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Corretoras independentes apostam em cartões e investimentos no exterior e miram IPO

Genial prepara lançamento de cartões de crédito e avalia abertura de capital na Bolsa, enquanto Nova Futura lança área de private e investimento no exterior

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São Paulo

Nos últimos anos, o mercado de corretoras de investimentos passou por uma intensa fase de consolidação, com os grandes bancos e plataformas liderando as aquisições de operações de menor porte.

O Itaú comprou a Ideal e a Avenue e chegou a fechar um acordo para comprar também a XP, desfeito após um posicionamento contrário do BC (Banco Central).

A própria XP já havia feito um movimento parecido anos atrás, quando levou as operações da Rico e da Clear, enquanto o Santander comprou a Toro. O BTG Pactual, por sua vez, adquiriu nos últimos anos as corretoras Necton, Fator e Elite.

Há ainda casos de grandes grupos estrangeiros que aportaram recursos em negócios locais, caso da chinesa Fosun, que adquiriu a Guide, e do GIC, o fundo soberano de Singapura, que investiu na Warren.

Co-CEO da corretora independente Nova Futura, João Ferreira Neto, na sede da empresa na região da avenida Paulista, em São Paulo
Co-CEO da corretora independente Nova Futura, João Ferreira Neto, na sede da empresa na região da avenida Paulista, em São Paulo - Danilo Verpa - 17.jul.2023/Folhapress

Em um ambiente de mercado cada vez mais concentrado, as corretoras que permanecem em voo solo sem vínculos com grandes instituições financeiras têm buscado caminhos alternativos para se manterem competitivas no mercado.

Com 1,2 milhão de clientes e R$ 170 bilhões em ativos sob custódia, a Genial Investimentos é hoje uma das maiores corretoras do mercado local que não foram compradas por um grande banco ou receberam aportes de fundos estrangeiros.

CEO da Genial, Rodolfo Riechert afirma que a empresa tem buscado ampliar o portfólio de produtos e serviços para que os clientes encontrem na plataforma uma oferta completa que supra todas as suas demandas.

Além das operações mais tradicionais de corretagem, a Genial também atua nas frentes de gestão de recursos, banco de investimento, comercialização de energia e infraestrutura tecnológica para fintechs, e, mais recentemente, passou a atuar também com meios de pagamento.

Hoje os clientes da corretora já podem fazer transferências via Pix e TED e realizar pagamentos com boletos, e a Genial prepara o lançamento, até meados de setembro, de uma área de cartões. Serão plásticos com funções de crédito e débito para uso no mercado brasileiro e uma opção de débito para compras no exterior.

Segundo Riechert, quanto maior o volume de recursos que o cliente tiver investido na corretora, maior será o limite aprovado para compras no cartão. "A ideia com o lançamento é fazer com que aqueles que já são clientes aumentem os recursos que têm investidos conosco", diz o executivo, acrescentando que os próximos passos incluem o início da oferta de criptomoedas e de investimento no exterior.

Com garotos-propaganda como o ex-tenista Gustavo Kuerten, o Guga, e o ex-jogador de futebol Diego Ribas, o CEO afirma que a Genial se prepara para uma eventual abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) na Bolsa em 2024.

Riechert diz que a abertura de capital vai depender de condições favoráveis de mercado para se concretizar e tem como objetivo permitir uma ampliação das operações e da base de clientes.

"Alcançamos um tamanho que, com as próprias pernas, talvez não conseguimos avançar mais, e ainda tem muita oportunidade no mercado," afirma o executivo.

Nova Futura aposta em área de private e de investimentos no exterior

Já uma das mais tradicionais corretoras do mercado, com o início das operações em 1983, a Nova Futura é uma das poucas que permanecem sob controle familiar. Fundada há 40 anos por Joaquim da Silva Ferreira, hoje a Nova Futura tem como co-CEOs João Ferreira Neto e André Ferreira, filhos do fundador.

"Acreditamos que tem espaço para crescer no mercado na insatisfação do cliente que não está com você", diz Ferreira Neto.

No início de julho, a Nova Futura anunciou a criação da área de private banking, que vai atuar no assessoramento a clientes de alto patrimônio, com recursos entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões, em média.

O co-CEO afirma que a ideia por trás da estruturação do private é atender aquele público que não tem um patrimônio tão elevado como os que são atendidos pelas áreas destinadas às grandes fortunas dos bancos.

"Tem um nicho de mercado que não é o ‘varejão’, mas também não é o ‘ultra high’", afirma o co-CEO. "Por que não focar o cliente de R$ 1 milhão? É um cliente que está perdido."

Em uma iniciativa paralela que também mira o investidor de maior patrimônio, a Nova Futura acaba de fechar uma parceria com o banco suíço Vontobel, por meio da qual os clientes vão poder abrir uma conta internacional de modo digital e fazer investimentos no exterior com valores a partir de US$ 5.000.

Ao longo das próximas semanas estão programadas ações de publicidade em aeroportos com grande circulação de passageiros para divulgar o início do serviço.

Da base de aproximadamente 150 mil clientes, que somam cerca de R$ 7 bilhões em ativos sob custódia, Ferreira Neto estima que 10% devem fazer algum investimento no exterior até meados de 2024. "É saudável ter um mínimo de alocação de investimento no mercado internacional para diversificar o patrimônio."

Ferreira Neto acrescenta que, para conseguir se manter no mercado, é preciso ter uma oferta completa de produtos e serviços, mas com alguns diferenciais em relação à concorrência para conseguir atrair a atenção dos clientes.

"A corretora tem que ter um pouco de tudo, porém, nichada em alguns pontos", afirma. Ele diz que a operação de compra e venda de contratos de commodities, que remete às origens da corretora nos anos 1980, segue até hoje como uma das principais frentes da Nova Futura, representando cerca de 20% da receita da casa, que totalizou aproximadamente R$ 130 milhões em 2022. Para este ano, a expectativa é aumentar a receita em cerca de 10%.

O executivo diz que já recebeu algumas sondagens de compra por parte de concorrentes e que segue aberto para conversas, mas que é preciso um alinhamento de longo prazo para fechar negócio. "A gente escuta as propostas que chegam. É bom ser assediado", afirma Ferreira Neto.

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