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Bolsa cai após dados fracos de vendas do varejo no Brasil

Dólar tem leve alta, mas acumula perda na semana com expectativa de fim de alta de juros nos EUA

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São Paulo

A Bolsa brasileira caiu 1,30% nesta sexta-feira (14) após a divulgação de dados sobre o setor de varejo brasileiro em maio, que frustraram as expectativas do mercado ao apontarem quedas nas vendas. Na semana, o Ibovespa acumula leve queda de 0,10%, fechando aos 117.710 pontos.

Já o dólar firmou alta no dia após ter registrado quedas nos últimos três pregões, o que tende a gerar movimentos de correção. A divisa americana fechou a sessão desta sexta cotada a R$ 4,795, com leve alta de 0,10%.

Na semana, porém, o dólar acumula queda de 1,45% ante o real e registrou seu pior desempenho em oito meses em relação a outras moedas fortes.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta sexta que o volume de vendas no varejo teve queda de 1,0% em maio na comparação com o mês anterior, e caiu também 1,0% em relação ao mesmo período de 2022, marcando a primeira taxa interanual negativa após nove meses de altas.

O resultado marcou o pior mês de maio para o setor varejista desde 2018, enquanto a queda de 1,0% frente a abril representou a taxa mais baixa do volume de vendas desde dezembro de 2022 (-2,7%). Os dados também ficaram bem abaixo da expectativa do mercado, que esperava cerca de 2% de alta em 12 meses.

"Com os juros altos, o crédito vem sendo impactado e é um fator importante" disse Cristiano Santos, gerente da pesquisa. "Maio é o mês das mães e mesmo assim houve queda nas vendas do comércio".

Nota de cem dólares
Nota de cem dólares - Sam Mircovich/Reuters

O chefe de pesquisa macroeconômica da Kinitro Capital, João Savignon, aponta que o resultado das vendas em supermercados foi o que mais surpreendeu. O setor teve queda de 3,2% em junho, após apresentar crescimento de 3,6% em abril.

"O desempenho ruim já era esperado para as atividades mais dependentes de crédito, como móveis e eletrodomésticos, que sofrem com as condições financeiras mais apertadas. A maior surpresa foi do setor de supermercados, que tem relação direta com a renda das famílias e preços dos alimentos, que vêm apresentando uma dinâmica mais favorável", diz Savignon.

Apesar do resultado de junho, Savignon afirma que os dados de serviços em junho devem apresentar recuperação mesmo com fatores que limitam seu crescimento, como o crédito caro e o alto endividamento das famílias.

"A redução da inflação, o mercado de trabalho robusto e as ações do governo, como os programas de transferência de renda, as medidas para aliviar o crédito e, mais recentemente, os estímulos aos carros populares podem suavizar os impactos negativos", diz o economista.

A divulgação dos números impactou o Ibovespa, que chegou a registrar alta pela manhã, mas firmou queda após os dados de serviço. O índice Icon, que reúne o setor de consumo e varejo da Bolsa brasileira, teve queda de 2,02% no dia.

O Ibovespa sofreu pressão, ainda, de fortes quedas em ações da Petrobras (2,02%) e da PetroRio (3,00%), que ficaram entre as mais negociadas da sessão, em dia de queda do petróleo no exterior. Baixas de Itaú (1,15%) e Banco do Brasil (0,85%) também impactaram o desempenho da Bolsa.

O pior desempenho do pregão, porém, ficou com a BRF, que caiu 7,89% após ter precificado em R$ 9 por papel sua nova oferta de ações para concretizar o investimento da Salic e da Marfrig na companhia.

Já a Méliuz disparou 13,24% e liderou os ganhos do dia, após suas ações terem fechado na mínima histórica no pregão de quinta (13). A empresa foi apoiada por um reforço de recomendação de compra dos papéis feito pelo BTG Pactual.

Nos mercados futuros, os juros registraram alta, especialmente os de curvas mais longas. Os contratos com vencimento para 2024 subiram de 12,83% para 12,86%, enquanto os para 2025 foram de 10,84% para 10,92%.

No câmbio, o dólar registrou leve recuperação no Brasil e no exterior, mas registrou sua pior semana em oito meses ante outras divisas fortes. O índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana ante essas moedas, acumula queda de 2,2% na semana, em sua pior performance desde novembro de 2022.

A moeda americana foi pressionada pela consolidação das expectativas de que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) deve antecipar o fim da escalada de juros no país, após dados de inflação divulgados na terça (11) terem vindo melhores que o esperado.

Agora, o mercado ainda espera um novo aumento de 0,25 ponto percentual nos juros americanos na próxima reunião do Fed, marcada para agosto, mas a maior parte dos analistas prevê que as taxas mantenham-se inalteradas até o fim do ano.

No Brasil, ajudava a sustentar o real no acumulado da semana a perspectiva de "novas entradas de investidores estrangeiros que devem direcionar seus canhões para nossa bolsa de valores", disse Jefferson Rugik, da Correparti Corretora.

As perspectivas para o Ibovespa melhoraram nas últimas semanas depois que o Banco Central indicou na ata de sua última reunião que pode começar a cortar juros em agosto caso se mantenha cenário de diminuição da inflação.

Assim, mesmo que os juros caiam no Brasil, o que tende a jogar contra a valorização da moeda brasileira, as perdas podem ser compensadas por entrada de fluxo estrangeiro na Bolsa. Além disso, as projeções de inflação para o país seguem caindo, o que, se concretizado, manteria os juros reais (que descontam o IPCA) do país em níveis atrativos, mantendo a força do real ante o dólar.

Com Reuters

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