsa tem queda pressionada por Vale e varejo; dólar volta a subir

Investidores aguardam pronunciamentos de autoridades do Fed e divulgação de dados de inflação no Brasil

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São Paulo

A Bolsa brasileira registrou queda de 0,80% nesta segunda-feira (10), fechando o dia em 117.942 pontos, sob pressão de ações da Vale e de empresas do setor de varejo.

Já o dólar voltou a subir frente ao real, num dia marcado por ajustes e com investidores repercutindo declarações de autoridades do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) e dados sobre a economia chinesa. A moeda americana teve alta de 0,32% no dia, cotada a R$ 4,882.

Nesta segunda, o boletim Focus, do Banco Central (BC), mostrou que o mercado reduziu as expectativas de inflação para este ano pela oitava semana seguida. Agora, a projeção é de que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), índice oficial de inflação do Brasil, encerrará este ano em alta de 4,95%, ante os 4,98% da pesquisa anterior.

As expectativas para Selic (taxa básica de juros) e crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) no fim de 2023 foram mantidas em 12,00% e 1,28%, respectivamente.

O mercado aguarda, agora, a divulgação do IPCA de junho, prevista para terça (11).

Dólar fechou estável em dia de cautela com cenário internacional - Dado Ruvic - 17-Jul-2022/Reuters

Mesmo com a melhora das expectativas de inflação, os juros futuros no Brasil registraram alta nesta segunda. Os contratos com vencimento em janeiro de 2024 foram de 12,78% para 12,83%, enquanto os para 2025 subiram de 12,69% para 12,78%.

O operador de renda variável Guilherme Paulo, da Manchester Investimentos, diz que a alta nos juros futuros pode estar associada à projeção de inflação para 2024 divulgada pelo Focus desta semana, que foi mantida em 3,92%.

"O BC precisa de uma melhora na expectativa de longo prazo. É importante que essas projeções caiam semana a semana, como vinha acontecendo. Essa interrupção pode ter causado receio no mercado sobre a ancoragem da inflação", afirma Paulo.

No exterior, a China divulgou nesta segunda que os preços ao produtor do país caíram em seu ritmo mais rápido em mais de sete anos em junho, enquanto os preços ao consumidor ficaram perto da deflação.

"Trata-se de mais um indicativo da fraqueza da economia chinesa", disse a XP em nota sobre os dados, embora tenha ponderado que os números podem gerar "expectativa de anúncio de mais estímulos pelo governo" chinês.

A notícia teve impacto direto nas ações da Vale, que caíram 1,46% e foram o maior foco de pressão do Ibovespa com o declínio dos preços de minério de ferro no exterior. As ações da mineradora, que é a maior empresa da Bolsa, foram as mais negociadas da sessão.

O setor de varejo também registrou queda e puxou o Ibovespa para baixo. O índice Icon, que mede o desempenho das empresas de consumo da Bolsa brasileira, caiu 0,94% no dia.

Segundo o economista Alexsandro Nishimura, sócio da Nomos, o movimento de alta nos mercados futuros teve impacto no setor, que é mais sensível ao movimento dos juros.

O tombo do varejo foi liderado pela Renner, que fechou em queda de 6,46%. Desempenhos negativos de Via e Magazine Luiza, que caíram 4,24% e 3,77%, respectivamente, fizeram pressão adicional, com as duas figurando entre as maiores perdas da sessão.

Na outra ponta, a Petrobras aliviou a queda do Ibovespa, registrando alta de 0,17% em seus papéis preferenciais.

A Ambev também subiu e ficou entre as mais negociadas da sessão, com ganho de 0,60% em dia de recuperação após acumular queda de 3,6% na semana passada. A companhia teve impulso adicional após o Bank of America ter elevado recomendação de compra para seus papéis.

No câmbio, os números fracos da inflação chinesa reforçaram preocupações em torno da recuperação econômica do gigante asiático, importante comprador de commodities do Brasil. Isso ajudou a manter o real em baixa, dando suporte ao dólar.

Além disso, projeções de aumentos de juros nos EUA e de corte da Selic no Brasil podem dar sustentação ao dólar.

Embora o real tenda a se beneficiar de juros altos, parte dos investidores acredita que os custos dos empréstimos seguirão em nível favorável à rentabilidade da divisa local mesmo que a autarquia comece a afrouxar a política monetária. Além disso, economistas têm pontuado que juros mais baixos podem beneficiar o crescimento econômico num prazo mais longo, o que pode estimular investimentos no Brasil.

No exterior, porém, a moeda americana teve queda ante outras moedas fortes.

O mercado aguarda, agora, dados de inflação do Brasil e dos EUA, que podem tornar mais claro o cenário para decisões sobre juros do Fed.

Nesse cenário, os principais índices de ações americanos tiveram alta. O Dow Jones, o S&P 500 e o Nasdaq subiram 0,62%, 024% e 0,18%, respectivamente.

Com Reuters

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