O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou nesta sexta-feira (4) que a mudança na política de preços dos combustíveis não explica a queda de 47% no lucro da Petrobras no segundo trimestre, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
O resultado, divulgado na quinta (3), traz um lucro de R$ 58,8 bilhões, com forte recuo no desempenho da área de refino da estatal, cujo lucro caiu 87,7% em relação ao segundo trimestre de 2020. A nova política de preços, que abandonou o conceito de paridade de importação, foi instituída em meados de maio.
"Vi várias pessoas tentando atribuir esse resultado à política de preços. É absolutamente desconexa essa linha de raciocínio", afirmou Prates em entrevista para detalhar o desempenho da empresa. "Tivemos queda brutal do [petróleo] Brent".
A direção da empresa diz que a queda do lucro da área de refino reflete o recuo das margens globais de produção de combustíveis, principalmente o óleo diesel. "Isso afetou o setor como um todo", alegou o diretor de Comercialização e Logística da empresa, Claudio Schlosser.
Desde a implantação da nova estratégia comercial, a Petrobras vem praticando preços abaixo das cotações internacionais, situação agravada nas últimas semanas pela escalada do preço do petróleo. O cenário provocou uma série de questionamentos de analistas em teleconferência nesta sexta.
A direção da empresa voltou a defender que não vale repassar ao consumidor interno volatilidades do mercado internacional e que a nova política, com preços "abrasileirados" como prometeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em campanha, lhe garante maior flexibilidade e competitividade.
"Se olhar para a estratégia anterior, a Petrobras fazia reajustes quase imediatos da volatilidade [do mercado internacional], entregando instabilidade para os clientes. Superamos esse momento", afirmou Schlosser.
Analistas afirmaram que a empresa vem vendendo os produtos com margens bastante reduzidas e cobraram um posicionamento sobre o fôlego financeiro para manter a estratégia por mais tempo.
"As circunstâncias do preço da gasolina, diesel e tal mudam a cada oito horas, até menos. Não posso cravar, tentar rodar o modelo e dizer que, se o petróleo chegasse a US$ 95 [por barril], eu teria que alterar o preço de determinado produto", respondeu Prates mais tarde, durante a entrevista.
Na abertura do pregão desta sexta, o preço do diesel nas refinarias da estatal estava R$ 1,09 abaixo da paridade de importação calculada pela Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis). Na gasolina, a diferença era de R$ 0,63.
São os maiores valores desde o fim de outubro de 2022, quando a Petrobras também segurou os preços para evitar impactos negativos na campanha pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). Logo após a votação de segundo turno, os preços foram reajustados.
Schlosser alegou que o cálculo do preço de referência internacional varia entre as empresas e que a Petrobras tem vantagens competitivas na formação dos preços como sua estrutura logística para levar os produtos a seus clientes.
No segundo trimestre, a Petrobras vendeu sua cesta de combustíveis a um preço médio de R$ 475,28 por barril, o menor desde o terceiro trimestre de 2021, em valores corrigidos pela inflação.
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