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Nova Rota da Seda chinesa gera US$ 2 trilhões em contratos

China comemora neste mês o 10º aniversário da iniciativa que levantou milhões de dólares em projetos de infraestrutura

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Oliver Hotham
Pequim | AFP

O projeto de infraestrutura da China conhecido como Nova Rota da Seda gerou US$ 2 trilhões (R$ 10,3 trilhões, na cotação atual) em contratos mundiais e uma dívida de US$ 300 bilhões (R$ 1,5 trilhão) contraída pelos participantes em um banco chinês, anunciaram as autoridades do país nesta terça (10).

A China comemora neste mês o 10º aniversário da iniciativa Nova Rota da Seda (Belt and Road Initiative, BRI, em inglês), na qual Pequim investiu milhões de dólares em projetos de infraestrutura na Ásia, Oriente Médio, Europa e África, em uma estratégica geopolítica do presidente Xi Jinping.

Trem de carga China-Europa saindo da base de cooperação logística China-Cazaquistão em Lianyungang, província de Jiangsu, leste da China
Trem de carga China-Europa saindo da base de cooperação logística China-Cazaquistão em Lianyungang, província de Jiangsu, leste da China - Wang Jianmin - 10.out.2023/Xinhua

Mas, com este instrumento, o país tem sido acusado de mergulhar nações com poucos recursos em dívidas colossais, oferecendo-lhes empréstimos exorbitantes e proibitivos.

De acordo com um documento do Conselho de Estado chinês, os países que participaram da iniciativa devem mais de US$ 300 bilhões ao Eximbank, o Banco de Importação e Exportação da China.

Nesta terça, Pequim indicou que o valor dos contratos de construção firmados com seus parceiros atingiu US$ 2 trilhões. Além disso, "o volume de negócios atual dos empreiteiros chineses alcançou US$ 1,3 trilhão (R$ 6,7 trilhões)", acrescentou.

Já o saldo de empréstimos do Eximbank chinês para esses projetos chega a 2,2 trilhões de yuans (US$ 307,4 bilhões ou R$ 1,6 trilhão).

Esse montante inclui "mais de 130 países participantes e envolve mais de US$ 400 bilhões (R$ 2 trilhões) em investimentos e mais de US$ 2 trilhões em comércio", segundo o documento, implicando uma dívida média de cerca de US$ 2,4 bilhões por país.

O texto, no entanto, não detalha quais países possuem maiores valores em aberto, tampouco a taxa de juros que irão pagar.

Alguns especialistas consideram que estes dados estão muito subestimados. "Existem outros documentos de investigação sobre essas dívidas ocultas que [alegam que] podem totalizar até US$ 800 bilhões (R$ 4,1 trilhões)", disse à AFP Niva Yau, do Atlantic Council's Global China Hub.

"Simplesmente não temos informações sobre esses projetos nem como esses dados foram calculados", afirmou.

Ponte Peljesac em Komarna, na Croácia, foi um projeto da Nova Rota da Seda (BRI)
Ponte Peljesac em Komarna, na Croácia, foi um projeto da Nova Rota da Seda (BRI) - Li Xuejun - 29.ago.2023/Xinhua

'Ganhos reais'

O Eximbank financiou importantes projetos energéticos e de transportes nesta iniciativa e está ligado a programas de empréstimos internacionais na África e na Ásia Central.

Já o Fundo da Rota da Seda da China, criado para financiar os projetos deste instrumento, "firmou acordos sobre 75 projetos com um compromisso de investimento de cerca de US$ 22 bilhões (R$ 114 bilhões)", segundo o documento.

Nesta terça, o Conselho de Estado chinês afirmou que o programa Nova Rota da Seda "reportou ganhos reais aos países participantes". No entanto, muitos de seus parceiros têm se mostrado cautelosos quanto aos custos envolvidos.

A Itália, a única representante das principais potências mundiais, disse no mês passado que está considerando abandoná-lo.

Pequim recebe, neste mês, o terceiro Fórum para a Cooperação Internacional da Nova Rota da Seda, ao qual se espera a presença do presidente russo, Vladimir Putin. Seria a primeira visita do líder da Rússia à China desde o início da invasão da Ucrânia.

Entretanto, o governo chinês ainda não confirmou quando o evento ocorrerá.

"Os países e parceiros que participam ativamente na iniciativa da Nova Rota da Seda são bem-vindos em Pequim para discutir planos de cooperação e buscar o desenvolvimento comum", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, no mês passado.

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