Descrição de chapéu Financial Times

Nasdaq registra melhor início de ano em quatro décadas

Índice dominado por tecnologia sobe 32% no primeiro semestre de 2023 com aposta de investidores em IA

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Nicholas Megaw Daria Mosolova
Nova York e Londres | Financial Times

O Nasdaq Composite registrou seu melhor primeiro semestre desde 1983, depois que os investidores migraram para empresas do principal índice de tecnologia que esperam se beneficiar do crescimento da inteligência artificial.

O índice ganhou 32% nos primeiros seis meses de 2023, no fechamento dos mercados na sexta-feira (30), último dia de junho. Em relação a qualquer semestre, primeiro ou segundo, o Nasdaq registrou seu melhor desempenho desde o pico da bolha das pontocom no segundo semestre de 1999.

Pedestres em frente à sede da Nasdaq, em Nova York - Brendan McDermid - 21.mai.2012/Reuters

Os mercados de ações dos EUA superaram uma série de desafios desde janeiro, incluindo a turbulência entre bancos regionais, as discussões sobre o teto da dívida do governo e taxas de juros mais altas implementadas pelo Federal Reserve e outros formuladores de políticas monetárias.

Os maiores contribuintes para o rali do mercado foram as grandes empresas de tecnologia: Apple, Amazon, Microsoft, Nvidia, Alphabet, Meta e Tesla. A Apple atingiu na sexta-feira um novo recorde, com avaliação em mais de US$ 3 trilhões, enquanto a fabricante de chips Nvidia quase triplicou de preço desde o início do ano.

O Nasdaq subiu duas vezes mais do que o aumento de 16% do índice S&P 500, mais amplo, desde o início do ano, destacando os efeitos de grandes grupos tecnológicos. Se todas as ações do S&P 500 fossem ponderadas igualmente, o índice teria uma valorização muito mais modesta neste ano, de 5%.

"Tivemos alguma moderação da inflação, o que claramente apoia as ações, e mensagens mais claras dos bancos centrais. Essa maior certeza ajudou enormemente (...) mas nos Estados Unidos, em particular, foram realmente essas 'Sete Magníficas’ que geraram a maior parte dos ganhos", disse Sinead Colton Grant, chefe de soluções para investidores da BNY Mellon Asset Management, referindo-se aos maiores grupos de tecnologia.

A falta de amplitude no rali deixou alguns analistas e investidores céticos de que os ganhos continuem, principalmente devido a temores de que os esforços contínuos do Fed para reduzir a inflação levem a economia à recessão.

"Se você acredita que o Fed terá sucesso em desacelerar a economia, é difícil justificar onde está o mercado de ações", disse Greg Davis, diretor-gerente e de investimentos da Vanguard. "Neste momento, algo está um pouco fora de sintonia."

Em sua análise do primeiro semestre no início desta semana, a gestora de ativos BlackRock disse que o desempenho recente das ações nos Estados Unidos foi "incomum", mas isso não significa que uma reversão seja inevitável.

Tony DeSpirito, diretor de investimentos da BlackRock para ações fundamentais, disse que o entusiasmo recente com a IA é mais verdadeiro que o "hype" em torno de outras novas tecnologias.

"A demanda é realmente real. Você pode comparar o que está acontecendo na IA versus [o entusiasmo pelo] metaverso ou a realidade virtual um ou dois anos atrás. Os pedidos estão realmente lá. O aumento dos lucros está chegando", disse ele.

Os mercados foram ajudados na sexta por uma queda no principal índice de preços de gastos de consumo pessoal, o indicador de inflação preferido pelo banco central dos EUA. O S&P e o Nasdaq subiram 1,2% e 1,4% no dia, respectivamente.

Os índices blue-chips europeus também tiveram ganhos no primeiro semestre, com os investidores apostando que a inflação iria desacelerar e a histórica campanha de aperto do Banco Central Europeu atingiria o pico. O pan-europeu Stoxx 600 fechou o semestre quase 9% mais alto, incluindo um ganho de 1,2% na sexta-feira.

O Cac 40 da França e o Dax da Alemanha ganharam 14% e 16% durante o primeiro semestre, respectivamente, embora o FTSE 100 do Reino Unido tenha ficado para trás com um ganho de 1%. O FTSE foi prejudicado pela inflação teimosamente alta do Reino Unido e pela exposição desproporcional do índice à queda dos preços do petróleo.

Os dados animadores da inflação divulgados na sexta-feira ajudaram as ações da zona do euro a fechar o trimestre em alta. A principal taxa de aumentos de preços em todo o bloco monetário caiu mais do que se esperava, para 5,5% em junho, alimentando o otimismo de que o BCE poderia interromper seu programa de aumentos de taxas de juros mais cedo do que o previsto.

No entanto, o núcleo da inflação –que exclui os preços voláteis de energia e alimentos– aumentou, o que Colton Grant, do BNY Mellon, disse ser uma preocupação.

"Somos construtivos em relação às ações dos EUA, gostamos da moderação da inflação (...) e estamos cada vez mais confiantes em que a probabilidade de recessão está diminuindo (...) [mas] estamos muito mais cautelosos sobre a Europa, particularmente [a zona do euro]. Essa visão é impulsionada pela inflação persistente e pelo fato de que o BCE precisará aumentar mais."

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves.

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