Descrição de chapéu greve

Biden vai visitar metalúrgicos em greve contra GM e Stellantis

Sindicato promete intensificar paralisações nas duas montadoras e vê avanço na negociação com a Ford

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Detroit (EUA) | Reuters

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, vai ao estado de Michigan na próxima terça-feira (26) para apoiar os metalúrgicos em greve do sindicato United Auto Workers (UAW), em uma das demonstrações mais significativas de apoio presidencial a grevistas em décadas.

"Irei para Michigan para me juntar à linha de piquete e mostrar solidariedade aos homens e às mulheres da UAW enquanto eles lutam por uma parcela justa do valor que ajudaram a criar", escreveu Biden no X, ex-Twitter.

A viagem está marcada para um dia antes de um discurso em Detroit do possível rival de Biden na campanha de 2024, Donald Trump. Quarta-feira (27) é a data do segundo debate primário republicano.

O anúncio do mandatário veio horas depois que Shawn Fain, presidente do sindicato, aumentou a pressão sobre a Casa Branca com um convite público ao presidente. Biden tem se manifestado em apoio às demandas do sindicato por melhores salários e benefícios.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden - Saul Loeb - 22.set.2023/AFP

O UAW disse nesta sexta-feira (22) que ampliará suas greves contra as montadoras General Motors e Stellantis, controladora da Chrysler, mas fez progressos reais nas negociações com a Ford.

O sindicato expandirá a paralisação em centros de distribuição de peças da GM e da Stellantis em todos os Estados Unidos, ampliando suas greves simultâneas e sem precedentes que começaram em uma fábrica de montagem de cada uma das três montadoras de Detroit.

O presidente do UAW, Shawn Fain, disse que, ao visar os centros de distribuição, o movimento transforma a greve em um evento nacional.

"Estaremos em todos os lugares, da Califórnia a Massachusetts, do Oregon à Flórida", disse Fain. "A Stellantis e a GM, em particular, precisarão de muita pressão."

Fain disse que o sindicato ainda tem trabalho a fazer na Ford, mas que reconhecia "que a Ford está mostrando que está levando a sério a possibilidade de chegar a um acordo".

Trabalhadores da Stellantis em greve no estado de Michigan, nos Estados Unidos
Trabalhadores da Stellantis em greve no estado de Michigan, nos Estados Unidos - Kamil Krzaczynski - 22.set.2023/AFP

As ações da Ford subiram 1,97%, enquanto as da GM caíram 0,12%. A GM não fez comentários de imediato. A Stellantis disse que a empresa segue fazendo reuniões com o sindicato. A Ford afirmou que continua negociando e que ainda há "mais trabalho pela frente" antes de chegar a um acordo.

A greve mais ampla não incluirá, no momento, as fábricas que produzem picapes altamente lucrativas, como a Chevy Silverado, da GM, e a RAM, da Stellantis.

Cerca de 12.700 trabalhadores abandonaram as fábricas no Missouri, Michigan e Ohio em 15 de setembro. As unidades produzem o Ford Bronco, o Jeep Wrangler e o Chevrolet Colorado, além de outros modelos populares.

O presidente do sindicato disse que as montadoras de Detroit não compartilharam seus enormes lucros com os trabalhadores, ao mesmo tempo em que enriqueceram executivos e investidores.

O presidente da GM, Mark Reuss, rejeitou essas alegações nesta semana, dizendo que a oferta atual ao sindicato será generosa e que os lucros da empresa foram reinvestidos na transição para veículos elétricos.

As montadoras propuseram aumentos de 20% em um período de quatro anos e meio, enquanto o UAW está buscando 40% de reajuste.

O sindicato também quer acabar com uma estrutura salarial escalonada que, segundo ele, criou uma grande lacuna entre os funcionários mais novos e os mais velhos.

A GM, a Ford e a Stellantis disseram que estão fazendo planos de contingência para novas paralisações de trabalho nos Estados Unidos.

Presidente visitar grevistas é decisão histórica, diz pesquisador

Visitas do tipo não acontecem nos Estados Unidos há mais de um século, disse um historiador presidencial.

"É muito raro que um presidente visite grevistas", disse Jeremi Suri, historiador e pesquisador presidencial na Universidade do Texas, em Austin.

Ele disse que mesmo o presidente democrata pró-trabalhista Jimmy Carter nunca visitou um piquete. "Seria uma mudança muito, muito grande para Biden identificar a Presidência com trabalhadores em greve, em vez de ficar no lado da indústria ou permanecer acima da briga."

Donald Trump planeja viajar a Detroit em uma tentativa de recuperar alguns membros da classe operária que foram para o lado de Biden, mas não disse se visitará os grevistas. O ex-presidente chegou a dizer a trabalhadores comuns dos sindicatos que ignorassem seus líderes.

O presidente do UAW, Shawn Fain, criticou Trump nesta semana, afirmando que o sindicato estava "lutando contra a classe dos bilionários e uma economia que enriquece pessoas como Donald Trump às custas dos trabalhadores".

O último presidente norte-americano a mostrar apoio dessa maneira a trabalhadores em greve provavelmente foi Theodore Roosevelt, disse Suri. Em 1902, Roosevelt convidou trabalhadores das minas de carvão em greve para visitar a Casa Branca, com autoridades governamentais e representantes patronais, preocupado que o país passasse por uma escassez de carvão.

Antes da reunião que quebrou precedentes, Roosevelt, como Biden, se viu com pouco poder de barganha para negociar.

No piquete, os trabalhadores estavam divididos se Biden deveria visitá-los. Alguns disseram que políticos deveriam ficar fora da briga, e outros afirmaram que gostariam do apoio, se a greve continuasse.

Com Bloomberg e The New York Times

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