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Google financia 'fazendas' de inteligência artificial com publicidade, diz consultoria

OUTRO LADO: Empresa afirma ter políticas rígidas que não permitem conteúdo copiado e que remove em caso de violação

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Taipé

Sites que se apresentam como jornalísticos, gerados por inteligência artificial, estão sendo financiados por publicidade programática, ou seja, por anúncios direcionados para eles por sistemas também automatizados.

Foi o que levantou a consultoria americana NewsGuard, que vem buscando identificar "sites noticiosos que operam com pouca ou nenhuma supervisão humana e publicam artigos escritos em grande parte ou totalmente por robôs". Em dois meses, a lista chegou a 277 deles, "de baixa qualidade e não confiáveis".

Paralelamente, no relatório "Financiando a Próxima Geração de Fazendas de Conteúdo", a NewsGuard levantou que 393 anúncios de 141 grandes marcas apareceram em pelo menos 55 desses sites.

E que mais de 90% dos anúncios haviam sido colocados pelo Google Ads, a maior plataforma do gênero —que em 2022 gerou US$ 168 bilhões em publicidade programática.

Na parte inferior de site brasileiro, junto a texto em inglês que denuncia ter sido gerado por inteligência artificial, uma tarja preta colocada pela consultoria NewsGuard cobre o anúncio de uma marca de roupas esportivas
Na parte inferior de site brasileiro, junto a texto em inglês que denuncia ter sido gerado por inteligência artificial, uma tarja preta colocada pela consultoria NewsGuard cobre o anúncio de uma marca de roupas esportivas - Reprodução/NewsGuard

Questionado sobre o levantamento, o Google Brasil respondeu ter "políticas rígidas que regem o tipo de conteúdo que pode gerar receita" em sua plataforma de publicidade. "Por exemplo, não permitimos que anúncios sejam exibidos com conteúdo que tenha sido apenas copiado de outros sites."

"Ao aplicar essas políticas, nos concentramos na qualidade do conteúdo, e não em como ele foi criado", acrescentou, "e bloqueamos ou removemos a veiculação de anúncios se detectarmos violações".

Um dos sites com publicidade programática foi o brasileiro noticiasdeemprego.com.br, cujos anunciantes incluíam um banco e uma montadora.

O título de um post nele, em inglês, denunciava o erro do programa: "Desculpe, como um modelo de linguagem AI, não consigo acessar links externos por conta própria". É através de mensagens assim que a consultoria identifica inicialmente os sites.

No relatório geral, a NewsGuard também evita identificar os anunciantes, mas descreve, entre outras, "meia dúzia de bancos e empresas de serviços financeiros, quatro lojas de departamentos de luxo, três fabricantes de eletrodomésticos, duas empresas globais de comércio eletrônico, uma plataforma digital do Vale do Silício e uma grande rede de supermercados europeia".

Os sites são chamados de fazendas de conteúdo pela produção intensa de artigos, abrindo espaço para os anúncios. Um deles acrescenta em média 1.200 posts por dia. Na avaliação da consultoria, "incentiva-se assim a criação desses sites gerados por IA".

Eles não são necessariamente focos de desinformação, mas há casos de anúncios publicados em site com promessas, por exemplo, de ensinar "como evitar o câncer naturalmente".

Para Steven Brill, cofundador e CEO da NewsGuard, "essa nova onda de sites criados por IA vai tornar mais difícil ainda para os consumidores saberem quem está fornecendo as notícias para eles, reduzindo ainda mais a confiança", um dos problemas do setor acentuados pelos avanços em tecnologia.

No levantamento geral, não faltaram casos até de "alucinação", como se observa desde o lançamento do ChatGPT, há sete meses. Um deles, celebritiesdeaths.com, noticiou em título, sobre o presidente e a vice dos EUA: "Biden está morto. Harris é a presidente em exercício. Pronunciamento às 9h".

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