Descrição de chapéu PIB

Consumo das famílias sobe 0,9% e ajuda a impulsionar PIB

Despesa de consumo do governo cresceu 0,7% no segundo trimestre, dentro do maior patamar da série histórica do IBGE

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São Paulo

O consumo das famílias foi o grande destaque para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre pela ótica da demanda. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados nesta sexta-feira (1), o item subiu 0,9% de abril a junho frente ao período imediatamente anterior. No primeiro trimestre, o indicador avançou 0,2%.

O dado contribuiu para que o PIB brasileiro neste trimestre tenha vindo acima das expectativas do mercado.

"O consumo das famílias se mostrou resiliente, com desempenho um pouco acima do esperado", diz Rodolfo Margato, economista da XP. "É um quadro geral positivo", completa.

Movimento de consumidores em loja do shopping Center Norte, em São Paulo.
Movimento de consumidores em loja do shopping Center Norte, em São Paulo. - Eduardo Knapp/Folhapress

No período de abril a junho, a economia brasileira avançou 0,9%, uma desaceleração frente à alta revisada de 1,8% no primeiro trimestre, devido ao recuo no agronegócio. A queda da atividade era esperada pelos analistas, diante do forte desempenho observado de janeiro a março.

Ainda assim, o PIB ficou acima da mediana das projeções levantadas pela Bloomberg, que era de 0,4%.

O consumo das famílias é o principal componente do PIB sob a ótica da demanda –ou seja, dos gastos com bens e serviços. Responde por cerca de 60% do indicador.

Na comparação com o segundo trimestre do ano passado, o consumo das famílias subiu 3%. Segundo a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, o resultado foi impulsionado pelos programas de incentivos fiscais do governo, como o do carro popular e de combustíveis, e benefícios sociais, como o aumento do valor do Bolsa Família, que influenciou sobretudo o crescimento no consumo de alimentos.

Ela citou ainda o arrefecimento da inflação e a retomada do mercado de trabalho, que compensaram a influência negativa do patamar ainda elevado do endividamento das famílias e da taxa básica de juros (Selic).

"As medidas do governo ajudam a justificar a aceleração do consumo no segundo trimestre, então, tem alguns eventos atípicos. Por outro lado, chama atenção que o consumo no primeiro trimestre tenha sido revisado para cima. Então, apesar do componente atípico, a gente vislumbra sim uma maior resiliência do consumo no país", comenta Andrea Damico, economista-chefe da Armor Capital.

Os destaques positivos na demanda foram os produtos derivados de petróleo, como a gasolina, as mercadorias da indústria farmacêutica e a alimentícia.

Palis ressaltou o alto volume pago de impostos pelo consumo das famílias. Segundo a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, 50% do que é pago de ICMS no Brasil tem relação com quatro grupamentos de produtos —alimentos, energia elétrica, medicamentos e combustíveis— e todos eles tiveram forte crescimento no segundo trimestre deste ano.

Ainda pelo lado da demanda, a despesa de consumo do governo cresceu 0,7% neste trimestre frente ao anterior, no maior patamar da série histórica. No primeiro trimestre, o indicador cresceu 0,3%. O setor de saúde pública foi o que mais colaborou para esse crescimento do consumo do governo

Com relação ao setor externo, apesar de, na comparação trimestral, o aumento da exportação de bens e serviços (2,9%) ter ficado abaixo da importação (4,5%), na comparação com o mesmo período do ano anterior a exportação foi destaque pelo lado da demanda, com alta de 12,1%. Enquanto isso, na comparação anual, a expansão das importações foi de apenas 2,1%

Com isso, a capacidade de financiamento do Brasil alcançou R$ 8,4 bilhões ante R$ 3,3 bilhões observados no trimestre anterior.

INVESTIMENTOS

Após dois trimestres consecutivos de queda, os investimentos produtivos na economia brasileira, medidos pelo indicador de FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo), teve uma alta tímida de 0,1% ante o trimestre anterior.

Em relação ao mesmo período de 2022, contudo, o investimento recuou 2,6%. Segundo o IBGE, essa queda é explicada pela retração na produção de bens de capital, que sobrepôs o crescimento das importações.

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