Presidente do BC usa foto com baixa resolução para apontar problema em segurança de bancos

Campos Neto diz que Pix reduz fraudes, critica ideia de moeda única e fala sobre erros de projeções do PIB

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São Paulo

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que as instituições financeiras precisam melhorar seus sistemas de controle para evitar a abertura de contas com dados falsos ou em nome de terceiros.

Durante evento do banco JP Morgan, Campos Neto relatou ter feito um teste para verificar o nível de segurança de uma instituição financeira nesse quesito, sem citar o nome do banco.

Segundo ele, tecnologias como o Pix podem contribuir para reduzir o número de fraudes em transações financeiras, desde que seja possível coibir a abertura do que chamou de contas fantasma ou laranja.

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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto - Pedro Ladeira-29.jun.2023/Folhapress

"Alguns bancos precisam melhorar a forma como as pessoas abrem conta. É muito fácil abrir conta em banco. Eu fiz uma experiência de diminuir a 'pixelagem' da foto e quase não dava para ver que era eu, para ver se conseguia abrir conta no banco. Dá para abrir", afirmou Campos Neto durante palestra sobre a agenda de inovação do BC.

Ele disse que, em tese, o Pix diminui fraudes, no sentido de que muitas transações em dinheiro vivo passam a ser feitas por uma plataforma, o que torna a operação rastreável.

"O que você precisa fazer é atacar essa parte de conta de aluguel e conta fantasma. A gente tinha formas de pagamento que tinham o mesmo problema, mas que não eram rastreáveis de forma tão rápida. Obviamente tem muita conta fantasma e conta laranja."

O presidente do BC lembrou que, para frear fraudes envolvendo o Pix, a autoridade monetária tem procurado responsabilizar os bancos pela abertura de contas de forma irregular.

Campos Neto disse ainda que o BC deve avançar no sentido de criar uma assistente virtual, uma inteligência artificial, que possa ajudar pessoas com dificuldades em lidar com os novos meios de pagamento.

Erros de previsão para o PIB

Durante o evento, o presidente do BC também falou sobre os erros de projeções dos economistas em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil.

Segundo ele, há cerca de oito anos, analistas apontavam um crescimento potencial de 2,8% ao ano e diziam que, para aumentar esse ritmo, era necessário fazer reformas nas legislações sobre previdência, trabalho, tributação e marcos regulatórios, por exemplo.

Para Campos Neto, cerca de 80% dessa agenda foi atendida desde então. No entanto, os economistas apontam hoje que o PIB potencial estaria em torno de 1,8%, algo que para ele é uma contradição.

"Pode ser que, em parte, a surpresa de crescimento que a gente está vendo, e já são 15 meses disso, seja por um ganho de eficiência cumulativo de várias coisas feitas no passado. Acho que isso está acontecendo. A gente tende a fazer previsões econômicas muito baseadas no passado recente", afirmou.

Ele também falou sobre a possibilidade de ganhos de produtividade no futuro com o avanço da inteligência artificial e citou estudos que mostram que as empresas que usaram a IA como ferramenta de auxílio, e não de substituição de funcionários, foram as que mais ganharam dinheiro com essa tecnologia.

Moeda única

Durante a palestra, Campos Neto voltou a criticar propostas de criação de moedas únicas para facilitar a integração do comércio entre países.

Segundo ele, as novas tecnologias digitais conseguem trazer os benefícios de uma moeda única, como eficiência no comércio exterior, facilitação de pagamentos e integração de cadeias produtivas em diversos países, sem necessidade de abrir mão da soberania na definição da política monetária.

A criação de uma moeda comum entre Brasil e Argentina tem sido defendida publicamente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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