Bolsa sobe e dólar cai a R$ 4,91 após dados de inflação nos EUA

Índice americano veio em linha com o esperado e não alterou projeções do mercado sobre futuro da política de juros

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São Paulo

A Bolsa brasileira operou em alta nesta quarta-feira (13) e chegou a ultrapassar os 119 mil pontos na máxima do dia, mas desacelerou os ganhos e fechou com avanço tímido de 0,17%, aos 118.175 pontos. O negócios foram apoiados pela divulgação de dados de inflação nos Estados Unidos, mas o Ibovespa foi pressionado por quedas de Petrobras e Vale, em dia fraco para commodities no exterior.

Já o dólar registrou baixa desde o início da sessão e aprofundou a queda com a inflação americana, terminando o dia com recuo de 0,75%, cotado a R$ 4,916. Apesar de ter registrado aceleração, a alta de preços veio em linha com o esperado e não alterou as projeções sobre as próximas decisões de juros do Fed (Federal Reserve, o banco central americano).

"O dado veio levemente negativo para os mercados, mas ainda não é suficiente para o Fed mudar a perspectiva de seguir sem outra alta de juros", diz Marcelo Oliveira, cofundador da Quantzed.

O CPI (índice de preços ao consumidor americano) teve alta de 0,6% em agosto, sendo a maior alta desde junho de 2022. No acumulado em 12 meses, o aumento foi de 3,7%, ante 3,2% em julho. Os dados ficaram em linha com as expectativas do mercado: economistas consultados pela Reuters projetavam altas de 0,6% e 3,6%, respectivamente.

"Apesar da piora em alguns indicadores, o resultado foi amplamente influenciado pela volatilidade nos preços dos combustíveis e, em um primeiro momento, não deveria ser motivo para o Fed reagir com restrições adicionais na política monetária", disse o economista-sênior do Inter André Cordeiro.

Nota de dólar amassada está sobre notas de euro
Dólar abre o dia em queda de 0,11% - Dado Ruvic/Reuters

Essa também é a avaliação de Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad.

"Mesmo com o crescimento do índice cheio, o núcleo [que exclui preços mais voláteis, de alimentos e energia] continua desacelerando, e isso certamente terá peso na decisão [do Fed]", diz Igliori. O núcleo da inflação americana teve alta de 4,35% em agosto, ante 4,65% no mês anterior.

Igliori destaca, no entanto, que o índice ainda está bem acima da meta de 2% do banco central americano, e o resultado do CPI de agosto não deve ser suficiente para determinar se novos aumentos serão necessários até o final do ano.

Segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group, o mercado é praticamente unânime sobre a manutenção das taxas de juros americanas em 5,50% na próxima reunião do Fed. As apostas para o próximo encontro, porém, tiveram leve alteração: depois do CPI de agosto, analistas passaram a projetar 58% de chance de os juros americanos permanecerem inalterados, ante 55,78% na terça (12).

Para a reunião de 13 de dezembro, a última do ano, a maioria dos analistas ainda acredita que a taxa de juros americanas deve permanecer em 5,50%.

Num geral, sinais de que banco central americano abrandará sua postura no combate à inflação costumam impulsionar divisas emergentes de maior rentabilidade, como o real, uma vez que os retornos dos rendimentos dos título americanos ficam menos atraentes.

Por outro lado, surpresas mais inclinadas a uma política monetária restritiva na retórica do Fed quase sempre impulsionam o dólar globalmente.

Para o chefe de renda variável da Veedha Investimentos, Rodrigo Moliterno, o resultado do CPI foi positivo e trouxe ânimo para investidores no Brasil, apoiando os negócios.

"O mercado estava aguardando a confirmação do CPI para começar a melhorar, e hoje os juros futuros estão caindo bastante. Isso demonstra uma expectativa mais favorável para frente", afirma Moliterno.

Nesta quarta, os contratos de juros com vencimento em janeiro de 2025 caíram de 10,42% para 10,38%, enquanto os para 2027 foram de 10,29% para 10,25%. No Brasil, após a divulgação do IPCA de agosto, na terça, a expectativa é que o Banco Central continue no ritmo de cortes de 0,50 ponto percentual na Selic (taxa básica de juros) em suas próximas reuniões.

O movimento apoiou os mercados locais e garantiu mais um dia positivo para o Ibovespa, que teve como principais altas a Rumo (2,46%), a Eletrobras (1,86%) e o Itaú (0,32%), as únicas ações entre as mais negociadas a registrar desempenho positivo.

O Carrefour registrou os maiores ganhos do dia, com avanço de 4154%. Já a Weg, que também ficou entre as maiores alta, subiu 3,78% após acordo com a Petrobras envolvendo desenvolvimento de um aerogerador.

Por outro lado, baixas de Petrobras (1,28%) e Vale (0,42%), as maiores empresas da Bolsa brasileira, limitaram os ganhos do Ibovespa, em dia fraco para as commodities no exterior.

O Ibovespa também foi impactado por um movimento técnico relacionado ao vencimento de opções sobre ações na Bolsa, que ocorre nesta semana.

As opções são contratos que dão ao titular o direito de vender ou comprar um ativo numa data específica no futuro por um valor pré-determinado. O vencimento de opções, ou seja, a data limite para exercer esse direito, sempre ocorre na terceira sexta-feira do mês, o que impacta o preço dos ativos nos pregões próximos.

Nos EUA, os principais índices acionários operaram em direções mistas. Enquanto o S&P 500 e o Nasdaq subiram 0,12% e 0,29%, respectivamente, o índice industrial Dow Jones registrou baixa de 0,20%.

Os investidores agora se concentrarão nos dados de preços ao produtor e vendas no varejo de agosto, na quinta-feira, antes da decisão do Fed em 20 de setembro.

(Com Reuters)

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